O procurador-geral do Trabalho, Luís Camargo, recebeu nesta segunda-feira (22), em Brasília, representantes da Embaixada dos Estados Unidos da América e compartilhou experiências bem sucedidas do Ministério Público do Trabalho (MPT) no combate ao tráfico de pessoas associado aos trabalhos escravo e infanto-juvenil. Camargo citou como exemplo a atuação do MPT na regularização dos bolivianos em São Paulo, que, além da falta de documentação e da situação irregular no país, foram encontrados em condições análogas à de escravo.

O MPT intermediou acordo entre os governos brasileiro e boliviano para que os trabalhadores permanecessem e trabalhassem em território nacional de forma legal. Segundo o procurador-geral do Trabalho, atualmente, há 350 mil bolivianos no estado, dos quais quase 100 mil já estão em situação regular por conta do documento.

Ele também lembrou o aumento dos casos de trabalho escravo no meio urbano, principalmente na indústria têxtil, mas fez ressalvas, definindo a irregularidade como sendo a impossibilidade de se romper o vínculo de trabalho. “O MPT quer que toda a cadeia produtiva seja responsabilizada pela prática”, afirmou, fazendo menção a empresas que foram autuadas e tiveram que pagar indenização por contratar confecções que utilizavam trabalho escravo, como a Zara, a Marisa e a C&A.

Para o vice-subsecretário adjunto para Assuntos Internacionais da Embaixada dos EUA, Mark Mittelhauser, a atuação do MPT é um modelo a ser seguido por outros países. Em sua opinião, os programas de qualificação e a conscientização promovida pela instituição com trabalhadores e empresários tem colaborado para reduzir o número de casos de tráfico de pessoas e para a informação da sociedade, que passa a enxergar o problema.

O primeiro-secretário para Assuntos Políticos da embaixada, Christopher Jester, a assessora de Relações do Trabalho Infantil, Trabalho Forçado e Tráfico Humano, Pilar Velasquez, e a assessora política Socorro Leal também participaram do encontro.