O médico cardiologista Dr. Juliano Slhessarenko explicou a gravidade da doença de coração que matou o cantor sertanejo João Carreiro, de 41 anos, na noite da última quarta-feira (3). O artista cuiabano passou por uma cirurgia para colocar uma válvula no coração e sofreu algumas complicações após o procedimento.
Ele foi enterrado nesta sexta-feira (5), sob muita emoção, no Cemitério Bom Jesus, em Cuiabá.
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João Carreiro sofria de prolapso da válvula mitral, uma condição que necessita de intervenção cirúrgica apenas quando causa sintomas limitantes ao dia a dia, como palpitações e falta de ar, explicou Juliano Slhessarenko ao Olhar Direto. O médico disse que, possivelmente, duas complicações durante a cirurgia podem ter causado a morte do cantor: uma grande quantidade de arritmia (mudança no ritmo regular e/ou na frequência das batidas do coração) ou uma síndrome de resposta inflamatória.
“Ele nasceu com prolapso da válvula mitral, que ao longo do tempo tornou-se insuficiente, ou seja, o sangue voltava pela válvula cardíaca. E aí, de tal forma que se torna um problema grave ao longo do tempo. Os sintomas que a pessoa geralmente pode ter é palpitações, arritmias, dor torácica, mal-estar, fraqueza, que foi o que ele sentiu num quadro mais grave de insuficiência mitral pelo prolapso da válvula mitral”, declarou.
“Ele teve uma complicação no pós-operatório, que pode ter sido uma arritmia cardíaca. A gente não sabe exatamente. Ou um quadro de inflamação aguda, que é um quadro grave, que é uma queda de pressão grave, que não tem uma resposta, no caso dele, às medicações. Então, aí levou uma deficiência de múltiplos órgãos, parada cardíaca e morte”, acrescentou o cardiologista.
Dr. Juliano ainda explicou que a doença atinge cerca de duas milhões de pessoas no Brasil com agravamento para 2 a 3% de pessoas. O cardiologista também afirmou que a válvula mitral é genética e hereditário, por isso é importante o acompanhamento de um profissional da saúde para verificar a gravidade do caso.
“Tem que procurar um cardiologista para ser acompanhado. Ver se o pai ou a mãe tem alguma história hereditária, porque pode ter e aí tem que fazer o acompanhamento. O diagnóstico é feito pelo ecocardiograma, que é o ultrassom do coração que verifica o prolapso, verifica se tem prolapso mitral e verifica o retro diagnóstico”, disse.
O doutor ainda enfatizou que cada situação é única que ele não teve acesso ao prontuário ou informações mais detalhadas do estado de saúde do cantor.
Nem todos os casos são cirúrgicos
O médico cardiologista disse que por ser tratar de alguém novo e bastante conhecido, o caso é chocante. E explicou que nem todas as pessoas com prolapso na válvula metral precisam de cirurgia.
“É um caso chocante, mas raro. Não são todas as pessoas que precisam de cirurgia, somente os casos graves. Na grande maioria dos casos, basta apenas acompanhamento com cardiologista anualmente”, contou.
A necessidade da cirurgia ocorre quando essa forma diferente da válvula também causa algum vazamento no coração, o que acarreta sintomas como falta de ar, frequência cardíaca aumentada e dores no peito.
"O coração fica sobrecarregado, então você pode fazer a substituição da válvula", diz. O paciente pode não se adaptar bem às mudanças, por isso as primeiras horas após a cirurgia são cruciais, e o paciente precisa ser acompanhado de perto.
Morte de João Carreiro
O cantor sertanejo morreu na noite da última quarta-feira (3), após passar por um procedimento cirúrgico para colocar uma válvula no coração. Ele estava internado em um hospital em Campo Grande (MS).
Antes do procedimento, o artista publicou nas redes sociais que ficaria um tempo fora. Ele ainda brincou com a esposa, Francine Caroline, sobre a roupa que usava: “se eu chegar a empacotar, não quero saber dessa roupinha aqui, não. Não combinou muito comigo isso aqui, não”, disse aos risos.
Ainda na gravação, ele pediu calma aos fãs. “Só pra deixar vocês cientes. Podem ficar tranquilos, já deu tudo certo. Papai do céu tá tomando conta”, contou.
No Natal, João Carreiro gravou um vídeo, visto por muitos como “enigmático”. “Aproveitem seus familiares, porque a hora da partida ninguém nunca sabe”.
Antes de chegar e ser enterrado na capital mato-grossense, o corpo cantor foi brevemente velado na Câmara Municipal de Campo Grande (MS), onde ele morava. Na sexta-feira (5), sob forte comoção, o artista sertanejo foi enterrado no Cemitério Bom Jesus. Ele deixa esposa e uma filha.
