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Sábado, 27 de abril de 2024

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SODOMA

​Delator se define como personagem "satélite" em esquema e diz que Silval o chamava de "cagão"

Foto: Rogério Florentino Pereira/Olhar Direto

​Delator se define como personagem
O delator e ex-presidente do Intermat, Afonso Dalberto, se define como um personagem 'satélite' no esquema que teria desviado pelo menos R$ 7 milhões aos cofres públicos. Dalberto depôs nesta segunda-feira (03), na Sétima Vara Criminal e explicou novos e curisos detalhes sobre o esquema.

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Conforme o delator, o núcleo principal da suposta quadrilha era integrado pela parte financeira encabeçada pelos ex-secretários Arnaldo Alves e por Marcel de Cursi, além de parte de gestão, composta por Pedro Nadaf e pelo ex-governador Silval Barbosa. Foi justamente Silval quem, em uma ligação com Dalberto, brincou ao chamá-lo de 'cagão'. “Ele me chamou assim porque eu estava com medo de avaliar o terreno”, explicou ao se referir sobre o terreno localizado no bairro Jardim Liberdade, que já pertencia ao Estado mais desapropriado para desviar recursos dos cofres públicos.
 
O medo, multiplicado pela sensação de ser um personagem menos relevante nas negociações, não era exclusividade de Afonso. Até Pedro Nadaf - que compunha a parte mais privilegiada do esquema - foi tomado pelo mesmo sentimento quando soube, já dentro da prisão, que os empresários Valdir Piran e Filinto Müller estariam firmando acordo de delação com o Ministério Público.

“Eu fiquei sabendo que uma parte do dinheiro iria para o Valdir Piran. Por isso o Nadaf me contou, quando nós já estamos no CCC [Centro de Custódia da Capital], que estava com medo do Filinto e do Valdir delatarem porque daí a Justiça saberia que era algo ainda maior”, contou.

Tempos depois, quando já cumpria prisão domiciliar, Dalberto é que aceitaria colaborar com a Justiça. E, meses mais tarde, Nadaf repetiria o feito, mas desta vez firmando acordo de delação premiada com o MP. O ex-secretário, aliás, teve acordo recentemente homologado pelo ministro Luiz Fux, do Supremo Tribunal Federal (STF). O termo de declaração do acordo foi distribuído aos advogados de defesa. O teor da delação permanece em sigilo e a expectativa é que envolva nomes mais graúdos da política estadual e nacional.

Tempos tranquilos

O medo, que antes era companheiro de prisão, agora parece ter dado lugar a um sentimento de confiança, menos receio pelo que pode ocorrer com a iminência da verdade. Tal sentimento parece ter sido corroborado por uma sucessão de delações e de confissões daqueles que anterioremente seriam os possíveis algozes. Em seu depoimento, Afonso Dalberto explicou que a pressão que sentia ao falar a verdade era também interna, já que ele havia adquirido problemas psicológicos no cárcere.

Não é a-toa que, quando questionado pela promotora Ana Cristina Bardusco sobre se sente ainda algum receio, o ex-intermat responde: “Eu confesso que aquele medo que eu sentia foi muito mais naquela ocasião de depressão dentro da prisão. Eu ouvia ameaças, a situação era bem mais complicada”, explicou. 

Operação Sodoma

A audiência desta segunda é conseqüência da Operação Sodoma, em sua quarta fase. O foco da referida foi o desvio de dinheiro público realizado por meio de uma desapropriação milionária paga pelo governo Silval Barbosa durante o ano de 2014.

As diligências realizadas evidenciaram que o pagamento da desapropriação do imóvel conhecido por Jardim Liberdade, localizado nas imediações do Bairro Osmar Cabral, na capital, no valor total de R$ 31.715.000,00 à empresa Santorini Empreendimentos Imobiliários Ltda, proprietária do imóvel, se deu pelo propósito específico de desviar dinheiro público do Estado de Mato Grosso em benefício da organização criminosa liderada pelo ex-governador Silval da Cunha Barbosa.

De todo o valor pago pelo Estado pela desapropriação, metade, ou seja, R$ 15.857.000,00 retornaram via empresa SF Assessoria e Organização de Eventos, de Propriedade de Filinto Muller em prol do grupo criminoso.

De acordo com a investigação, a maior parte do dinheiro desviado no montante de R$ 10.000.000,00 (dez milhões de reais) pertencia a Silval Barbosa, ao passo que o remanescente foi dividido entre os demais participantes, no caso Pedro Nadaf, Marcel De Cursi, Arnaldo Alves de Souza Neto, Afonso Dalberto e Chico Lima.
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