Olhar Direto

Sexta-feira, 17 de maio de 2024

Notícias | Cidades

mistério uemura

Tortura e testemunha desaparecida; caso Eiko está perto de ser resolvido

Foto: Jardel Arruda

Tese de suicídio quase fechou o caso

Tese de suicídio quase fechou o caso

Mais de oito meses se passaram desde que encontraram o corpo da jovem Eiko Uemura no fatídico dia 29 de abril de 2009, no precipício do Portão do Inferno, no Parque Nacional da Chapada dos Guimarães (60 quilômetros de Cuiabá), e o autor do assassinato continua desconhecido. As investigações, como na trama de um best-seller, já alcançaram o sétimo volume. Novos detalhes foram descobertos. Contudo, falta a peça principal deste misterioso quebra-cabeça.


“O problema é a testemunha. Não consigo mais trazê-la, aliás, não consigo mais nem achá-la”, afirmou o delegado titular da Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), Márcio Pieroni, em entrevista ao Olhar Direto. “Se ela cair aqui (na delegacia), implode tudo”, garante.

Segundo o delegado, a testemunha já o procurou uma vez e eles tiveram uma conversa esclarecedora. Entretanto, ele já não consegue encontrá-la novamente. Vários fatores poderiam explicar o sumiço da testemunha, entre eles, o medo de retaliação ou, até mesmo, ameaças.

Sem colaboração, o caso segue na lista de não solucionados e o assassino continua em liberdade. “Temos tido muitos problemas de cooperação. Precisamos do apoio, de declarações das testemunhas”.

De acordo com o delegado, praticamente toda a trama já está desvendada. Ele afirma que três pessoas estão envolvidas no crime, o qual segundo Pireoni, é “digno de cinema”.

Detalhes da investigação

Sem querer citar detalhes do caso, o qual corre em segredo de justiça, Pieroni revela que Eiko foi torturada antes de ser morta. “Ela teve a coluna quebrada e tinha hematomas”, salientou. Enquanto falava, o delegado cerrava os pulsos e os levava em direção ao próprio pescoço na tentativa de demonstrar visualmente o que sabe sobre o caso. Talvez sinalizando um possível estrangulamento e pulsos amarrados.

Sebastião Carlos tentou esquivar-se da imprensa de todas as formas sob alegação de preservar o casamento.Além disso, um carro do advogado e ex-amante de Eiko, Sebastião Carlos Araújo Prado, foi apreendido no Acre, em julho de 2009, e passa por perícia. A DHPP quer saber se as manchas de sangue e o cabelo encontrado no carro pertenciam a Eiko. “As perícias são outro problema. Temos de esperar até cinco meses para obter um laudo”, lamentou o delegado.

Quanto à motivação do crime, Márcio Pieroni prefere não comentar. De acordo com ele, primeiro é preciso prender o assassino. “É preciso obedecer à ordem das coisas. Se eu prendo o assassino, chego ao motivo ou ao mandante”, sintetizou.

Relembre o caso

Inicialmente, o delegado João Bosco, titular de Chapada do Guimarães e primeiro a investigar o caso – em decorrência da jurisdição de onde aconteceu a morte – trabalhou com a hipótese de suicídio.

Ele descobriu que a jovem, estudante de Direito, teria sido demitida do escritório de advocacia onde estagiou por alguns meses, no mesmo dia da morte. Além disso, ela era alvo de recriminações por parte dos colegas de faculdade e sofria ataques diversos na internet. Fatos derivados da ligação com um suposto chefe de uma máfia comparada ao grupo de João Arcanjo Ribeiro.

João Bosco Eiko Uemura era sobrinha do empresário do ramo de hortifrutigranjeiros Júlio Uemura, o qual foi preso durante Operação ‘Gafanhoto’, desencadeada pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), em março de 2009. Ele é acusado por formação de quadrilha, estelionato, tráfico de influência e extorsão; a sobrinha aparecia nas investigações como suposta laranja de uma empresa fantasma.

Além disso, depoimentos de amigos o levaram a crer que a jovem tinha um temperamento extremista. Para aumentar a carga de tensão, ela vivia um relacionamento cheio de idas e vindas com um homem casado: o advogado Sebastião Carlos Araújo Prado.

O advogado foi o último a falar com Eiko. Na noite do crime, ela teria ligado para ele e, antes de morrer, ainda teria enviado uma suposta mensagem. Nessas circunstâncias, Sebastião Carlos foi cogitado como suspeito de ter assassinado a jovem. Todavia, na noite da morte da jovem ele estava em uma reunião de condomínio e tinha a assinatura da ata de presença como álibi.

De acordo com as investigações de João Bosco, as empregadas teriam auxilíado Eiko no furto. Contudo, nunca teria tocado as jóias.Em meio a tudo isso, ainda houve o sumiço de diversas joias da família Uemura. A jovem as teria furtado, em outra ocasião, e entregue ao amante para que ele fizesse uma avaliação. Após a morte da garota, as joias reapareceram, ou parte delas. Rosidei Taques Uemura, prima de Eiko, afirmou que nem um terço das joias foi devolvido.

Todos esses fatores, somados ao resultado de laudos periciais que apontavam a morte da jovem em decorrência do salto de 200 metros de altura, levaram João Bosco a acreditar na tese de suicídio.

O laudo que mudou tudo

Mais de dois meses após a morte da jovem, uma exumação foi realizada para que um novo laudo, desta vez mais detalhado, pudesse ser feito. O resultado foi a alteração de todo o rumo das investigações. Eiko havia sido morta antes de cair no precipício.

Das mãos do delegado João Bosco, o caso foi para Márcio Pieroni, atual titular da DHPP. De lá para cá as investigações passaram a correr em segredo de Justiça.

Corrigida às 12h09
Entre no nosso canal do WhatsApp e receba notícias em tempo real, clique aqui

Assine nossa conta no YouTube, clique aqui
 

Comentários no Facebook

xLuck.bet - Emoção é o nosso jogo!
Sitevip Internet