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OPERAÇÃO RÊMORA

Chefe do Gaeco diz que soltura de Alan Malouf foi baseada em "mentira"

24 Jan 2017 - 15:10

Da Redação - Paulo Victor Fanaia Teixeira

Foto: Rogério Florentino Pereira/OD

Alan Malouf em depoimento ao Gaeco

Alan Malouf em depoimento ao Gaeco

O chefe do Grupo de Atuação Especial em Combate ao Crime Organizado (Gaeco), Marco Aurélio Castro, contestou a decisão da magistrada plantonista Maria Rosi Meira Borba, que no início da noite de 24 de dezembro (de 2016) determinou a soltura do empresário Alan Malouf, sócio do Buffet Leila Malouf. Segundo a magistrada, o réu estaria colaborando com as investigações. Para o chefe do Gaeco, isso "não é verdade". Ele informou que entrará com recurso solicitando o retorno do empresário à prisão.

Alan Malouf ficou preso nos Serviços de Operações Especiais (SOE) por apenas 10 dias, por conta da terceira fase da “Operação Rêmora”, denominada "Grão Vizir". 

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“A juíza soltou (Alan Malouf) dizendo que ele estava colaborando (com as investigações), isto é mentira, ele não estava colaborando não. Ele prestou interrogatório, mas ele está incompleto, por tudo o que temos de conhecimento e de provas. Ele não está colaborando, como a juíza disse que ele estaria, não”, declarou o chefe do Gaeco, Marco Aurélio Castro, ao Olhar Jurídico na manhã desta terça-feira (24).

A terceira fase da “Rêmora" foi deflagrada após o acordo de colaboração premiada firmado pelo proprietário da Dínamo Construtora, Giovani Guizardi. O empresário citou Alan Malouf como um dos chefes da organização criminosa, a quem deveria entregar quantias em dinheiro, para que fosse então repassada para o deputado Guilherme Malouf (PSDB), primo de Alan, apontado como o verdadeiro “comandante” da Secretaria de Educação (Seduc).

Segundo o delator, Alan Malouf teria doado R$ 10 milhões para a campanha de Pedro Taques ao governo. Em contrapartida, o empresário recuperaria esse dinheiro por meio de propinas. Os encontros para organizar o esquema de repasses de dinheiro ilícito ocorreriam no buffet.

Juíza rebate

Por meio da assessoria do TJ, ao Olhar Jurídico, a magistrada Maria Rosi Meira Borba evitou comentar o mérito do julgamento, mas explicou que decidiu sobre a revogação de prisão preventiva de Alan Maluf "por determinação da Desembargadora Maria Helena Póvoas". Lembrou ainda que, caso o MPE não esteja contente com a decisão, poderá recorrer ou à Sétima Vara Criminal ou ao TJ para revogar a liberdade do réu. Por fim, lembrou que ao empresário foram impostas medidas cautelares, tais como tornozeleira eletrônica, para que ele pudesse ter sua prisão domiciliar admitida.  

Operação Rêmora – Grão Vizir

Giovani declarou que no ano de 2015 foi criado informalmente uma organização criminosa a qual o fez parte e o intuito era arrecadar fundos ilícitos para fins de saldar pagamentos não declarados em campanhas eleitorais de 2014. O empresário afirma ainda que não fez parte da “criação” do esquema e entrou nele quando as fraudes já estavam acontecendo, sendo operadas pelo então secretário de Educação, Permínio Pinto (PSDB), Fábio Frigeri, Leonardo Guimarães e Ricardo Sguarezi.

Giovani relata que conhece o empresário Alan Malouf desde a infância e foi ele quem o ajudou a entrar para o esquema. Guizardi procurou Malouf em março de 2015 e solicitou que sua empresa, Dinamo Construtora, pudesse trabalhar em obras na Seduc , pois nunca tinha atuado nesta secretaria, que é a terceira em maior volumes de obras no Estado. A primeira reunião teria acontecido no buffet Leila Malouf, ocasião em que o delator soube que o deputado estadual Guilherme Maluf era o responsável por indicar o superintendente da Seduc , Wander Luiz.

Giovani então reuniu-se com Wander na própria Secretaria de Educação e ouviu que o interlocutor estava com dificuldades e que as pessoas que investiram na campanha de Taques teriam que receber o dinheiro investido e essa pessoa seria Alan Malouf. Ficou combinado o pagamento 5% do valor das obras cobradas por Wander.

O declarante conta que o critério utilizado para a divisão da propina foi dar a maior porcentagem, de 25%, para para as figuras formalmente responsáveis pela pasta, como, Alan Malouf, Permínio Pinto e o deputado estadual Guilherme Maluf (PSDB), que, de acordo com o delator, era quem detinha o real o real poder político na Secretaria. Por meio de nota, Maluf também negou qualquer participação em irregularidades. Fábio Frigeri e Wander ficariam com 5% e o delator 10%.

Outro lado 

Desde que teve seu nome envolvido no esquema, o empresário Alan Malouf, por meio de sua assessoria de imprensa, tem reiterado que colabora com a Justiça. Também citado, o deputado estadual Guilherme Maluf nega com veemencia qualquer participação nas fraudes investigadas pelo Gaeco. 
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