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Terça-feira, 30 de abril de 2024

Notícias | Ciência & Saúde

Mais de 2,1 milhões vivem em áreas de risco de contaminação

Um levantamento consolidado pelo Ministério da Saúde mostra que mais de 2,1 milhões habitantes do país vivem potencialmente expostos a contaminantes químicos. Essas pessoas residem em uma das 2.527 áreas com solo contaminado detectadas no Brasil. Os dados foram coletados pelos estados e municípios no período de 2001 a 2008 e informados ao Departamento de Vigilância em Saúde Ambiental e Saúde do Trabalhador (DSAST) do Ministério da Saúde, passando a integrar as estatísticas da Vigilância em Saúde das Populações Expostas a Contaminantes Químicos (VIGIPEQ).


As questões relacionadas aos solos contaminados e às populações potencialmente expostas a produtos químicos é um dos temas que serão discutidos durante na 1ª Conferência Nacional de Saúde Ambiental (CNSA), de 9 a 12 de dezembro, em Brasília. Neste encontro, que envolve a mudança do meio ambiente e a saúde da população, serão propostas as prioridades para o setor e a sugestão de diretrizes para políticas públicas de saúde, entre outras áreas do poder público envolvidas.

O objetivo da VIGIPEQ é avaliar os dados para subsidiar ações e medidas de prevenção, promoção e atenção integral às populações que tiveram exposição ou que moram em área de risco. Os principais contaminantes são os agrotóxicos (20%), derivados do petróleo (16%), resíduos industriais (12%) e metais (11%). No período de 2004 a 2008, três estados tiveram maior número de pessoas potencialmente expostas: São Paulo, Rio Grande do Norte e Rio de Janeiro.

“A importância dessa problemática é que ela representa uma situação aparentemente nova para o SUS. Porém, sabemos que os problemas de áreas contaminadas com populações expostas são antigos no Brasil e decorrentes dos processos, como o de industrialização”, avalia Herling Alonzo, professor do Departamento de Medicina Preventiva da Universidade de Campinas (Unicamp), São Paulo.

“Fazer esse debate no âmbito da Conferência Nacional de Saúde Ambiental é relevante porque essas situações têm especificidades e representam um desafio para o Sistema Único de Saúde (SUS) no que diz respeito à definição de como cuidar da saúde integral das pessoas expostas a contaminantes e como o setor saúde tem que se articular de forma intersetorial, especialmente com os órgãos ambientais e de infraestrutura e até de justiça, para determinar como atender essa demanda”, diz Alonzo.

Há décadas a relação entre a degradação do meio ambiente e os problemas de saúde é foco de estudos no mundo. De acordo com dados da OMS, 24% da carga global de doenças e 23% dos óbitos prematuros estão relacionados a problemas ambientais.

POLÍTICA - Durante a 1ª CNSA, temas como a contaminação dos solos e seus danos ao meio ambiente e à saúde humana serão discutidos pelos 959 delegados eleitos nos 26 estados brasileiros e no Distrito Federal (DF). Ao final da Conferência, serão definidas 24 diretrizes e 48 ações estratégicas para a construção da primeira Política Nacional de Saúde Ambiental integrada dos ministérios da Saúde, Meio Ambiente e Cidades.

O objetivo da 1ª CNSA é promover o debate social sobre as relações entre produção e consumo, seus impactos na saúde e no ambiente, estruturação de territórios sustentáveis nas cidades, no campo e nas florestas. Dessa forma, as ações e diretrizes definidas na Conferência devem subsidiar a construção de uma política integrada para a redução de riscos à saúde pela melhoria das condições de vida da população, bem como pela diminuição dos danos ao meio ambiente.

A eleição dos delegados ocorreu durante as Conferências Municipais e Estaduais de Saúde Ambiental, iniciadas em julho e finalizadas no dia 17 de novembro. A representação de segmentos da sociedade na 1ª CNSA inclui movimentos sociais da cidade, do campo e da floresta; trabalhadores formais e informais de associações, sindicatos, federações e confederações de trabalhadores, centrais sindicais; setor empresarial (sindicatos, federações, confederações, associações e cooperativas de empresários); entidades profissionais, acadêmicas e de pesquisa; organizações não governamentais; e o poder público federal, estadual e municipal.

Dados da Comissão Organizadora Nacional (CON) da Conferência apontam a participação de mais de 60 mil pessoas na realização das etapas nos municípios, nos estados e no DF. Foram 285 conferências municipais, 151 regionais ou microrregionais, 27 estaduais e uma distrital.

Com o tema A saúde ambiental na cidade, no campo e na floresta: construindo cidadania, qualidade de vida e territórios sustentáveis”, e o lema “Saúde e ambiente: vamos cuidar da gente!”, a 1ª CNSA representa um marco de governo por unir, pela primeira vez, os ministérios da Saúde, do Meio Ambiente e das Cidades, bem como seus respectivos Conselhos (Saúde, Meio Ambiente e Cidades), que são instâncias de controle social.

Os temas que estarão em pauta na plenária nacional incluem também a necessidade de processos produtivos e de consumo sustentáveis; melhoria de infraestrutura, como o saneamento; articulação interinstitucional, ações integradas e controle social; territórios sustentáveis, planejamento e gestão integrados; educação, informação, comunicação e produção de conhecimento; e marco regulatório e fiscalização.
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