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Sexta-feira, 26 de abril de 2024

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Perri parte para o enfrentamento com Taques: “pensa meu detrator que pode corrigir-me a palmatórias”

Foto: Rogério Florentino Pereira/Olhar Direto

Perri parte para o enfrentamento com Taques: “pensa meu detrator que pode corrigir-me a palmatórias”
O desembargador Orlando Perri respondeu ao governador Pedro Taques sobre a suposta acusação de parcialidade nos processos sobre grampos. O magistrado considera pirotecnia em busca de seu afastamento as insinuações ofertadas pelo Poder Executivo.
 
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“Pensa meu detrator que pode corrigir-me a palmatórias”, afirmou Perri na decisão que desencadeou nesta quarta-feira (27) a operação Esdras.
 
Pedro Taques postou-se furioso na última quarta-feira (20), dia em que foi determinado o afastamento do secretário de Segurança Rogers Jarbas, por obstrução de Justiça.
 
Na mesma data foi instalada uma tornozeleira eletrônica na perna direita de Jarbas.
 
“A decisão do Perri merecerá os recursos judiciais apropriados, inclusive no CNJ, porque ele está se arvorando a delegado de policia, membro do MP, violando sua imparcialidade, que é um direito constitucional”, afirmou o tucano na ocasião.
 
Exatamente uma semana depois, Perri se apoio em declarações do tenente coronel Soares para desencadear a Esdras e determinar prisões contra 8 pessoas supostamente envolvidas nas interceptações ilegais.
 
O magistrado enxergou ainda uma oportunidade para retrucar as insinuações de Pedro Taques. “Pensa meu detrator que pode corrigir-me a palmatórias. Mal sabe o cadinho no qual minha personalidade foi forjada. Fica dito que respeito se paga na mesma proporção que se recebe”, comentou o desembargador.
 
Segundo levantado pela operação Esdras, embasada no depoimento do tenente coronel Soares, o referido grupo envolvido nos grampos conta com ramificações de personagens militares, advogados, políticos, membros do Ministério Público e agentes de comunicação social.
 
Soares foi convocado para atuar como escrivão no inquérito do caso grampos. Logo da convocação, a suposta organização criminosa teria buscado sua cooptação. Um aparelho foi instalado no fardamento de Soares com o objetivo de obter registros que pudessem provocar a suspeição do desembargador Orlando Perri.
 
“Desacreditando-se e desmoralizando-se o Relator, estariam comprometidas todas as provas coligidas, como também as decisões proferidas e por se proferir, porque retirado o que se apresenta de mais caro e essencial à Justiça, que é a credibilidade e a confiança do cidadão”, finalizou Perri.
 
 “Esdras”

A lista de pessoas que tiveram a prisão preventiva decretada pelo desembargador Orlando Perri nesta quarta-feira (27) na Operação Esdras conta com nomes de advogados, dois coronéis, um major da Polícia Militar e também o delegado e secretário afastado, Rogers Jarbas. 

Em hebraico, Esdras significa “ajudador”. É um livro bíblico que conta a história de um escriba e de pessoas fiéis e diligentes que venceram a oposição e a resistência para reconstruir o templo de Deus e restaurá-lo a sua antiga glória.
Foram presos:
 
Paulo Cesar Zamar Taques

cel. pm Airton Benedito de Siqueira Júnior

Rogers Eizandro Jarbas

cel. pm. Evandro Aexandre Ferraz Lesco

sgt. pm João Ricardo Soler

major pm Michel Ferronato

Helen Christy Carvalho Dias Lesco

José Marilson da Silva

Marciano Xavier das Neves (*medidas cautelares)

Esquema dos Grampos

Reportagem do programa "Fantástico", da Rede Globo, revelou na noite de 14 de maio que a Polícia Militar em Mato Grosso “grampeou” de maneira irregular uma lista de pessoas que não eram investigadas por crime.
 
A matéria destacou como vítimas a deputada estadual Janaína Riva (PMDB), o advogado José do Patrocínio e o jornalista José Marcondes, conhecido como Muvuca. Eles são apenas alguns dos “monitorados”.

O esquema de “arapongagem” já havia vazado na imprensa local após o início da apuração de Fantástico.
  
Barriga de aluguel
 
Os grampos foram conseguidos na modalidade “barriga de aluguel”, quando investigadores solicitam à Justiça acesso aos telefonemas de determinadas pessoas envolvidas em crimes e no meio dos nomes inserem contatos de não investigados.

Neste caso específico, as vítimas foram inseridas em uma apuração sobre tráfico de drogas.

Processo

No caso dos grampos, já foram denunciados pelo Ministério Público três coroneis, um tenente-coronel e um Cabo da PM.
 
A denúncia refere-se apenas aos delitos previstos na Legislação Militar. Os acusados são: Zaqueu Barbosa, Evandro Lesco, Ronelson Barros, Januário Batista e Gerson Correa Junior. Com o posicionamento do Pleno, todos se tornaram réus.
 
Os cinco vão responder pelos crimes de Ação Militar Ilícita, Falsificação de Documento, Falsidade Ideológica e Prevaricação, todos previstos na Legislação Militar. Zaqueu Barbosa e Gerson Correa Junior seguem presos preventivamente.
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