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Domingo, 28 de abril de 2024

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Eder cita grupo que receberia “retorno” de JBS e Marfrig, aponta Nadaf como articulador e cita desafeto; veja vídeo

Foto: Reprodução

Eder cita grupo que receberia “retorno” de JBS e Marfrig, aponta Nadaf como articulador e cita desafeto;  veja vídeo
O ex-secretário de Fazenda do Estado, Eder Moraes, alvo da Operação Ararath, em depoimento ao Ministério Público Estadual (MPE), cita um grupo formado pelo empresário Wanderley Torres, da construtora Trimec, João Simoni, da construtora Constil, Antonio Barbosa (irmão do ex-governador Silval Barbosa), o procurador do Estado Francisco Lima, o ex-secretário da Casa Civil, Pedro Nadaf, e o ex-governador Silval Barbosa, como responsável pelo recebimento que chama de “retorno” dos frigoríficos JBS S.A. e Marfrig, que obtiveram créditos tributários em Mato Grosso.

A verba liberada pelas duas empresas, conforme depoimento de Eder, não era destinada a campanhas eleitorais e iria direto para o patrimônio dos integrantes do grupo. Ele ainda aponta Pedro Nadaf como sendo o responsável por intermediar o pagamento.

“Vou falar o que ouço em conversas palacianas [numa referência ao Palácio Paiaguás]. O retorno da JBS, quem está cuidando, não só desse setor, como de outros, e aí tenho a informação de que não é para campanha, é recurso patrimonial de um grupo, é o próprio Pedro Nadaf”.

Já Francisco Lima seria “quem tem relação com os maiores banqueiros do mundo, segundo o ex-secretário. “Por exemplo, se a JBS quiser dar um retorno de R$ 50 milhões, ele [Francisco Lima] pode colocar isso em qualquer país do mundo, Argentina, Estados Unidos, Canadá, Chile, onde ele quiser”.

Confira abaixo o trecho do depoimento de Eder ou clique (aqui parte 1) e (aqui parte 2)



Eder disse ainda que tanto a JBS quanto a Marfrig usaram Mato Grosso para enriquecer. “Poderia dizer grosseiramente que a JBS e a Marfrig são duas empresas que explodiram mundialmente com matéria-prima nossa, em cima de uma fraude tributária”, afirma Eder, conforme gravação obtida pelo site Olhar Direto.

O ex-secretário não poupa Pedro Nadaf em seu depoimento. Além de dizer que Nadaf seria o responsável pelo recebimento do “retorno” das empresas, Eder confessa que sempre teve uma relação complicada com o ex-secretário de Silval.

“Eu tenho uma dificuldade em relação ao Pedro [Nadaf] porque ele sempre objetivou os lugares em que eu passei. Ele sempre quis ser secretário de Fazenda, sempre quis ser secretário da Casa Civil e ele foi trabalhando sorrateiramente para poder alcançar esses objetivos. Qual era o passo maior que ele tinha que dar? Assumir as funções que Eder estava fazendo”, afirmou em seu depoimento.

Nadaf teria “tomado” seu lugar, garante, porque o então governador Silval Barbosa queria alguém que não estivesse “queimado”. Eder inclusive mostra em seu depoimento que já sabia até mesmo o que o ex-governador pensava. “[Silval pensou] bom, deixa as bombas e as buchas para o Eder se f... e vamos tratar de coisas limpinhas aqui para guardar, com quem não tem dívidas, está bem patrimonialmente, está bem financeiramente, que é o Pedro Nadaf”, lamentou-se Eder.

Outro lado

Pedro Nadaf afirma que já está se defendendo judicialmente das acusações feitas por Eder sobre o suposto grupo que receberia o "retorno" dos frigoríficos JBS S.A. e Marfrig. "Já estou me defendendo no processo por improbidade na Justiça. Estou tranquilo quanto a isso", declarou em entrevista por telefone.

Nadaf garante ainda que em momento algum desejou qualquer cargo ocupado por Eder Moraes e diz que cabe à sociedade julgar as declarações feitas pelo ex-secretário de Fazenda, visto que "é claro e notório que ele apresenta conflitos de pensamentos, uma vez que já se retratou".

"Eu nunca tive nenhum relacionamento com Eder. Sempre me mantive muito distante porque nunca compactuei com os pensamentos dele. Jamais tive interesse em ocupar a Sefaz. Silval Barbosa me chamou três vezes e eu recusei. Nunca quis ocupar a Secopa ou qualquer outra função por ele ocupada. Isso é subjetividade e estou tranquilo quanto a isso", completou Pedro Nadaf.

 O depoimento

O Ministério Público Estadual conseguiu colher o depoimento de Eder por intermédio do promotor de Justiça Marcos Regenold, que convenceu Eder a colaborar com as investigações.

Eder Moraes afirma agora, no entanto, que seu depoimento, cujo trecho foi reproduzido pelo Olhar Jurídico, não tem valor legal. “Esse meu depoimento não tem validade jurídica, este depoimento ele foi cancelado e retratado publicamente”, argumentou, em entrevista por telefone na última sexta-feira (19).

Ararath

A Operação Ararath investiga um complexo esquema de lavagem de dinheiro - cuja estimativa de movimentação ultrapassa R$ 500 milhões – para o ‘financiamento’ de interesses políticos no Estado. Uma lista apreendida pela PF aponta que pelo menos 70 empresas utilizaram ‘recursos’ oriundos de esquemas fraudulentos de empréstimos.

A primeira dase da operação foi deflagrada no dia 12 de novembro de 2013, quando a Polícia Federal cumpriu 11 mandados de busca e apreensão para coletar provas materiais e dar continuidade as investigações de um suposto esquema de lavagem de dinheiro e agiotagem. Entre os locais “batidos” pela PF estavam a cobertura de luxo de Júnior Mendonça, principal nome das investigações, no condomínio Maison Paris, em Cuiabá, e postos de combustíveis da rede Amazônia Petróleo, da qual ele é sócio.

Mendonça era sócio proprietário da factoring “Globo Fomento Mercantil”, empresa que, segundo a PF, foi usada como fachada para negócios de agiotagem e lavagem de dinheiro. Todas as transações financeiras supostamente ilegais eram movimentadas através de contas da factoring e da rede Amazônia Petróleo.

O papel de Eder Moraes

As investigações apontam que o ex-secretário de Estado Eder Moraes seria um pilar do esquema, fazendo a interlocução entre Mendonça e a classe política. O peemedebista foi preso no dia 20 de maio de 2014, pela Polícia Federal, e encaminhado para Brasília para que não atrapalhasse as investigações por gozar de forte influência em Mato Grosso. Após mais de 80 dias, o ex-secretário de Estado Eder Moraes (PMDB) deixou o Complexo Penitenciário da Papuda no final da manhã do dia 09 de agosto de 2014.

Os vídeos

Eder Moraes prestou uma séria de depoimentos, nas condições de delação premiada, ao Ministério Público Estadual. A reportagem do Olhar Jurídico teve acesso ao conjunto de informações gravada em vídeo que, no total, contabiliza cerca de 12 horas de imagens.
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