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TENTÁCULOS À SOLTA

Juíza avalia que "outros atos criminosos" podem desencadear novas fases da Sodoma

15 Mar 2016 - 14:15

Da Redação - Paulo Victor Fanaia Teixeira

Foto: Rogério Florentino Pereira/OD

No que depender da policia, juíza pode ter muito trabalho pela frente.

No que depender da policia, juíza pode ter muito trabalho pela frente.

“Quiçá muitos outros atos criminosos não estejam escondidos sob os indícios agora levantados pela autoridade policial?”, questiona a juíza da Sétima Vara Criminal, Selma Arruda, em seu texto que determina as prisões preventivas dos acusados da “Operação Sodoma 2”. Novas fases do procedimento que visa desmantelar o crime organizado não foram descartadas. A série de investigações poderá render à magistrada um ano de muito trabalho.

As duas primeiras fases da "Operação Sodoma" investigam um esquema para desvio de incentivos fiscais. No processo, foram denunciados o ex-governador Silval Barbosa e seus ex-secretários, Pedro Nadaf e Marcel de Cursi, presos desde o ano passado. O valor supostamente corrompido ultrapassa o montante de R$ 2,5 milhões. Na mais recente operação, fora preso o empresário César Zílio, apontado como o grande líder de um combinado para ocultar a origem ilícita de valores desviados do Estado, cujas cifras superam R$ 13 milhões. 

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Conforme cita no texto, o benefício PRODEIC pode não ser o fim de uma enredada trama que hoje inclui o ex-secretário César Zílio, acusado de ter se beneficiado do esquema.

“Conclui [...] que os fatos apurados na Operação Sodoma ainda não haviam revelado a existência de toda a organização, a qual demonstra ter tentáculos em diversas Secretarias do Estado [...]”, consta no documento.

No entanto, novas operações policiais, bem como ações penais provenientes só podem surgir com a existência de provas concretas. 

“O Ministério Público aponta, então, que a organização criminosa está agindo no intuito de tentar destruir as provas da prática do crime em apuração, bem como pretende criar documentos falsos para acobertar a verdadeira face criminosa dos fatos em exame [...]”, consta no documento.
 
Entretanto, no mesmo parágrafo, a juíza explica que a corrida pode não ser tão fácil para o lado de “lá”. “Como não poderia ser diferente, uma vez que não há crime perfeito, a organização criminosa acabou deixando rastros que foram encontrados pela diligente autoridade investigadora”, consta no texto.

Exata razão pela qual se decreta uma prisão preventiva. Explica a juíza:

“Visa o decreto de prisão evitar, primordialmente, a continuidade da atuação da organização criminosa dentro do contexto social, bem como que sejam criados graves obstáculos à instrução criminal, cooptando ou coagindo eventuais testemunhas ou mesmo a manipulação de provas, ocultação de documentos, destruição de objetos que possam, de algum modo, aclarar definitivamente o ocorrido”, consta no texto.

Mas, afinal de contas, é possível que os números até agora elencados pelas “Operações Sodoma 1 e 2” sejam apenas o “troco” de um esquema ilícito maior, mais complexo e que envolve um número maior de suspeitos e testemunhas? Enquanto a resposta não vem, a juiza deixa seu apelo. 

“Urge zelar para que não sejam de vez ocultados, para que o Estado possa, de fato, descortinar o que realmente ocorreu nesses anos em que tais pessoas exerceram os mais altos cargos políticos de Mato Grosso. Afinal, como bem assinalou o Ministério Público, apenas uma parte do pagamento envolvendo a compra dos imóveis referidos nesta investigação se encontra rastreada, havendo, portanto, fundada suspeita de que outros milhões de reais utilizados no negócio sejam fruto de outras falcatruas atribuíveis ao bando”, consta no texto. 
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