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CASTELO DE AREIA

Vítima de ex-sócio de João Emanuel apontado como "maior golpista de MT" presta depoimento

12 Jun 2017 - 11:50

Da Redação - Paulo Victor Fanaia Teixeira

Foto: Reprodução/PJC

Walter Dias Magalhães e esposa

Walter Dias Magalhães e esposa

A Sétima Vara Criminal retoma nesta segunda-feira (12) a ação penal da “Operação Castelo de Areia”, que investiga organização criminosa para aplicação de golpes na praça envolvendo o ex-vereador João Emanuel Moreira Lima. Às 13h30 de hoje foi colhido o testemunhdo do empresário Gilson César do Nascimento, vítima do esquema.

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O processo de hoje é um desmebramento da ação original, constando como réu apenas o empresário Walter Dias Magalhães Júnior, presidente do Grupo Soy, e sua esposa Shirlei Aparecida Matsouka Arrabal.  

O rito penal será conduzido pela juíza Selma Rosane Arruda, que responde Exceções de Suspeição na segunda instância do Tribunal de Justiça. Os recursos foram protocolizados pelo ex-vereador e seu irmão e corréu Lázaro Moreira Lima, conforme noticiado esta manhã por Olhar Jurídico (veja Leia Mais).

Walter Dias:

O empresário Walter Dias Magalhães, de 40 anos, é apontado pela polícia como um dos maiores golpistas do Estado. Ele é sócio do ex-vereador, João Emanuel.

Ao GCCO, o investigado alegou ter patrimônio suficiente e total interesse de ressarcir as vitimas prejudicadas no esquema. Com um salário de R$ 9 mil por mês na Soy Group, ele apresentou um terreno no valor de R$ 32 milhões, localizado na avenida do CPA (Historiador Rubens de Mendonça), que poderia ser utilizado.
 
Walter Dias Magalhães ainda confirmou que já foi indiciado por estelionato, mas que nunca foi condenado por tal crime. O empresário e a esposa, Shirlei Aparecida Matsucka, respondem a outros dois inquéritos por supostos golpes cometidos da mesma forma contra outras três pessoas em Mato Grosso, segundo a polícia.
 
As investigações da 1ª Delegacia de Polícia de Várzea Grande apontam que o casal teria cometido crimes de estelionato, apropriação indébita e associação criminosa. O dinheiro dos golpes seria utilizado pelo casal para comprar carros de luxo e outras aquisições que ainda estão sob investigação. Por fim, é dito que Walter é um dos maiores estelionatários do estado e tem dezenas de boletins de ocorrência registrados contra ele, por vítimas de diferentes regiões de Mato Grosso.
 
Sócio de João Emanuel:
 
Em seu depoimento, o empresário disse que foi procurado por João Emanuel em janeiro de 2015. Como ele não estava conseguindo dar baixa na empresa ABC Shares, o ex-vereador disse que poderia auxiliá-lo e conseguiu resolver o problema em apenas um dia, por isso ganhou a confiança de Walter.
 
Por conta disto, Walter convidou João Emanuel para ser vice-presidente da Soy Group. Desta maneira, o ex-presidente da Câmara de Vereadores de Cuiabá também levou o pai Irênio Lima Fernando, que é juiz aposentado e o irmão Lázaro Roberto Moreira Lima. O primeiro atuou  como chefe de operação, enquanto que o segundo seria o diretor jurídico da empresa.
 
João Emanuel seria o CEO - Chief Executive Officer, que seria um diretor executivo da empresa -. Meses depois, Walter afirmou ter sido apresentado a Mauro Chen, que seria o falso chinês utilizado para dar maior credibilidade ao esquema, segundo as investigações da GCCO. O ex-vereador teria, inclusive, fingido traduzir o que Chen dizia em mandarim.

Entenda o Caso:

Na Castelo de Areia, foram denunciados: o ex-vereador João Emanuel Moreira Lima; o  juiz aposentado Irênio Lima Fernandes; os empresários Walter Dias Magalhães Júnior, Shirlei Aparecida Matsouka Arrabal e Marcelo de Melo Costa; o advogado Lázaro Roberto Moreira Lima; o contador Evandro José Goulart; e o comerciante Mauro Chen Guo Quin. O processo tramita na Vara Especializada Contra o Crime Organizado da Capital.

Consta na denúncia, que os acusados praticaram golpes milionários por intermédio  das empresa American Business Corporation Shares Brasil Ltda e Soy Group Holdin America Ltda.
 
Referidas pessoas jurídicas atuavam, em tese, no ramo de mercado financeiro com a captação de recursos no exterior, cujas taxas de juros teriam, supostamente, valor inferior ao praticado no Brasil, atraindo, assim, o interesse de investidores, agricultores e empresários.

“A suposta organização criminosa tem o seguinte modus operandi: inicialmente captavam pessoas que tinham interesse em obter empréstimos com juros menores ou de investir em empreendimentos imobiliários; em seguida acertavam o valor do suposto empréstimo ou do investimento, que são sempre de valores altíssimos; firmavam pré-contratos do suposto empréstimo/investimento; e, após, solicitavam determinada quantia (sempre valores altos, proporcionais ao valor do suposto empréstimo) que, segundo eles, era necessária para a concretização do empréstimo/investimento; após receber os valores repassados pelas vítimas começavam a dar “desculpas”, não empregavam os valores conforme prometido e tampouco devolviam as quantias pagas pelas vítimas”, diz a denúncia.

A liderança da organização, conforme a denúncia, era exercida pelo empresário Walter Dias Magalhães Júnior. “Para dar aparência de negócio lícito e seguro, a organização criminosa ainda contava com o auxílio do chinês Mauro Chen Guo Qin, que se apresentava como dono de um banco estrangeiro, e atuava diretamente na tratativa dos empréstimos fraudulentos. Por sua vez, Evandro José Goulart e Marcelo de Melo Costa participavam também ativamente na captação de vítimas e tratativas dos empréstimos fraudulentos”, acrescentou.
 
A audiência

A oitiva de hoje foi com a testemunha Gilson César do Nascimento, que negou conhecer os réus. Segundo o MPE, ele foi vítima dos fatos criminosos perpetrados pela organização de Walter Dias Magalhães. 

Narra que era sócio da empresa Material Forte e que em 2016 ele teria, em nome da empresa, buscado um empréstimo junto à Soy Group.

Conta que no fim de 2015 não recebeu pagamentos da empresa e por isso aculumou dívidas com fornecedores e impostos atrasados. Para evitar isso, contraíram empréstimo. 

Foi quando Gerson ouviu dizer, por meio do captador de negócios Airton, que a Soy Group faria empréstimo tendo como garantia apenas os recebíveis pela empresa. 

O diretor financeiro do Soy Group, identificado como Evandro, foi quem recebeu Gerson para uma negociação. Para fechar negócio, era preciso que a empresa assinasse um cheque de garantia. 

Gerson forneceu como garantia seis cheques de R$ 180 mil. Dois deles foram sacados já no início das negociações. 

A vítima começou a suspeitar do negócio quando não foram apresentados nenhum comprovante depois de efetivado o empréstimo. Outra reunião foi feita e Gerson ameaçou suspender o contrato. 

“Decidimos romper, pois vimos que não era sério”, diz Gerson sobre o empréstimo com a Soy Group. 

“Eles devolveram os cheques, mas não devolveram os R$ 40 mil”, reclama a vítima, momento seguinte. Diante do impasse, o empresário acionou o GCCO. 

“Não eram pessoas de boa fé”, diz o empresário sobre a Soy. Ele obteve essa conclusão depois de receber do grupo uma proposta de solução junto ao SERASA, o que, segundo Gerson, não faz o menor sentido. 

Confirme o próprio esclarece à defesa, os cheques não compensados foram devolvidos à vítima. 

A audiência foi encerrada às 14h.
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