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DELAÇÃO PREMIADA

"Quer que eu te ensine a trabalhar?", gritou Zílio a empresário que se queixou das propinas exigidas

21 Fev 2017 - 14:16

Da Redação - Paulo Victor Fanaia Teixeira

Foto: Rogério Florentino Pereira/OD

César Zílio

César Zílio

Em depoimento ao Ministério Público Estadual (MPE), o proprietário da Marmeleiro Auto Posto Edézio Corrêa revela que seu sócio Juliano Volpato levou um “puxão de orelha” do então secretário de Administração César Zílio, logo na primeira reunião que tiveram. Queixando-se, Volpato, de não ter margem em seu contrato para pagar R$ 70 mil em propinas mensais, ouviu de Zílio que não era “bobo”. Em outro trecho apontado pelo MPE ele cita:  “você quer que eu te ensine a trabalhar?”, criticou.

A revelação consta em termo de colaboração firmado em abril de 2016 e deu suporte para a deflagfração da quinta fase da "Operaçãço Sodoma", desencadeada no dia 14 de janeiro e que desnudou um esquema de desvios de verbas e pagamentos de propinas entre 2011 e 2014. 

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Segundo o MPE, o pagamento de R$ 70 mil ao mês serviria para garantir o pagamento em dia do contrato celebrado com o Estado, para concessão de combustíveis para veículos no interior de Mato Grosso. A Marmeleiro Auto Posto também lucrou com o esquema, segundo as investigações. O MPE calcula que Volpato e seu sócio, Edézio Corrêa, teriam lucrado R$ 2.439.500,00 indevidamente.

Já na primeira reunião entre César Zílio, Voltapo e Corrêa, a conversa não teria sido amistosa. Forçado a “dar um jeito” de arrumar R$ 70 mil ao mês para manutenção do esquema de fraudes, Volpato abordou a falta de margem em seu contrato para incluir propinas, o que o levaria a tirar de seu próprio bolso. Foi então que teria ouvido de César Zílio. “Meu amigo, você tem margem sim, eu não sou bobo, tenho três cursos superiores, sou advogado, contador e economista, quer que eu te mostre que você tem margem? Você quer que eu te ensine a trabalhar? Você tem o sistema, tem o controle, tem a faca e o queijo na mão, você tira do bolso porque quer, mas eu não vou ensinar ninguém a trabalhar”.

Não havendo alternativa, os empresários cederam ao pagamento de propinas, conforme exigido. O mesmo trecho, referente a declaração de Zílio, também se encontra no relato dos depimentos de Julio Cezar Volpato.

Zílio era o responsável para receber a propina e distribuir entre os integrantes da organização criminosa, conforme ele mesmo informou em delação premiada firmada com o Ministério Público Estadual (MPE). A maior parte do dinheiro, no entanto, era repassada a Silval, que recebia R$ 30 mil desse valor.

O pagamento servia para garantir que a Marmeleiro Auto Posto, empresa de Volpato, mantivesse contratos com o Governo do Estado e permanecesse lucrando e causando prejuízo ao erário estadual. Ao todo, o Ministério Público Estadual (MPE) calcula que Volpato e seu sócio, Edézio Corrêa, teriam lucrado R$ 2.439.500,00 indevidamente.

César Zílio e Volpato figuram como os principais delatores do esquema investigado pela "Operação Sodoma 5". Os depoimentos de ambos possibilitaram que os investigadores chegassem a figuras como a do advogado Francisco Faiad, substituto de Zílio na SAD.

Sodoma 5:

O rombo total do esquema investigado pela operação, segundo o MPE, é de R$ 8.182.500 milhões. As fraudes em licitação e o superfaturamento de gasto com combustíveis era realizado principalmente com a intermediação das figuras dos secretários de Administração César Zílio, Francisco Faiad e Pedro Elias.

Conforme à Polícia Civil, os três atuaram e se beneficiaram diretamente do esquema. Contudo, a maior parte do valor era revertida ao ex-governador Silval Barbosa. A SAD era o alvo principal do grupo por se tratar de um órgão em que os pagamentos eram realizados e os contratos licitados.

As empresas Marmeleiro Auto Posto Ltda., Saga Comércio e Serviço Tecnologia e Informática Ltda, (ambas pertencentes a Juliano Volpato) e Trimec Construções e Terraplanagem Ltda., teriam sido diretamente beneficiadas pelo esquema.
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