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OPERAÇÃO RÊMORA

Delator diz ter flagrado presidente da AL pegando 25% de propina no banheiro do Buffet Leila Malouf

01 Dez 2016 - 20:57

Da Redação - Paulo Victor Fanaia Teixeira

Foto: Rogério Florentino Pereira/OD

Alan Malouf recebeu deputado no Buffet

Alan Malouf recebeu deputado no Buffet

Propinas destinadas ao empresário Alan Malouf eram deixadas no banheiro do Buffet Leila Malouf, é o que revela Giovanni Belatto Guizardi em delação premiada realizada junto ao Grupo de Atuação Especial em Combate ao Crime Organizado (Gaeco). As declarações, feitas no dia 16 de novembro, já foram homologadas pelo Tribunal de Justiça (TJ) e apontam para a participação ativa dos deputados estaduais e federais, Guilherme Malouf (PSDB) e Nilson Leitão (PSDB), respectivamente, além de propinas destinadas a quitar dívidas de campanha do governador Pedro Taques.

Por apresentar informações que envolvem políticos com foro privilegiado, a homologação do acordo não foi feita pela juíza da Sétima Vara Criminal, Selma Rosane Arruda, mas pelo TJ. Ainda, como parte do feito, celebrado com o Ministério Público Estadual (MPE), o réu foi liberado nesta quinta-feira (1º) para cumprir prisão domiciliar, após passar cerca de cinco meses na base do Serviço de Operações Especiais (SOE), em Cuiabá.

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Conforme narra ao Ministério Público Estadual (MPE), empresários envolvidos no esquema de fraude deixavam os valores no banheiro da sala de Alan Malouf, na sede administrativa do Buffet Leila Malouf, em Cuiabá. O valor coletado era rateado com o presidente da Assembleia Legislativa de Mato Grosso, Guilherme Malouf, apontado como o verdadeiro “comandante” da Secretaria de Educação (Seduc).

Guizardi explica: “todas as reuniões com Alan Malouf ocorreram no Buffet Leila Malouf”, onde era deixado 50% da propina arrecadada. O modo de pagamento foi decidido entre eles, segundo o próprio delator. “Combinou com Alan Malouf que ele ficaria responsável pela entrega dos 25% para o deputado Guilherme Malouf”.

Não satisfeito, o Gaeco pede que Guizardi explique como funcionava a entrega da propina. Ele narra: “a entrega do dinheiro a Alan Malouf esclarece que ocorria no Buffet Leila Malouf, passando por uma guarita, apenas com uma buzina, sem identificação e dirigindo até ao setor administrativo onde ficava a sala de Alan Malouf, e que o declarante estacionava seu veículo na área reservada aos proprietários, e que não entrava na recepção”.

O delator prossegue: “para o acesso ao banheiro passava-se por um corredor que tem um frigobar, que o declarante quando ia entregar o dinheiro da propina, 50% do valor arrecadado para Alan Malouf, conversava assuntos diversos e depois deixava o dinheiro no banheiro da sala de Alan Malouf”.

Em seguida, Giovanni Guizardi narra em detalhes a ocasião em que flagrou Guilherme Malouf indo pessoalmente buscar sua parte da propina no Buffet Leila Malouf, em junho ou julho de 2015,

“Num sábado pela manhã, esteve no Buffet para fins de entrega de uma quantia que girava entre R$ 120 mil a R$ 160 mil. Após conversar com Alan Malouf, a pedido deste, deixou uma caixa arquivo de papelão no citado banheiro contendo toda a quantia de dinheiro acima relatada, ocasião em que Alan Malouf solicitou ao declarante que retirasse a parte dele (Alan), deixando no banheiro toda a quantia de dinheiro devidamente separada em duas partes”, disse o delator.

Neste momento, Guizardi saiu de onde estava para fumar um cigarro eletrônico, foi quando viu Guilherme Malouf adentrar ao Buffet, em dois Toyota Corolla, um preto e um escuro.

“O deputado se fazia acompanhar de aproximadamente quatro seguranças e um motorista. Os veículos pararam próximo ao declarante e pôde ver todos os seguranças descerem do veículo e o motorista permaneceu no carro com a porta aberta, e o deputado entrou no prédio, rumo à sala de Alan Malouf”

Na sala, Alan Malouf pediu que Guizardi se sentasse no sofá, pois precisava conversar com o deputado em reservado. Eles se afastaram e o delator não pôde ouvir o teor do diálogo.

Após cerca de 20 minutos de espera, viu o presidente da AL “se dirigir até o banheiro da sala de Alan, saindo na sequência de posse da caixa arquivo, onde o declarante havia deixado dinheiro correspondente a 25% de propina”. Em seguida, Guilherme Malouf cumprimentou o delator e foi embora.

Em outra oportunidade, Alan Malouf confirmou ao empresário que Guilherme Malouf estava “ciente das ações da organização criminosa e do papel do declarante (Guizardi) nas operações”.

Guizardi:

O empresário é acusado de, juntamente ao ex-secretário Permínio Pinto Filho, articular um esquema de pagamentos de propinas em obras da Secretaria de Estado de Educação (Seduc). Os valores variavam, segundo o Ministério Público Estadual (MPE), entre R$ 400 mil e R$ 3 milhões e o cartel seria formado por mais de 23 empresas que ganhavam contratos e licitações fraudadas junto a Secretaria.

O outro lado:

Guilherme Maluf:

Em relação às publicações nos veículos de comunicação à respeito da colaboração premiada de Giovani Belatto Guizardi, o presidente da Assembleia Legislativa de Mato Grosso, Guilherme Maluf (PSDB), afirma que:

Não participou de nenhuma eventual irregularidade cometida na Secretaria de Educação (Seduc).

Tomará as providências cabíveis assim que a sua assessoria jurídica tiver acesso aos autos do processo e teor das denúncias.

Afirma que confia na justiça e que ficará comprovado de que não teve participação em qualquer irregularidade.

Alan Malouf:

Em relação às notícias veiculadas nesta quinta-feira (01) referentes ao termo de declaração de Giovani Guizardi que foi encaminhado à imprensa, vimos a público prestar alguns esclarecimentos.

Mesmo ainda não tendo acesso aos autos, é importante ressaltar que Alan Malouf nunca foi líder de nenhuma organização criminosa.

A defesa do empresário vai aguardar ter acesso aos autos para se manifestar de forma transparente, uma vez que considera absurdas as acusações.

Reiteramos, também, que Alan Malouf está à disposição das autoridades competentes para prestar as informações necessárias, acreditando, sempre, na Justiça.
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