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OPERAÇÃO RÊMORA

MPF não deverá abrir investigação contra Taques e Leitão sobre esquema de propinas na Seduc

07 Dez 2016 - 13:15

Da Redação - Paulo Victor Fanaia Teixeira

Foto: Felipe Sampaio

Rodrigo Janot

Rodrigo Janot

O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, não deverá instaurar investigação em face do governador do Estado, Pedro Taques (PSDB) e de seu colega de partido, o deputado federal por Mato Grosso, Nilson Leitão, ambos citados na delação premiada firmada pelo empresário Giovani Guizardi. 

O proprietário da Dínamo Construtora declarou ao MPE ser operador de um esquema criado para desviar dinheiro de reformas e construção de escolas públicas a fim de quitar dívidas de R$ 10 milhões do "caixa 2" da campanha eleitoral do governador Pedro Taques (PSDB) de 2014. O deputado federal Nilson Leitão (PSDB) e o deputado estadual Guilherme Maluf (PSDB) seriam membros do núcleo do esquema, segundo o delator.

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De acordo com o site Mídia News, a informação partiu do Ministério Público Estadual (MPE). No entender de Rodrigo Janot, segundo o site, a mera citação a Taques e Leitão não são elementos suficientes para determinar qualquer abertura de inquérito. Para tanto, deve ser necessária a apresentação de documentos que sustentem as declarações.

Conforme havia adiantado ao Olhar Jurídico o chefe do Grupo de Atuação Especial Contra o Crime Organizado (Gaeco), promotor Marco Aurélio, todos os autos da “Operação Rêmora” foram enviados a Procuradoria Geral da República (PGR). Isto porque as declarações do delator Giovanni Guizardi envolvem figuras com foro privilegiado.

“O Gaeco só cuida da parte das pessoas que não têm foro. Essas delações, se amanhã ou depois, falar de alguém que tem foro, será recortada na instância correta”, explicou o promotor, que acrescentou. “O que ele (Guizardi) nos trouxe da delação foi remetido a PGR. Não sei qual vai ser o foco deles, se vai atuar contra deputado A, deputado B. Encaminhamos todos os autos da investigação a PGR”, concluiu.

Entenda o caso:

Guizardi envolve em sua delação o nome do empresário Alan Malouf, que doou R$ 10 milhões para a campanha de Taques e disse ao delator que teria de recuperar esse dinheiro. O próprio Guizardi doou para o governador. Ele relata que colaborou com R$ 300 mil e que está é uma prática que tem o costume de fazer para não ter “dificuldades”. A assessoria de imprensa do empresário afirma que mesmo não tendo acesso aos autos, ressalta que Alan Malouf nunca foi líder de nenhuma organização criminosa.

Giovani declara que no ano de 2015 foi criado informalmente uma organização criminosa a qual o fez parte e o intuito era arrecadar fundos ilícitos para fins de saldar pagamentos não declarados em campanhas eleitorais de 2014. O empresário afirma ainda que não fez parte da “criação” do esquema e entrou nele quando as fraudes já estavam acontecendo, sendo operadas pelo então secretário de Educação, Permínio Pinto (PSDB), Fábio Frigeri, Leonardo Guimarães e Ricardo Sguarezi.

Giovani relata que conhece o empresário Alan Malouf desde a infância e foi ele quem o ajudou a entrar para o esquema. Guizardi procurou Malouf em março de 2015 e solicitou que sua empresa, Dinamo Construtora, pudesse trabalhar em obras na Seduc , pois nunca tinha atuado nesta secretaria, que é a terceira em maior volumes de obras no Estado. A primeira reunião teria acontecido no buffet Leila Malouf, ocasião em que o delator soube que o deputado estadual Guilherme Maluf era o responsável por indicar o superintendente da Seduc , Wander Luiz.

Giovani então reuniu-se com Wander na própria Secretaria de Educação e ouviu que o interlocutor estava com dificuldades e que as pessoas que investiram na campanha de Taques teriam que receber o dinheiro investido e essa pessoa seria Alan Malouf. Ficou combinado o pagamento 5% do valor das obras cobradas por Wander.

O declarante conta que o critério utilizado para a divisão da propina foi dar a maior porcentagem, de 25%, para para as figuras formalmente responsáveis pela pasta, como, Alan Malouf, Permínio Pinto e o deputado estadual Guilherme Maluf (PSDB), que, de acordo com o delator, era quem detinha o real o real poder político na Secretaria. Por meio de nota, Maluf também negou qualquer participação em irregularidades. Fábio Frigeri e Wander ficariam com 5% e o delator 10%.
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