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Segunda-feira, 20 de maio de 2024

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Ararath

Delator afirma que Maggi avalizou Bic Banco a atender todas as necessidades financeiras de Eder

Foto: Secom

Delator afirma que Maggi avalizou Bic Banco a atender todas as necessidades financeiras de Eder
O inquérito policial da operação Ararath revela que durante a delação premiada, o empresário Júnior Mendonça afirma que o gerente do Bic Banco Luiz Carlos Cuzioli garantiu que um dos donos da instituição financeira teria conversado com Blairo Maggi (PR) e o teria orientado a atender todas as necessidades financeiras de Eder Moraes. 


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Eder de Moraes Dias é acusado de receber empréstimos clandestinos, servindo como instituição financeira informal para uma rede operada por Júnior Mendonça. Segundo as denúncias, todo o esquema servia para beneficiar, com dinheiro sujo, diversos políticos do Estado e empresas.

Em seu depoimento em face de delação premiada à Polícia Federal (PF), Júnior Mendonça diz ter negociado com Eder Moraes por meio da cessão de sua conta corrente para recebimento de recursos que eram transformados posteriormente em dinheiro limpo emitido em forma de cheques com endosse em branco. Segundo Mendonça, os chegues seriam destinados a Silval Barbosa e Blairo Maggi.

Ainda segundo Junior Mendonça, todos os cheques eram entregues em mãos de Eder Moraes, que dizia sempre estar a mando do Governador (à época, Blairo Maggi). Conforme o inquérito policial, o depoente teria ouvido do próprio ex-secretário de Estado que este havia acabado de se encontrar com Blairo Maggi. “acabei de almoçar com o governador, comemos um bacalhau, e ele determinou que eu resolvesse esse problema”, teria dito Eder Moraes. O “problema” relatado por Eder seria a solicitação de empréstimo.

Mesmo com todas as acusações, Junior Mendonça nunca teria encontrado Blairo Maggi para tratar dos recursos clandestinas e da lavagem do dinheiro. Porém, a sua convicção nas alegações de Eder Moraes é sustentada pois este havia sido nomeado como secretário de Estado da Fazenda pelo ex-governador. Outro fundamento de convicção do depoente é que a realização de empréstimos no Bic Banco não exigia garantias reais de pagamento.

A situação de facilidade em conseguir altos valores junto a instituição financeira teria levado Junior Mendonça a perguntar quais eram as garantias dos empréstimos. Segundo o depoente, a resposta do gerente teria sido que um dos proprietários do Bic Banco de Mato Grosso havia determinado que todas as necessidades de Eder Moraes fossem atendidas.

Palavras de Maggi

À Veja o senador afirmou que jamais fez operação alguma com o intuito de receber recursos. Segundo ele, deu um aval no banco para um amigo como ‘um favor’, o amigo não conseguiu pagar e cobraram dele a dívida.

“Nosso grupo fatura uns 5 bilhões de dólares por ano. Não precisaria simular um empréstimo de R$ 380.000. Os números são muito desproporcionais. Quem faz esse tipo de acusação deveria ter um pouco de senso para saber que isso não combina conosco. Deveriam antes pedir uma explicação. Mas não, chegam e detonam com todo mundo”, diz em trecho da entrevista. Maggi negou também que conheça Júnior Mendonça.

Entenda

A quinta etapa da Operação Ararath, deflagrada na manhã de terça-feira (20) pela Polícia Federal em Cuiabá, dá uma noção do tamanho do esquema investigado em Mato Grosso contra crimes de lavagem de dinheiro e corrupção. A decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal Dias Toffoli revela o funcionamento de uma instituição financeira “pirata” que abastecia campanhas eleitorais, “presenteava” autoridades e viabilizava até a compra de vagas no Tribunal de Contas do Estado. O “banco clandestino” ainda auxiliava seus tomadores na ocultação da origem de recursos recebidos por empresas privadas.

Sofreram devassas em suas casas e/ou gabinetes nesta terça-feira o ex-secretário de Fazenda, Casa Civil e Secopa, Eder Moraes (PMDB); governador Silval Barbosa (PMDB); deputado estadual e presidente afastado da Assembleia Legislativa de Mato Grosso, José Riva (PSD); prefeito de Cuiabá, Mauro Mendes (PSB); conselheiro afastado do Tribunal de Contas do Estado Humberto Bosaipo; conselheiro do TCE e ex-deputado estadual Sérgio Ricardo e o promotor de justiça e membro do Gaeco Marcos Regenold Fernandes.

Dos pedidos de busca e apreensão solicitados pelo Ministério Público Federal e pela Procuradoria-Geral da República, Dias Toffoli só não acatou os mandados contra a casa e a empresa Amaggi, do senador Blairo Maggi (PR), que era governador do Estado durante o período em que o esquema foi identificado, em 2005, e que teria seguido até 2013, já sob a administração de seu sucessor, Silval Barbosa (PMDB).

As quatro primeiras etapas da Ararath apontam que o empresário Gercio Marcelino Mendonça Junior, o Júnior Mendonça se utilizou de sua empresa de factorind Globo Fomento Mercantil e depois de sua rede de postos de combustíveis Comercial Amazônia Petróleo para operar, sem autorização do Banco Central do Brasil, concedendo empréstimos de vulto a pessoas físicas e jurídicas, com tomada de garantias e cobrança de juros.

Mendonça optou por fazer delação premiada à Polícia Federal e seus depoimentos, junto ao que já havia sido apreendido nas etapas anteriores da operação, basearam a quinta fase da Ararath.

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