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Sábado, 27 de abril de 2024

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Pioneira, brasileira supera machismo para estrear na Indy

Única mulher brasileira reconhecida mundialmente como piloto, Ana Beatriz Caselato Gomes de Figueiredo, ou Bia Figueiredo, como é conhecida, estreará em uma das principais categorias do automobilismo mundial em 2010, a Fórmula Indy. Ela irá se juntar a musa americana Danica Patrick e promete dar trabalho aos homens nos ovais e nos circuitos mistos americanos.


Aos 24 anos, a brasileira vive entre a ponte aérea Estados Unidos-Brasil. Começou a carreira no automobilismo no kart, aos 9 anos, e ficou na categoria até 2003, quando estreou na Fórmula Renault Brasileira. Em 2006, começou a correr na Fórmula 3 Sul-Americana e dois anos depois, estreou na Indy Lights. Na categoria de acesso à F-Indy, ganhou o prêmio de piloto/a mais popular da categoria (em inglês, Most Popular Indy Light Driver), em votação dos sócios do IndyCar Nation, o fã-clube oficial da Indy.

A piloto, em conversa por e-mail com o TERRA, contou um pouco da sua experiência nas outras categorias, quais são suas expectativas para a estreia na Indy, sua preparação para o novo desafio e se existe muito preconceito com mulheres no automobilismo. No entanto, a brasileira ainda não divulgou por qual equipe irá correr em 2010.

Confira a entrevista na íntegra: Terra: Bia, você estreará na Fórmula Indy neste ano, quais são suas expectativas?

Ana Beatriz: Chegar a uma categoria top mundial é um sonho de qualquer piloto e é algo que vou realizar neste ano. Creio que vá ser um ano de adaptação. Vou focar 100% em evoluir.

Terra: Como você tem se preparado para esse novo desafio? Tem alguma mudança em relação à preparação para outras categorias?

Ana Beatriz: Tenho me preparado fisicamente e mentalmente. Após assinar com uma equipe, começarei um outro tipo de preparação, como conhecer o carro e a equipe.

Terra: Já pensou em F1? Tem esse objetivo?

Ana Beatriz: A Fórmula 1, junto com a Fórmula Indy, é uma categoria top. Hoje meu foco é correr na Indy. Se a possibilidade de correr na F1 aparecer um dia, vou analisar junto aos meus mentores, André Ribeiro e Augusto Cesário, se será algo positivo.

Terra: Você começou no kart aos 9 anos, e só deixou a categoria em 2003. Acha que esse longo tempo no kart lhe deu mais competência para concorrer em outras categorias?

Ana Beatriz: Com certeza. O kart é a maior escola de todas, e graças a ela consegui subir de categorias. Foi no kart que mostrei que tinha talento, foi onde fui muito bem preparada pelo meu treinador, o Nailor Campos, conhecido como Nô, e foi ele quem me apresentou aos meus atuais agentes, o André Ribeiro e o Augusto Cesário.

Terra: Quem foram seus maiores incentivadores na carreira?

Ana Beatriz: Foram muitas pessoas, mas, para começar, a minha família, o Nailor Campos, o André Ribeiro, o Augusto Cesário, e todos meus patrocinadores, especialmente a Bardahl, a Officer e a Healthy Choice.

Terra: Existe muito preconceito com mulher no automobilismo?

Ana Beatriz: Ainda existe, mas é algo que já diminuiu bastante. Tive que quebrar muitas barreiras, e meus recordes fizeram os outros pilotos me respeitarem. Aqui no Brasil é pior. Nos Estados Unidos, os pilotos já estão mais acostumados a correr com mulheres.

Terra: Em 2008, você estreou na Fórmula Indy Lights e já terminou o campeonato em terceiro. A que se deve essa ótima colocação na tabela?

Ana Beatriz: Foi a preparação que tive. Antes de estrear na Indy Lights, corri quatro anos na América do Sul com a melhor equipe na Fórmula Renault Brasileira e na Fórmula 3 Sul-Americana, a Cesário Fórmula, que me deu todo o suporte para crescer. Depois, meus agentes me mandaram para a Inglaterra, para treinar e me adaptar a morar sozinha, longe da família e nas condições mais difíceis, com o mínimo de dinheiro e estrutura. Na Inglaterra, dei valor a tudo que tinha e tive ainda mais certeza de que queria seguir a carreira no automobilismo. Quando cheguei aos EUA, estava muito mais madura e determinada. Assinamos com a equipe certa e disputei o título no meu primeiro ano.

Terra: Você será a primeira mulher brasileira a correr em uma categoria top do automobilismo internacional, como encara esse desafio?

Ana Beatriz: Eu me sinto honrada por ser a primeira e espero que isso abra mais portas para as mulheres no automobilismo. Eu encaro o desafio como uma piloto profissional que batalhou 17 anos para estar onde está. Vou ter muito trabalho, mas estou preparada para as dificuldades.

Terra: Em 2009, ganhou o prêmio do piloto mais popular da Fórmula Indy Lights, como se sentiu?

Ana Beatriz: Fiquei muito feliz e honrada, pois foi um prêmio votado pelos fãs da Indy. Aprendi com o André Ribeiro a gostar de interagir com os fãs. O prêmio foi o resultado disso.

Terra: A estreia na Fórmula Indy será em São Paulo, justamente quando você também estreará na categoria, como se sente? O que espera? A prova será nas ruas da cidade, você conhece bem, já que é nascida em São Paulo? Acha que leva alguma vantagem sobre os competidores por conhecer melhor o circuito?

Ana Beatriz: Ser a primeira mulher brasileira em uma categoria top e ainda estrear em São Paulo vai ser algo extraordinário. Não acredito levar vantagem por ser conhecer as ruas de São Paulo. Nunca andei de carro no Sambódromo ou passei pela Marginal a mais de 90 km/h, que é muito diferente de passar a 300km/h. A vantagem vai ser contar com a energia dos fãs brasileiros, da família e dos amigos que estarão presentes.

Terra: Como você acha que será sua relação com Danica Patrick, a piloto mais famosa do mundo? Já a conhece?

Ana Beatriz: Eu conheço a Danica muito pouco. Ela é a maior estrela da categoria e um pouco inacessível. Apesar de todo mundo sonhar com uma batalha Bia x Danica, a minha relação com ela vai ser igual à minha relação com todos os pilotos da categoria: respeitosa e amigável, mas competitiva quando baixamos as viseiras dos capacetes.

Terra: O círculo do automobilismo é muito machista?

Ana Beatriz: Aqui no Brasil, sim. Na Europa muito e nos EUA, um pouco.

Terra: Alguma equipe já te negou vaga por você ser mulher?

Ana Beatriz: Não, pelo contrário. Por ter sido sempre competitiva e ter o diferencial de ser mulher, sempre atraí mais.

Terra: Você é fã do Ayrton Senna, ele é a sua maior inspiração no automobilismo?

Ana Beatriz: Apesar de 15 anos da sua morte, o Senna ainda é um exemplo de raça, determinação, disciplina e profissionalismo. Um grande ídolo para mim. Também admiro muitos outros trabalhos, inclusive o de um de meus mentores, André Ribeiro, que, além de um grande vencedor, é um expert no campo dos negócios das pistas.


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