O modus operandi do pecuarista Claudecy Oliveira Lemes para promover o desmatamento químico de uma área de 81 mil hectares no Pantanal mato-grossense, em Barão de Melgaço, pegou até mesmo o governo do estado de surpresa, segundo declarou o governador Mauro Mendes (UNIÃO) em entrevista nesta quarta-feira (24).  

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Segundo as investigações, a intenção do fazendeiro era aniquilar a vegetação mais alta. O processo resultou num chamado de desfolhamento químico, obtido quando se faz uma pulverização criminosa ao lançar de avião toneladas de agrotóxicos sobre a mata preservada.

Mendes, ao ser questionado sobre quais medidas o governo vem tomando a fim de coibir atos criminosos como esse, afirmou que o estado  já tinha adotado todas as providências e prendido máquinas, avião  emitido autos de infração no valor de R$ 2,8 bilhões. 

E destacou que as autoridades já trabalham no desenvolvimento de ferramentas tecnológicas para combater esse tipo de desmatamento. 

“Os órgãos estão funcionando e os aparatos de proteção estão funcionando. Entretanto, [o fazendeiro] usou uma tecnologia que nós não estávamos preparados. Tradicionalmente 99,9% dos desmatamentos era feito com trator, com devastação. Isso a gente pega em 24 horas. Aquele tipo de atitude demora algumas semanas, alguns meses para capturar as imagens porque é um desflorestamento químico”, disse. 

“Nós já estamos adaptando os nossos sistemas para que nós possamos também, através da tecnologia, detectar qualquer atitude nessa direção”, completou. 

Para conseguir transformar a área em pastagem para gado, o proprietário investiu tempo e fortuna, informa a investigação. Ele fez a aplicação de herbicidas ao longo de três anos, e as notas fiscais apreendidas revelam que, só com a compra de agrotóxicos, ele gastou R$ 25 milhões.

Segundo a Secretaria, o fazendeiro usou 25 agrotóxicos diferentes, um deles tem a substância 2,4-D. Trata-se de um desfolhante químico altamente tóxico usado pelos Estados Unidos na Guerra do Vietnã.