Uma cirurgia ortopédica inédita no Brasil e mundo foi realizada em Cuiabá, no último dia 03 de abril, no Hospital Estadual Santa Casa. A paciente, Vitória Costa de Jesus, de apenas um ano de idade, nasceu com o pé ‘duplicado’ e tinha oito dedos, um caso muito raro, sendo o único no mundo com duas más formações, pé torto congênito e pé em espelho. A criança não podia andar, e hoje já consegue se levantar.
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A pequena morava com sua família em Rondonópolis, e devido à sua situação clínica, se mudaram para Cuiabá. Segundo a mãe, Priscila de Jesus, eles procuraram alguém na Capital para que resolvesse o caso dela, pois ela foi crescendo e não podia andar.
“Eu não consegui através do HMC, aí surgiu o Dr. Miguel, que uma repórter foi atrás para entender mais a situação dela, e ele assumiu o tratamento dela. Foi usando o gesso, depois a bota ortopédica. A cirurgia demorou porque era um procedimento que nenhum médico conseguiria fazer”, disse a mãe.
Segundo o médico ortopedista responsável, Dr. Miguel Alito, inicialmente foi optado pelo tratamento do pé torto congênito, pela técnica de Ponseti, que consiste em manipulações com gessos das deformidades do pé, trocados semanalmente, conseguindo-se a correção progressiva. Foram 12 gessos, por seis meses, até conseguir a correção.
“Uma repórter pediu para que eu avaliasse e fornecesse minha opinião sobre o caso da Vitoria, uma vez que já a família havia procurado outros ortopedistas e não teria conseguido o tratamento. Depois de avaliá-la, e estipular como tratar, ofereci o tratamento como cortesia em minha clínica. E a cirurgia conseguimos realizar pela rede pública (SUS), através do CRIDAC e o Hospital Estadual Santa Casa”, explicou Miguel.
Após a primeira etapa do tratamento, foi realizada a cirurgia para as correções das deformidades do pé em espelho. O procedimento durou três horas. Ao término, foi realizado a fixação do “novo pé” com técnica de fixação externa, por meio de um aparelho, possibilitando a manutenção da posição obtida do pé, além de facilitar a avaliação das feridas e circulação sanguínea do pé.
Além de Miguel, outros dois médicos participaram da cirurgia, sendo eles: Dr. Cássio Cocate, especialista em Cirurgia da Mão e Microcirurgia e Dr. Luiz César Betonti, cirurgião vascular.
Vitória usará o aparelho de fixação por cerca de três meses, até a cicatrização de todas as estruturas do pé. A equipe médica acredita que a pequena terá uma boa evolução, podendo ter uma vida normal. Hoje, ela já consegue se levantar e ficar em pé, surpreendendo a família com o resultado rápido.
A criança ainda deverá ser acompanhada até os cinco anos, pelo menos. Como trata-se de um caso único no mundo, não existe um protocolo definido a ser seguido. Dr. Miguel esclarece que o protocolo mundialmente, Ponzeti, aceito para tratamento do pé torto congênito será seguido.
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