Alice Tamborindeguy, ex-mulher do juiz João Carlos de Souza Correa, não tem dúvidas: a decisão da 14ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Rio, que considerou que Luciana Tamburini “tinha a clara intenção de deboche” e o “objetivo de expô-lo ao ridículo’’, foi justa.
— Não me dirigi a ela na ocasião, mas achei ela muito abusada e arrogante. Foi deboche. Ela parecia a “rainha da Lei Seca’’. Tem que cumprir a lei, mas sem destratar as pessoas. Se ela faz isso com um juiz, o que dirá com cidadão comum? — questiona a ex-deputada e irmã da socialite Narcisa Tamborindeguy.
Luciana nega ter sido debochada. Segundo ela, na época da operação, o juiz declarou não conhecer a lei que proíbe o tráfego de veículos sem placa depois que expirado o prazo de 15 dias da compra do automóvel.
— Eu tenho testemunhas, a operação inteira viu. Nem cheguei a falar com ela. Não foi deboche, mas como uma pessoa que se apresenta como magistrado não conhece a lei que proíbe o uso de veículo sem placa? — defende-se a agente, que declarou, em entrevista ao programa “Encontro com Fátima Bernardes’’, da TV Globo, que Alice Tamborindeguy a chamou de abusada.
A ex-deputada, que foi ao local da blitz levar a carteira de motorista que o ex-marido havia esquecido, diz que ele fez o teste do bafômetro, que não acusou consumo de álcool. Segundo a ex-mulher do juiz, ele deu voz de prisão na agente após ter sido desrespeitado:
— Ele falou: “Você não deveria me tratar assim, eu posso te dar voz de prisão’’. Ela disse: “Então, me prende”. Perguntar para um juiz se ele não conhece a lei é deboche.
A fiscal foi condenada a indenizar João Carlos em R$ 5 mil por dizer “juiz não é Deus”. Uma página com mais de quatro mil usuários no Facebook pede o afastamento de João Carlos Correa do cargo de juiz.
E uma “vaquinha”, criada para arrecadar o dinheiro necessário para pagar a indenização que a fiscal deve ao juiz, já conta com mais de R$ 19 mil em doações. O Sindicato dos Funcionários do Detran também emitiu nota de repúdio à decisão da Justiça e em solidariedade a Luciana.
— Eu tenho testemunhas, a operação inteira viu. Nem cheguei a falar com ela. Não foi deboche, mas como uma pessoa que se apresenta como magistrado não conhece a lei que proíbe o uso de veículo sem placa? — defende-se a agente, que declarou, em entrevista ao programa “Encontro com Fátima Bernardes’’, da TV Globo, que Alice a chamou de abusada na ocasião.
O caso ganhou repercussão na internet. Uma página com mais de 4 mil usuários no Facebook pede o afastamento de João Carlos do cargo de juiz. Ainda na rede, internautas criaram uma “vaquinha” para arrecadar o dinheiro necessário para pagar a indenização à qual Luciana foi condenada. Até ontem à noite, mais de R$ 19 mil já haviam sido doados. A agente diz que espera não precisar das doações, já que pretende recorrer da decisão judicial.
O caso
O episódio da carteirada aconteceu em 2011, quando João Carlos de Souza Correa foi parado pela fiscal por dirigir um veículo sem placas e estar sem a Carteira Nacional de Habilitação. O magistrado chegou a dar voz de prisão a Luciana por desacato. Segundo a agente, a decisão que a condena por “ironizar uma autoridade pública” é uma ameaça ao trabalho de fiscais de trânsito e quaisquer outros agentes de segurança pública.