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Domingo, 05 de maio de 2024

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OPERAÇÃO IMPERADOR

Denunciados montaram esquema para ludibriar juíza; citado, diretor do Grupo Gazeta alega picaretagem de delator

26 Out 2016 - 14:05

Da Redação - Paulo Victor Fanaia Teixeira

Foto: Olhar Direto

Elias Júnior

Elias Júnior

“Edemar o levou até uma sala, tirou a bateria do celular dele e pediu que o declarante (Elias) fizesse o mesmo”. Tratava-se de uma reunião entre o novo delator premiado da ação penal derivada da “Operação Imperador”, o empresário Elias Abrão Nassarden Júnior, o ex-secretário já falecido Edemar Adams e o advogado Alexandre Nery. Cientes de que já estavam sendo investigados, começaram a moldar as primeiras "estratégias" de defesa, hoje trazidas à juíza da Sétima Vara Criminal, Selma Rosane Arruda, afirma o Ministério Público Estadual (MPE).

A informação consta do acordo de delação celebrado com o Ministério Público Estadual (MPE) e obtido por Olhar Jurídico.

Leia mais:
Delator diz entregou caixa com cerca de R$ 300 mil em espécie a ex-deputado José Riva

O delator confessou ter participado de um esquema de fraudes avaliado em R$ 61 milhões e confirmou que entregou a Riva uma caixa com cerca de R$ 300 mil em espécie dentro do gabinete do político, na Assembleia Legislativa de Mato Grosso (ALMT).

A delação foi anunciado pela magistrada Selma Rosane Arruda, durante audiência realizada na tarde desta terça-feira (25). Por conta disto a esposa de José Riva, Janete Riva, poderá ser novamente interrogada.

Na reunião citada na delação, Edemar Adams “tornou a dizer que sabia que estavam sendo monitorados, mas que já tinha uma estratégia de defesa, oportunidade em que pediu que o declarante assinasse um contrato em que supostamente comprava um apartamento do mesmo, sendo que na verdade nunca adquiriu de fato o referido imóvel”.

Questionado pelo Grupo de Atuação em Combate ao Crime Organizado (Gaeco), Elias Nassarden Júnior diz que nunca teve conhecimento como Edemar Adams tomou ciência que estava sendo investigado.

Passado alguns dias, Elias Júnior narra que foi novamente chamado para reunião com o advogado Alexandre Nery e com Edemar Adams. “Dando prosseguimento a estratégia de defesa que ele estava construindo, pediu ao declarante que assinasse dando quitação a uma nota promissória de uma dívida supostamente contraída pelo senhor Dorileo Leal junto ao declarante. O que não ocorreu na verdade”.

O delator explica aos promotores. “Na pressa de receberem o retorno do dinheiro”, lhe pediram que assinasse alguns cheques, os quais não sabia para quais contas iria, mas pelo que Edemar disse, um dos cheques teria sido depositado em benefício de Dorileo Leal e precisavam deste documento para justificar”. Entre outros supostos beneficiários de cheques figura “Jurandir da Silva Vieira”, desconhecido pelo delator.

Para Elias Nassarden Júnior, a instrução teria sido clara: caso ouvido pelo MPE, que declarasse ter comprado um imóvel de Jurandir, “uma casa de show denominada Serenusa. Inclusive nesta ocasião ele lhe deu uma cópia do depoimento prestado ao Gaeco pelo Jurandir para que não houvesse contradição da versão de ambos”. Acrescenta que precisou assinar notas promissórias cujas datas “batessem” com depósitos de cheques feitos.

Ainda, Elias teria recebido a instrução de "deixar a cidade", pois Edemar "demonstrava preocupação e disse que achavam que estavam sendo monitoradas as operações ilícitas praticadas no âmbito da Assembleia" e que "estaria por vir uma operação policial, mas o declarante se recusou a sair da cidade. Que Edemar insistiu muito para o declarante sair da cidade, mas não o fez. Que então Edemar pediu ao declarante que não fosse mais à Assembleia", consta da delação.

Operação Imperador:

Conforme os autos, um esquema de desvio de dinheiro público liderado por José Riva, foi desvendado pelo Gaeco. O ex-deputado foi denunciado por ter desviado mais de R$ 60 milhões dos cofres públicos com falsas aquisições envolvendo cinco empresas do ramo de papelaria, todas de “fachada”.

Foram denunciados, além de José Riva e Janete Riva, servidores públicos e empresários. São eles: Djalma Ermenegildo, Edson José Menezes, Manoel Theodoro dos Santos, Djan da Luz Clivatti, Elias Abrão Nassarden Junior, Jean Carlo Leite Nassarden, Leonardo Maia Pinheiro, Elias Abrão Nassarden, Tarcila Maria da Silva Guedes, Clarice Pereira Leite Nassarden, Celi Izabel de Jesus, Luzimar Ribeiro Borges e Jeanny Laura Leite Nassarden.

Consta na denúncia, que a organização criminosa fraudou, entre 2003 e 2009, a execução de contratos licitatórios na modalidade carta convite, pregão presencial e concorrência pública, visando à aquisição simulada de material de expediente, de consumo e artigos de informática.

Durante as investigações, foi constatado que os materiais adquiridos não foram entregues, embora servidores tenham atestado as notas de recebimento e a Assembleia Legislativa tenha efetuado os pagamentos.

As cinco empresas envolvidas no esquema são: Livropel Comércio e Representações e Serviços Ltda, Hexa Comércio e Serviços de Informática Ltda, Amplo Comércio de Serviços e Representações Ltda, Real Comércio e Serviços Ltda-ME e Servag Representações e Serviços Ltda.

Os autos contra José Riva e Djalma Ermenegildo foram desmembrados do processo principal. Os motivos foram as prisões preventivas decretadas contra ambos, ainda em 2015.

O outro lado:

Olhar Jurídico
entrou em contato com João Dorileo Leal, presidente do Grupo Gazeta de Comunicação, que aponta que na delação constam apenas algumas linhas que citam seu sobrenome e não o nome completo, tornando impossível haver 100% de certeza sobre a identidade do citado. Ele assevera que, considerando a hipótese de ser ele o acusado, deve, o delator, apresentar provas. Dorileo afirma nunca ter conhecido ou conversado com Elias Nassarden Júnior, que considerou "mentiroso" e "picareta", por usar empresas em seu nome para negociações escusas e por usar o nome de pessoas já mortas em sua denúncia. Ainda levantou suspeitas de que sua delação tenha objetivo de proteger outros nomes.

Explica que três das quatro pessoas elencadas nos trechos acima citados da delação já estão mortas, o que tornaria "fácil" fazer acusação desta natureza. "Que apresente provas", afirmou. Dorileo afirma que jamais procurou agiota e que nunca emprestou dinheiro. Prometeu acompanhar o andamento do processo para descobrir quais são as acusações contra ele feitas e se o delator possui provas. 
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