O presidente da Associação mato-grossense de Magistrados (AMAM), José Arimatéa Neves Costa, ouvirá a própria diretoria do órgão representativo e o desembargador Marcos Machado, suspeito de tráfico de influência, após divulgação de uma escuta telefônica com o ex-governador Silval Barbosa, a respeito da soltura da ex-primeira-dama Roseli Barbosa, presa na Operação Ouro de Tolo. Os áudios obtidos junto ao Ministério Público foram expostos pela TV Centro América. Já a Ordem dos Advogados do Brasil, Seccional Mato Grosso, estabeleceu posicionamento contrário à divulgação de escutas, afirmando, porém, que a amizade entre desembargadores e figuraras públicas deve existir apenas no campo pessoal.

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Nos áudios, o MPE viu indícios de tráfico de influência do ex-governador para tentar conseguir na Justiça a liberdade de Roseli. Ao ser questionado sobre a possível irregularidade, Machado, negou qualquer ação ilícita, justificando o contato como algo pessoal, fruto de amizade. Um advogado de defesa da ex-primeira-dama também foi flagrado em uma suposta tentativa de articulação com o judiciário.

Arimatéia, representante da AMAM, estuda publicação de nota ainda nesta quinta-feira (17), traçando posicionamento. Antes de qualquer afirmativa por parte do órgão representativo, as partes no caso serão ouvidas. Maurício Aude, presidente da OAB-MT, reiterou contrariedade aos vazamentos de conversas. Porém, para o representante, tratando-se da conversa entre o desembargador e Silval Barbosa, “a amizade deve assistir no campo pessoal”. Ainda segundo Aude, a competência para investigar possíveis irregularidades cabe à Corregedoria do Tribunal de Justiça de Mato Grosso.

A reportagem da TVCA divulgou o seguinte telefonema, partindo de um celular vinculado ao Tribunal: “Estamos aguardando caso precise de algum diálogo, acho que é importante. De forma objetiva, vamos ter uma conversa particular para eu poder também contribuir com alguma posição”. Supostamente, o recado seria de Marcos Machado para Silval Barbosa.

Presa no dia 20 de agosto, Roseli passou seis dias na cadeia. No TJMT, durante distribuição do habeas corpus que buscava pela liberdade, o processo ficou sob relatoria do desembargador Rondon Bassil, que negou o pedido de soltura. O ministro do Superior Tribunal de Justiça, Reynaldo Soares da Fonseca, foi o responsável por derrubar a prisão preventiva.

Marcos Machado foi nomeado desembargador em abril de 2011, após ser escolhido pelo então governador Silval Barbosa em uma lista tríplice composta por membros do Ministério Público. Antes de ser nomeado para o Tribunal de Justiça, ele foi secretário de Meio Ambiente, Administração e Saúde do governo Blairo Maggi (PR), além de ter sido secretário de Justiça e Segurança Pública no governo de Rogério Salles (PSDB).