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Quarta-feira, 15 de maio de 2024

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Eder afirma que vaga de Alencar Soares no TCE teria sido comprada por R$ 5 milhões a mais do que PF apurou

Foto: Rogério Florentino Pereira/OD

Eder afirma que vaga de Alencar Soares no TCE teria sido comprada por R$ 5 milhões a mais do que PF apurou
O ex-secretário de Estado Eder Moraes afirmou, em depoimento ao Ministério Público Estadual, ter participado das negociações para a compra da vaga do ex-conselheiro Alencar Soares, no Tribunal de Contas Estadual, e que o valor final custou R$ 5 milhões a mais do apurado pela Polícia Federal na operação Ararath. De acordo com ele, ao invés de R$ 4 milhões, a negociação girou em torno de R$ 9 milhões.


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Conforme trecho do inquérito da Polícia Federal, o nome de Alencar Soares aparece em uma das planilhas apreendidas durante a operação Ararath em frente a uma cifra de R$ 4 milhões. Esse valor teria sido garantido a ele para se aposentar e ceder vaga ao então deputado estadual Sérgio Ricardo (PR).

Eder Moraes revelou aos promotores do Ministério Público Estadual que R$ 2,5 milhões referente a vaga foram pagos pelo Governo do Estado. Esse dinheiro foi repassado através do empresário Gercio Marcelino Mendonça, mais conhecido como Júnior Mendonça, o qual atua como delator premiado da Polícia Federal na operação Ararath, nas investigações de um mega-esquema de lavagem de dinheiro e crimes financeiros.

“Informação que eu tenho que era R$ 9 milhões de reais a vaga dele... Tá certo.. E que eles exigiram do estado 2 milhões e meio.. Então..eu fui com o Júnior Mendonça e levei uma canalhada de cheques que totalizava 2,5 milhões e foi entregue em mãos para Alencar Soares”, consta de trecho do depoimento do ex-secretário ao Ministério Público.

Os cheques seriam nominais e endossados às empresas de Júnior Mendonça, como a Amazônia petróleo e a Global Fomento Mercantil, para dificultar a investigação. Eder chega a zombar do método de Júnior, uma vez que, mesmo nominais, os cheques poderiam ser rastreados. “É uma imbecilidade de quem emite o cheque achar que porque tá nominal a ele próprio e endossado tá salvo de qualquer coisa você rastreia você sabe a situação do cheque”, disse.

A Assembleia Legislativa teria ficado responsável por pagar os outros R$ 7,5 milhões. Como estava apenas responsável por “resolver” a parte referente ao Executivo, Eder não soube explicar com detalhes essa parte do pagamento, mas teriam sido investidos em fazendas na região do Araguaia. Os pagamentos teriam ocorrido cerca de um ano antes de Alencar deixar o Tribunal de Contas para a entrada do então deputado estadual Sérgio Ricardo.

A declaração de Eder foi feita em fevereiro de 2014, durante depoimento ao Ministério Público Estadual, após o trabalho de convencimento do promotor de Justiça Marcos Regenold, o qual levou o ex-secretário ao Núcleo do Patrimônio Público para contar tudo que sabia sobre desvio de dinheiro público nas administrações em que atuou.

Naquela época, foi tentada uma ponte com o Ministério Público Federal, mas as negociações não avançaram. As principais incriminações feitas por Eder Moraes foram ditas exclusivamente aos promotores do MPE. Após isso, ele tenta anular esses depoimentos na Justiça Federal.

Ao Ministério Público, Eder contou detalhes de como ajudou às gestões de Blairo Maggi (PR) e Silval Barbosa (PMDB) a dar ares de legalidade a operações financeiras ilegais. Ele também detalha as negociações dos entes públicos com o empresário Gercio Marcelino Mendonça Júnior, mais conhecido como Júnior Mendonça, o qual confessou ser operador de um banco clandestino e passou a condição de delator premiado da Polícia Federal neste caso.

Eder Moraes ocupou diversos cargos durante as gestões de Blairo e Silval. Foi secretário de Fazenda de ambos governadores, chefiou a Casa Civil e a Secretaria Extraordinária da Copa durante o governo do peemedebista. Nos inquéritos, é apontado como um dos operadores de todo esquema de crimes financeiros de Mato Grosso.

A reportagem não conseguiu entrar em contato com o ex-conselheiro Alencar Soares.


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