O ex-secretário de Relações Institucionais do Distrito Federal, Durval Barbosa, que gravou o vídeo que mostra o governador José Roberto Arruda recebendo propina de empresas, disse que o esquema para o financiamento de campanhas eleitorais começou em 2002 e já movimentou R$ 56 milhões.

O governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda, e o vice, Paulo Octávio, ambos do Democratas, divulgaram nota oficial conjunta ontem (29). Eles se defendem das acusações de participação de Arruda, secretários de governo, deputados distritais e empresários num suposto esquema de pagamento de propina por parte de empresas prestadoras de serviços ao governo distrital.

Na nota, eles dizem ser vítimas de uma trama armada por adversários políticos para prejudicá-los. A cúpula do DF é alvo da Operação Caixa de Pandora, deflagrafa pela Polícia Federal na última sexta-feira para investigar as irregularidades.

O Democratas, partido do governador, deve expulsá-lo caso ele não dê explicações convincentes em reunião com a cúpula do partido. marcada para esta segunda-feira, às 14h. O líder do partido no Senado, Agripino Maia (RN), em nota no blog oficial do partido, declarou que enquanto não surgirem provas comprovando o envolvimento do governador ele continuará tendo o apoio do partido.

A  Executiva Nacional do PPS e a direção do partido no Distrito Federal se reúnem nesta segunda-feira para discutir sobre a possível saída do partido da base do governo de José Roberto Arruda. 

O presidente nacional do PPS, ex-senador Roberto Freire, defende o rompimento com o governo Arruda e a entrega de todos os cargos que o partido ocupa na administração do Distrito Federal. Na opinião de Freire, as investigações sobre o caso devem ser aprofundadas.

Deputados distritais do PT e o PDT vão pedir na Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF) a abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar não só o governo de José Roberto Arruda como também o de Joaquim Roriz.

Os parlamentares vão requerer também a abertura de um processo na Comissão de Ética da CLDF para todos os distritais envolvidos no inquérito do Superior Tribunal de Justiça (STJ).

O PDT pede a rescisão imediata de todos os contratos com empresas de tecnologia sob suspeita e a bancada petista quer a abertura de processo por crime de responsabilidade contra o governador do Distrito Federal.

Segundo a PF, Arruda apararece recebendo dinheiro num vídeo produzido pelo ex-secretário de Relações Insticionais Durval Barbosa. O secretário concordou em colaborar com as investigações em troca de uma punição mais branda em outro caso de corrupção, ocorrido no governo de Joaquim Roriz (PSC), revelado pela Operação Megabyte.

Além da "delação premiada", Barbosa também será beneficiado pelo Programa de Proteção a Testemunhas, do Ministério da Justiça. Ex-delegado da PF, Durval foi presidente da Companhia de Planejamento do Distrito Federal (Codeplan) durante o governo Roriz.

Veja a íntegra da nota:

"Ainda perplexos pelo ato de torpe vilania de que fomos vítimas por parte de alguém que, até recentemente, se mostrava um colaborador, vimos externar à população do Distrito Federal nossa indignação pela trama de que estamos sendo vítimas, engendrada por adversários políticos, valendo-se de pessoa que, à busca das benesses da delação premiada, por atos que praticou nos 8 anos do Governo anterior, urdiu, de forma capciosa e premeditada, versão mentirosa dos fatos para tentar manchar o trabalho sério e bem sucedido que tem sido feito pela nossa administração.

Queremos dizer que estamos tranquilos, porque sabemos de nossa inocência, e confiamos no sereno e isento trabalho da Justiça de nosso país, onde a verdade sempre acaba se afirmando.

Repelimos os açodados juízos que, muito mais que atingir o princípio constitucional da presunção de inocência, colocam em risco a soberania da verdade democrática."