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Segunda-feira, 06 de maio de 2024

Notícias | Ciência & Saúde

Nos últimos 30 anos, gravidez adolescente cresce apenas na América Latina

América Latina tem taxa de maternidade adolescente maior do que da África

A América Latina é a única região do mundo que registrou um aumento contínuo da gravidez adolescente desde 1980, diz um relatório divulgado na quinta-feira (21) em Madri pela OIJ (Organização Ibero-Americana de Juventude).

Intitulado Reprodução adolescente e desigualdades na América Latina e no Caribe: um chamado à reflexão e à ação, o documento de 120 páginas é obra da OIJ e de dois organismos da ONU (Organização das Nações Unidas), a Cepal (Comissão Econômica Para a América Latina e o Caribe) e o Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA, na sigla em inglês).

O texto ressalta que "a América Latina é a única região do mundo na qual, nos últimos 30 anos, a taxa de maternidade adolescente cresce, mais do que na África", disse a secretária-geral adjunta da OIJ, Leire Iglesias.

Na apresentação do documento, Iglesias, que estava acompanhada do secretário-geral da OIJ, Eugenio Ravinet, recalcou que "a taxa de maternidade não desejada cada vez aumenta mais na região".

Dezessete países foram incluídos no estudo: Brasil, Argentina, Bolívia, Chile, Colômbia, Costa Rica, Equador, El Salvador, Guatemala, Honduras, México, Nicarágua, Panamá, Paraguai, Peru, Uruguai e Venezuela.

O documento, que analisa o grupo de adolescentes entre 15 e 19 anos, mostra também que, de cada 1.000 gestações na América Latina, 73,1 são de adolescentes e "provavelmente indesejadas", declarou Ravinet.

Esse número é muito superior à média mundial, 54 gestações adolescentes por cada 1.000, apontou o principal responsável da OIJ.

Segundo o relatório, "com a exceção de países como Brasil e Colômbia, que pesam muito em termos demográficos, a tendência da taxa de maternidade adolescente na região é de crescimento", explicou Iglesias.

Ao falar sobre a maternidade adolescente e a influência de fatores socioeconômicos, o estudo constata que "quanto melhor o sistema educacional, menor a taxa de gravidez indesejada em adolescentes". Além disso, "cada vez influem menos a procedência da mulher, se é da zona rural ou de áreas urbanas", e "os níveis de formação, já que os sistemas educacionais possibilitam que todos tenham acesso a uma formação elementar", disse Iglesias. No entanto, um condicionante que continua sendo muito importante é o nível de renda, pois "quanto mais pobreza, mais chances de ter uma gravidez indesejada".

A respeito do perfil dos pais adolescentes, os pesquisadores reconhecem que "há pouca informação", mas constatam que "as variáveis socioeconômicas e de renda não são tão determinantes nos homens como nas mulheres".

- No caso dos homens, as relações de risco ocorrem independentemente da variável dos comportamentos socioeconômicos, disse Iglesias.

Diante dessas conclusões, Ravinet não hesitou em afirmar que "não podemos ficar satisfeitos com o que vimos".

- Sempre há anúncios de grandes programas de prevenção da gravidez adolescente, grandes campanhas de educação sexual nos colégios, e geralmente não dão em nada, opinou o secretário-geral da OIJ.

Ravinet alertou que, diante desta situação, "são milhares de mulheres cujas chances de se desenvolver e ter um vida mais confortável são prejudicadas".
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