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Domingo, 02 de junho de 2024

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Selma alerta para onda de delações mentirosas e diz que filho foi assediado para forçar impedimento

Foto: Rogério Florentino Pereira/ Olhar Direto

Selma alerta para onda de delações mentirosas e diz que filho foi assediado para forçar impedimento
A magistrada Selma Rosane Arruda, da Sétima Vara Criminal, afirmou que seu filho, o advogado Felipe Arruda, recebeu uma proposta para que ela fosse impedida de atuar em processos. A informação foi divulgada ao programa “O Livre”, exibido pela Band MT na última terça-feira (04). Ao falar sobre corrupção, a magistrada citou ainda colaboradores mentirosos em Mato Grosso.


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No programa, apresentado pelo jornalista Augusto Nunes, Selma Rosane salientou que um corrupto propôs emprego ao seu filho para que ela fosse declarada impedida de julgar alguns processos. Legislação proíbe que magistrados julguem processos envolvendo parentes até o terceiro grau, seja como partes ou advogados.

“Essa semana meu filho veio me contar que foi assediado por um corrupto, meu filho é advogado, para ser empregado em um grande escritório de advocacia. Para que quando os processos caírem na minha mão, eu não poder atuar”, salientou. Segundo Selma, a proposta apresentava uma remuneração altíssima.

A juíza continuou sobre o assunto ao relatar sobre a reação do filho. “E quando eu perguntei: 'meu filho, e o que você disse?’. ‘É claro que eu não aceitei, né mãe? Óbvio que não aceitei’”. A atitude de Felipe Arruda foi usada como exemplo. “Ele poderia ter aceitado, era um salário enorme. A diferença de um corrupto para um íntegro é este: é dizer não”, disse Selma.

Ainda tratando sobre corrupção, a titular da Sétima Vara Criminal de Cuiabá traçou um perfil do que pode ser considerado um corrupto. “Ele é um empresário. Ele é um esperto, na verdade ele é um jogador. É como você enxergar um traficante. O traficante nada mais é do que um comerciante. Só que ele comercia uma coisa que não deve comerciar”, Salientou.

Delações premiadas

Ao falar sobre corrupção, Selma Rosane abordou sobre o instituto da colaboração premiada. A juíza alertou sobre uma nova onda de delatores premiados em Mato Grosso.

“Tem uma coisa que está começando a acontecer, pelo menos aqui em Mato Grosso, que é muito nociva. A pessoa faz a colaboração, ela se beneficia daquela colaboração, por exemplo, e não é denunciado. No meio do caminho você descobre que ela mentiu. Para você consegui denunciar este sujeito, só quando estiver transitado em julgado aquela ação onde você descobriu que ela mentiu”, afirmou.

A magistrada esclareceu ainda que mentiras estão sendo usadas como forma de manobra para retardar ações judiciais. “Você fica preso sem poder denunciar o sujeito que era um criminoso e que mentiu na colaboração premiado até o transito e julgado. Ora, o transito em julgado vai até o Supremo Tribunal Federal”, esclareceu.

Em Mato Grosso, recentes operações encabeçadas pelo Grupo de Combate ao Crime Organizado e Delegacia Fazendária foram embasadas por informações prestadas por delatores premiados. Nas fases da Operação Sodoma e Operação Seven, por exemplo, empresário e políticos contribuíram para os fatos levantados.

Mesmo com os benefícios que a delação pode trazer, Selma ainda relata ter ressalvas sobre o instrumento. “Nós estamos ainda engatinhando nesta área [colaboração premiada]. A lei é um pouco crua nisso. Ela não especifica algumas questões que merecem serem melhores tratadas”, salientou.
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