O presidente da Associação Mato-grossense dos Municípios (AMM), Pedro Ferreira (PP), prefeito de Jauru, afirmou que pretende transformar a instituição em uma espécie “arena" para o debate político em 2010, especialmente no sentido de ouvir os candidatos ao governo do Estado.

O novo foco é, segundo o presidente, uma maneira de criar mecanismos para oficializar a discussão entre as administrações estadual e municipal e acabar com a velha prática do “promete e não cumpre”.

“Nunca houve discussão realmente entre prefeitos e Estado. Os candidatos sempre discutem com os prefeitos, mas nunca cumprem o que foi assumido na campanha e o relacionamento e a discussão são banais após as eleições. É preciso documentar o debate para que não aconteça mais aquela história de prometer e não cumprir ”, afirmou Ferreira em entrevista ao Olhar Direto.

Na avaliação do presidente, a gestão do governador Blairo Maggi (PR), por exemplo, deixa a desejar no quesito da relação institucional e política entre governo e municípios.

“Politicamente a relação deixa a desejar. Falta proximidade. O Estado é ficção, já o município é real. As coisas acontecem no município”, declarou. Em seguindas, Ferreira amenizou: “apesar das falhas de relacionamento, o governo conseguiu chegar nos 141 municípios” em termos de infraestrutura, maquinários e habitação.

"Sem o empréstimo feito pelo governo do Estado para aquisição da máquinas, muitos municípios jamais teriam condições de comprar. Jauru, por exemplo, há 26 anos não comprava maquinários. Culpa de outras administrações ? Não, era e é falta de recursos mesmo. Agora vamos ter graças a uma ação do governo estadual com um financiamento da União", salienta.

Ferreira criticou também o tratamento que a União tem dispensado às municipalidades. “O governo federal tem avançado muito, principalmente em questões sociais. O problema é que quando criam um projeto ou programa, não repassam recursos específicos para sua aplicação. O resultado é que muitas vezes os prefeitos não conseguem colocá-los em prática. É dinheiro perdido para todos”.

Para ilustrar a informação, o presidente citou o caso dos agentes de saúde. A priori, a proposta da União era de que os profissionais prestassem serviços temporários. Entretanto, a maioria dos municípios teve que efetivar os agentes, que hoje já exigem direito ao piso salarial. “Se isso (o novo piso para os agentes) for aprovado, quem pagará depois? Os municípios não podem arcar com mais essa despesa”, alerta.