O advogado Omar Calil foi o único que não recebeu com surpresa o anúncio feito pela juíza Selma Rosane Arruda no início da audiência desta segunda-feira (03), na Sétima Vara Criminal. A magistrada distribuiu diversas cópias de um termo de declaração referente à delação premiada do ex-secretário Pedro Nadaf, acordo que foi homologado pelo ministro Luiz Fux, do Supremo Tribunal Federal (STF).
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“Antes de dar início a audiência eu queria avisar os senhores que já foi homologado o acordo de delação do senhor Pedro Nadaf pelo ministro do Supremo Tribunal Federal, Luiz Fux. Como o teor do acordo é sigiloso eu queria pedir aos senhores que não espalhassem nenhuma informação sobre o documento”, avisou a magistrada enquanto distribuía cópias do termo de declaração assinado pelo réu delator.
Apesar de surpreender os advogados, Selma explicou às defesas que o acordo não altera em nada as declarações já prestadas pelo ex-secretário anteriormente, ao confessar sua participação nos crimes de que é acusado. Com esta informação, não é difícil inferir que a delação de Nadaf esteja no mesmo patamar do ‘acordo de confissão’ firmado por Silval Barbosa junto ao Ministério Público de Mato Grosso. A confissão permitiu ao ex-governador cumprir prisão preventiva em casa, em troca ele se comprometeu a devolver R$ 46 milhões aos cofres públicos.
Na ocasião, a decisão que permitiu a saída do ex-governador – distribuída a imprensa pela assessoria do Tribunal de Justiça (TJMT) – possuía trechos suprimidos com menção a nomes com foro privilegiado. A expectativa é que a delação de Nadaf tenha as mesmas características, com o envolvimento de nomes não muito diferentes daqueles já citados pelo ex-governador. As menções a nomes do alto escalão do governo federal e estadual foram enviadas ao STF.
Para Omar Calil, no entanto, o que foi falado por Silval não vai diminuir a força do que Nadaf já contou ou ainda deve contar a Procuradoria da República. Apesar disso, o advogado se negou a comentar sobre o quanto a pena do ex-secretário será reduzida e qual o valor a ser entregue por ele em troca do benefício.
“O Silval parte da premissa de confessar os fatos que ele teve participação e negar aquelas que ele não teve. De todas as declarações que o Nadaf já fez até aqui não existe a possibilidade de perder a força pelo fato de o Silval vier a colaborar ou não”, argumentou.
Em agosto do ano passado, ao confessar pela primeira vez,
Pedro Nadaf prometeu devolver o ‘lucro’ obtido nos esquemas em que teve participação, mas não revelou quanto exatamente será entregue à Justiça. Na época, o réu explicou que apenas no esquema desbaratado pela Operação Sodoma ele havia ganhado R$ 1.515.807. Nadaf deve prestar novo depoimento na próxima terça-feira (04).
Os caminhos da delação
Omar Calil sabia do ‘furo’ da notícia da delação há pelo menos oito meses. Tudo começou em dezembro do ano passado, quando o ex-secretário dera início às tratativas do acordo com a Procuradoria Geral da República (PGR) em Brasília. Mas a delação foi uma conseqüência natural do depoimento prestado por Nadaf no dia 15 de agosto de ano passado quando surpreendeu a todos e resolver confessar todos os crimes de que era acusado, além de apontar o ex-governador Silval Barbosa como líder da quadrilha.
“Desde quando o Nadaf demonstrou querer confessar, ele já iniciou as tratativas de um acordo de delação”, pontuou Omar, “desde o início foi uma decisão dele, jamais a defesa interferiu nestas questões, ele pensou bastante durante o tempo que permaneceu em custódia e manifestou interesse em colaborar”, narrou o advogado
