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Quinta-feira, 02 de maio de 2024

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sodoma 4

Delator conta que sofreu "golpe" dentro de esquema que desviou R$ 15 milhões dos cofres públicos

Foto: Rogério Florentino Pereira/Olhar Direto

Silval Barbosa seria o líder do grupo criminoso

Silval Barbosa seria o líder do grupo criminoso

O delator premiado Filinto Muller contou nesta segunda-feira (18) que sofreu um golpe do ex-procurador do Estado Francisco de Andrade Lima Filho (vulgo Chico Lima) o esquema que desviou R$ 15,8 milhões dos cofres públicos, no processo de desapropriação do bairro Jardim Liberdade. O depoimento foi prestado a juíza Selma Rosane Arruda da 7º Vara Criminal e faz parte da ação penal resultante da Operação Sodoma 4. O réu firmou acordo de delação premiada com o Ministério Público Estadual (MPE) e confessou sua participação no esquema criminoso aos agentes da Delegacia Fazendária. 

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Narra o delator que teria tentado convencer o ex-procurador Chico Lima para que recebesse 4% da quantia desviada no esquema. Mas sem sucesso, aceitou 3%, embolsando pouco mais de R$ 450 mil. Todavia, descobriu somente após as investigações do MPE que Chico Lima teria acordado com os demais integrantes do suposto grupo criminoso que o valor acertado era de 3%. A diferença de 1%, pouco mais de R$ 150 mil, foi embolsada por Chico Lima, prejudicando assim os interesses excusos do empresário.  (Veja no tempo real).

Segundo narrou Muller, a empresa SF, de sua propriedade, foi usada para lavar os mais de R$ 15,8 milhões desviado dos cofres do Estado, no processo de desapropriação do bairro Jardim Liberdade, em Cuiabá. O ideia era, segundo o delator, que fosse encerrada a empresa SF ao final do mandato de Silval, para evitar que o esquema fosse rastreado pelas autoridades policiais. 

Siga o depoimento das testemunas e do delator Filinto Muller 

17h45 - A segunda testemunha de hoje é a funcionária pública lotada no gabinete do governador Pedro Taques que também já foi lotada no gabinete de Silval, Maria Auxiliadora de Moraes. Questionada se havia procuradores lotados no gabinete do governador Silval Barbosa, a testemunha confirma: Chico Lima. "Que estava direto no gabinete era ele". Também, a procuradora Fabiola Garcia. Esta última atuava mais na Casa Civil. Enquanto que Chico Lima atendia mais ao governador.

15h10 - O delator garante que Valdir Piran sabia que os R$ 10 milhões que receberia seria oriundo da desapropriação do terreno. Deduz isso a partir dos contatos que Piran mantinha com alguns membros da suposta organização criminosa. "Ele sabia de tudo". Segundo Filinto Muller, dos R$ 10 milhões que Valdir Piran recebeu, pelo menos metade foi para o grupo São Benedito.

15h01 - Segundo Filinto Muller, após as investigações ele chegou a conclusão que sofreu um golpe dentro do esquema. Chico Lima teria combinado com ele 3% de propina sobre os R$ 15,8 milhões. Todavia teria dito a todos que seria 4%, arrecadando a quantia e ficando com 1% do delator.

14h54
- Uma reunião foi feita entre o delator, Nadaf e Maicon Milas. Muller procurou Valdir Piran, que indicou que alguns cheques fossem descontados para quitar a extorsão. "Eu estava acordando 3h da manhã, trocando de computador a cada três meses. Estava consciente que eu estava cometendo lavagem de dinheiro, cometendo um crime, cometendo tudo que eu não havia aprendido na vida, estava desconfortável", desabafa o delator. 

14h41 - Adiante, narra o réu que Pedro Nadaf foi extorquindo por Antônio Carlos Milas, do jornal Centro Oeste Popular. Um cheque foi assinado pela SF à pedido de Pedro Nadaf, que explicou que se destinaria a deputada Luciane Bezerra. O que não era verdade. Ele se destinaria a extorsão. Filinto Muller afirma que tanto ele quanto sua empresa também estavam sendo extorquidos pelo Centro Oeste Popular.

Após a reunião, Pedro Nadaf apresentou uma questão a respeito de um pagamento que Filinto Muller deveria fazer para Silval Barbosa. Lá ficaria acordado que R$ 10 milhões dos R$ 15,8 seriam encaminhados a Valdir Piran, por conta de uma dívida do então governador. Tirando a dívida de Silval, a maior parte da propina seria destinada a Chico Lima e Pedro Nadaf.                       

Sobre Valdir Piran, o delator afirma que recebia dele 7 ligações ao dia exigindo a entrega dos R$ 10 milhões. "Era algo fora....", "parecia que eu ia receber o dinheiro e sumir no mundo".                        

14h35 -  Às testemunhas defesa, Filinto Muller esclarece que jamais viu ou conversou com Silval Barbosa e Marcel de Cursi. Tudo o que sabia sobre suas supostas atuações partiram da boca de Pedro Jamil Nadaf e Chico Lima.

A defesa de Chico Lima "adiantou uma questão" que causou estranheza a todos: se o delator havia tratado de propinas deste esquema com a pessoa de Marcelo Malouf, um dos sócios do grupo São Benedito e primo do deputado Guilherme Malouf. Filinto Muller sorri constrangido e nega a afirmação. 

14h30 - Narra o delator que certo dia participou de uma reunião onde estavam Pedro Nadaf, Arnaldo, Afonso Dalberto e Chico Lima. O motivo do encontro seria apresentar "o cara que vai receber o dinheiro, é nele que eu confio", teria dito Chico Lima sobre Filinto Muller. "Foi tipo uma apresentação", explica. "Maracaram um X na minha testa e 'olha, é esse aqui que vai receber...'", completa ele. 

14h23 - Afirma Muller que usou o pedreiro Sebastião Farias como laranja no esquema. Em alguns momentos Muller chegou a falsificar assinatura dele. "Sebastião nunca teve acesso a nada, nunca soube de um real que era movimentado", declara. Sobre os R$ 15,8 milhões de propinas investigado na Sodoma 3, o delator confirma. "A parte da propina foi 100% recebida pela SF"                       

"Eu tava cobrando 4% e ele [Chico Lima] falava que não, que não, que não, que na dava, que o pessoal não ia aceitar, que era caro e chegamos a 3% dos R$ 15,8 milhões para fazer a lavagem de dinheiro para eles", declara.

14h19 - Filinto Muller explica ser proprietário e administrador da empresa SF, que foi constituída em nome de terceiros. A empresa teria sido constituída a pedido de Chico Lima para que valores maiores fossem depositados em suas contas. Adiante ele explica, trata-se de lavagem de dinheiro em favor do procurador aposentado.                       

"Abra uma empresa, de preferência no nome de terceiros, para que a gente possa fazer outras operações, outras movimentações", teria declarado Chico Lima ao delator.

Ele não gostaria de ter seu nome ligado a empresa, temendo que ela poderia eventualmente ser investigada pelo esquema de lavagem de dinheiro.                       

Razão pela qual constituiu a empresa em nome de terceiros.                       
 
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