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Domingo, 12 de maio de 2024

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Animação indicada ao Oscar tem brasileiros na produção

Não é sempre que 5.000 lápis, 80 borrachas e uma pilha de seis metros de folhas de papel A3 rendem uma indicação ao Oscar. Esse material todo representa um ano de trabalho duro do diretor brasileiro Marcelo de Moura e de sua produtora LightStar, de Santos (SP), no filme Brendan e o Segredo de Kells, que teve como resultado a indicação do longa-metragem ao prêmio de melhor animação, divulgada nesta terça (2).


Desenhista e especialista em animação digital, Moura conta que há cerca de 20 dias soube que o filme – uma coprodução com outros três estúdios, um da Hungria e outro da Irlanda, este, que bancou o longa – estava na lista dos 20 filmes que haviam sido pré-selecionados para o Oscar.

- Achávamos que a indicação era pouco provável. Sabíamos que estavam no páreo outras grandes produções de estúdios muito bem conceituados.

As cifras dos concorrentes é que pareciam distanciar essa animação da estatueta. Enquanto Brendan e o Segredo de Kells teve orçamento de 6 milhões de euros (cerca de R$ 15,6 milhões), o filme Up, da gigante Pixar, por exemplo, foi feito com US$ 150 milhões (R$ 274,5 milhões), enquanto A Princesa e o Sapo teve US$ 105 milhões (R$ 192,15).

Nesse caso, então, o que a Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood levou em conta para colocar entre os concorrentes um filme independente que conta a história ficcional da criação do Livro de Kells? Moura aposta no poder do roteiro do filme.

- Acho que a Academia viu no filme uma boa mensagem, uma história bem contada. Tem ali um visual diferente, um design diferenciado do que normalmente se espera das animações 3D.

As imagens do filme foram inspiradas na arte celta. A equipe brasileira ficou incumbida de criar os desenhos dos personagens. Estiveram envolvidas nesse processo cerca de 50 pessoas, a maior parte delas alunos recém-formados da ArtAcademia, escola fundada por Moura em 2004 que tem cursos técnicos de animação e artes digitais.

- Criamos a escola para atender a demanda da própria empresa. Depois de passar um tempo no exterior, sabia que quando eu voltasse não encontraria pessoas preparadas para trabalhar com animação digital como se faz lá fora.

Currículo para a Disney

Não é lá muito simples a trajetória de quem alcança uma indicação ao Oscar. A de Moura começou um tanto precoce. Aos 13 anos, quando já sabia que queria trabalhar com desenhos animados, ele decidiu enviar um portfólio, uma pasta cheia de desenhos do Mickey Mouse, para a Disney. Eles responderam mandando tudo de volta e dizendo que desenhar o ratinho mais famoso do mundo ele aprenderia lá e que ele deveria se concentrar mais na parte acadêmica.

Anos depois ele fez faculdade de Publicidade e Propaganda na Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM), em São Paulo, cidade onde começou também a trabalhar na área, mas sabia que a carreira que ele desejava, de animador, teria que ser feita no exterior.

Ele foi para a Irlanda, bateu na porta do diretor Don Bluth (que fez filmes como Anastácia e Fivel – Um Conto Americano) e conseguiu trabalho em seu estúdio em Dublin, na Irlanda. Foi este trabalho que deu a Moura a possibilidade de realizar um antigo sonho: trabalhar na equipe de animação da Disney, onde participou da criação de clássicos como Mulan e Pocahontas.

O animador conta que teve a sorte de ter bons mentores, que o ensinaram muita coisa.
- Uma das pessoas que foi mais importante na minha vida profissional foi o diretor Brad Bird. Fui um dos supervisores de animação da equipe dele e participei de filmes como O Gigante de Ferro e Polegarzinha.
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