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CASTELO DE AREIA

Defesa de João Emanuel admite prisão, nega Comando Vermelho e inocenta "banqueiro chinês"; veja entrevista

14 Set 2016 - 14:30

Da Redação - Paulo Victor Fanaia Teixeira

Foto: Rogério Florentino Pereira/OD

Advogado Lázaro Roberto Moreira Lima

Advogado Lázaro Roberto Moreira Lima

A defesa do ex-vereador João Emanuel já admite a possibilidade da decretação de sua prisão por conta da “Operação Castelo de Areia”, solicitada pelo Ministério Público Estadual (MPE). A decisão, que será proferida pela magistrada Selma Rosane Arruda, da Sétima Vara Criminal, depende antes do resultado de um laudo médico que determinará as condições de saúde do político. Embora a prisão não seja eminente, para o advogado Lázaro Roberto Moreira Lima a questão é se adiantar e evitar que o suspeito seja levado novamente para o Centro de Custódia da Capital (CCC). O advogado conversou com Olhar Jurídico na manhã desta quarta-feira (14) e aproveitou para incriminar o empresário e acusado Walter Dias Magalhães.

João Emanuel foi denunciado pela “Operação Castelo de Areia”, que investiga crimes de estelionatos estimados inicialmente em R$ 50 milhões.

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“Há a possibilidade de prisão”, admite Lázaro Roberto Lima, conduto questiona se a magistrada possui capacidade de determinar que ela seja cumprida em regime fechado. “Ora, como a juíza (Selma Arruda) pode modificar a decisão do Tribunal de Justiça?”, questiona referindo-se a decisão da segunda instância que determinou que João Emanuel fosse colocado, por motivos médicos, em regime domiciliar, isto é, preso em casa.

Walter Dias Magalhães:

Ao Olhar Jurídico, o advogado tornou a refutar as denuncias apresentadas pelo Grupo de Atuação em Combate ao Crime Organizado (Gaeco), “Nós sofremos um golpe do Walter (Dias Magalhães), era ele quem comandava (o suposto esquema)”. Em outro momento, explica. “Estavamos eu e meu pai de boa fé e sofremos um golpe dele”, e insiste, “foi uma obra arquitetada por ele”, “João Emanuel caiu em um golpe, é um coitado”.

Em seguida criticou a credibilidade das investigações. “Eles (Defaz) pegam o depoimento (de Walter Dias Magalhães) e dão credibilidade absoluta”, mas a verdade, segundo ele, “este estelionatário, engana todo mundo”. E avalia: “hoje basta cantar o nome de João Emanuel que o suspeito sai de foco”.

Comando Vermelho:

Sobre o suposto envolvimento de João Emanuel com o grupo Comando Vermelho de Mato Grosso (CVMT), o advogado imagina que essa suspeita sequer tenha partido de Walter Dias Magalhães. “Walter deve ter escutado isso no GCCO, ele ficou dois dias indo lá quando essa ideia estava sendo ventilada”, mas ele não crê, nem confirma, essa hipótese. E contesta: “Como João Emanuel teria tido contato com Sandro (“Louco”), ele está preso sabe onde? Em Catanduvas (Santa Catarina), um presídio que para você entrar precisa tirar tudo, passar por todos os procedimentos de segurança, não entra nem com o chinelo dele. Como poderia ter feito essa ligação?”, questiona.

Falso Banqueiro Chinês:

Sobre a estratégia ilícita supostamente utilizada pelo grupo criminoso de envolver Mauro Chen Qin, comerciante chinês para se passar por dono de banco, Lázaro crê que o suspeito também tenha sido vítima do empresário Walter. “Encontrei com ele apenas algumas vezes quando atuei como advogado da Soy Group. Mas creio que ele tenha sido vítima do Walter também”.

Por fim, concluiu sua versão dos fatos resumindo: a operação deveria se chamar “Castelo de Mentiras”. O laudo médico sobre a saúde do ex-vereador João Emanuel será encaminhado a juíza Selma Arruda nesta quarta-feira (14). A prisão do político poderá ser decretada a qualquer momento.

Entenda o Caso:

A denúncia está relacionada à operação “Castelo de Areia”, realizada pela Polícia Judiciária Civil. Ao todo, foram denunciadas oito pessoas por constituição de organização criminosa e estelionato. Entre os nomes estão o juiz aposentado Irênio Lima Fernandes (pai de João Emanuel) e o advogado Lázaro Roberto Moreira Lima (irmão do ex-vereador), os empresários Walter Dias Magalhães Júnior, Shirlei Aparecida Matsouka Arrabal e Marcelo de Melo Costa; o contador Evandro José Goulart; e o comerciante Mauro Chen Guo Quin.

De acordo com o Gaeco, a suposta organização criminosa tinha o seguinte modus operandi: inicialmente captavam pessoas que tinham interesse em obter empréstimos com juros menores ou de investir em empreendimentos imobiliários; em seguida acertavam o valor do suposto empréstimo ou do investimento, que são sempre de valores altíssimos; firmavam pré-contratos do suposto empréstimo/investimento; e, após, solicitavam determinada quantia (sempre valores altos, proporcionais ao valor do suposto empréstimo) que, segundo eles, era necessária para a concretização do empréstimo/investimento; após receber os valores repassados pelas vítimas começavam a dar 'desculpas', não empregavam os valores conforme prometido e tampouco devolviam as quantias pagas pelas vítimas”, diz a denúncia. 

"Chega a ser surpreendente todo o mise en scène empregado pelos investigados para ludibriar suas vítimas (almoços e jantares em hotéis caros, viagens internacionais, utilização de um “falso dono de um Banco Chinês”, locação de imóvel luxuoso, etc)”, concluiu o Gaeco.
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