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OPERAÇÃO SEVEN

Denunciado na "Seven", ex-secretário de administração nega ter "laudo" para compra de terra por R$ 7 milhões

07 Mai 2016 - 17:31

Da Redação - Paulo Victor Fanaia Teixeira

Foto: Reprodução

Denunciado na
O ex-secretário Adjunto de Administração de Silval Barbosa, Coronel José de Jesus Nunes Cordeiro, denunciado na “Operação Seven” pelos crimes de peculato e integração à organização criminosa, protocolizou na Sétima Vara Criminal sua peça de defesa preliminar.

 
De acordo com o Ministério Público Estadual (MPE), José Cordeiro teria sido responsável pela elaboração do laudo de avaliação econômica da área vendida (objeto da investigação) mesmo sem competência técnica para tal. A “Operação Seven” investiga fraudes no Instituto de Terras de Mato Grosso (Intermat), cujos danos aos cofres públicos ultrapassariam
R$ 7 milhões.

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A defesa do acusado preferiu ir direto à análise do mérito da denúncia, citando jurisprudência do ministro Celso de Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF), a defesa de José Cordeio aponta para a complexa legislação que trata dos procedimentos de desapropriação de terras.

Alega que apesar de a Secretaria de Administração ter competência para fazer avaliação de imóveis, não tinha, à época dos fatos, alguém com capacidade técnica, em seu quadro de funcionários, para realizar o procedimento. Razão pela qual não elaboraram um “laudo de avaliação” e sim um “parecer de avaliação”, que posteriormente fora publicada irregularmente no Diário Oficial do dia 13 de novembro de 2013.

“[...] na verdade se for ler o processo irá perceber que o parecer que o parecer nada mais é do que uma compilação de informações contidas nos pareceres emitidos pelos servidores da Sema e avaliação apresentada pelo interessado, ou seja, este parecer não poderia servir de base para qualquer decisão [...]”, consta da peça.

Solicitaram, por fim, à juíza Selma Rosane Arruda, que rejeite a denúncia ofertada contra ele. Caso a magistrada opte por receber a denúncia, que absolva o réu sumariamente.

Denuncia

De acordo com Gaeco, "a organização criminosa instalou-se na cúpula do Poder Executivo Estadual", isto é, Silval Barbosa, Pedro Nadaf, Chico Lima, Afonso Dalberto e Arnaldo Alves de Souza Neto representavam "importante centro de atuação que infectava a Administração Estadual Direta". Aponta ainda que, tudo só foi possível, pois "a organização criminosa contava também com importantíssimo braço dentro da Administração Estadual Indireta", Afonso Dalberto.

O esquema

Filinto Correa da Costa, que era proprietário da área, localizada na Fazenda Cuiabá da Larga, solicitou ao estado, no dia 05 de agosto de 2013, que comprasse área rural de sua propriedade, sob a alegação que desde 1978 era proprietário de tal porção de terra, com área aproximada de 11.400 hectares. Segundo Filinto, esta seria uma porção remanescente, que não mais o interessava (721 hectares).

O gatilho para o início do esquema teria se dado após a confusão estranhamente gerada na escritura de compra e venda por desapropriação. O MP conta que “em razão da exiguidade de prazo para a execução do plano criminoso da organização, foi necessário recorrer ao ardil de, por meio de decreto, providenciar a recategorização da área”. O decreto exigiria atos que não poderiam ser executados em pouco mais de um ano, prazo que restava para fim do mandato de Silval.

O trâmite, conforme o MPE, seria burocrático e trabalhoso. A ‘solução’ encontrada pelos investigados foi a transformação da unidade de conservação do tipo "Parque'' em unidade de conservação do tipo "Estação Ecológica”, que não exige a realização de estudos técnicos ou audiências públicas. Foi então que apareceram os servidores da Sema (Secretaria de Meio Ambiente): Cláudio Takayuki Shida e Francisval Akerley da Costa, responsáveis por apresentar dois pareceres favoráveis à manobra.

Logo após isso, o processo tramita rapidamente por diversos setores (em apenas 13 dias). Nos documentos elaborados, não há justificativa para que a área recomprada fosse incorporada ao parque. Em 15 de setembro, foi pedido à Secretaria de Administração (SAD) que fizesse uma avaliação da área e em apenas quatro dias o secretário adjunto de Administração, José de Jesus Nunes Cordeiro, encaminhou o processo para avaliação da área.

O decreto foi ainda mais célere e foi assinado por Silval Barbosa dois dias após a avaliação, em 13 de novembro de 2014. “O decreto não apenas recategoriza o Parque Estadual, mas também acresce a área de 720,9314 hectares à agora Estação Ecológica”. Seis dias depois, Filinto concordou com a avaliação e indicou a instituição bancária em que desejava que o pagamento seja efetuado. Os autos foram remetidos na mesma data, por Pedro Nadaf, ao presidente do Intermat para providências.

Pagamento

O pagamento de R$ 7 milhões foi feito em duas parcelas de R$ 3.500.000,00, “aos quais foram liquidadas em 25 de novembro de 2014 e 11 de dezembro de 2014, consumando-se, então, dentro do prazo, o pagamento em proveito de Filinto, ao apagar das luzes do mandato de Silval da Cunha Barbosa”. “É de pasmar a constatação de que a área (...), além de ter sido anteriormente vendida ao Estado de Mato Grosso (...), está onerada com penhora judicial e hipoteca”.

Com base nas informações e nos levantamentos, o MPE conclui que: “Esses elementos trazem a triste constatação de que o Estado de Mato Grosso foi mais uma vez saqueado”. Silval é visto como o ‘chefe’ do esquema, enquanto que Pedro Nadaf seria o braço direito do ex-governador". "O Ministério Público logrou, ainda, apontar com precisão para a existência de uma fortíssima organização criminosa, instalada no Governo do Estado de Mato Grosso, chefiada pelo então Governador Silval da Cunha Barbosa".

Os dois (Silval e Nadaf) cumpridos ainda na segunda-feira (01), após o fim da audiência de instrução e julgamento (oitivas), onde estão sendo ouvidas testemunhas da Operação Sodoma, no Fórum da Capital.

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