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Sexta-feira, 26 de abril de 2024

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PIVÔ DA ARARATH

Eder confessa que mentiu em depoimento para MPE por mágoa de Maggi e Silval

Foto: Rogério Florentino Pereira/ Olhar Direto

Eder confessa que mentiu em depoimento para MPE por mágoa de Maggi e Silval
Depois de ficar meses em silêncio, o ex-secretário Eder Moraes Dias, de Estado de Fazenda, Casa Civil e Secopa, voltou à cena e confessou publicamente que mentiu, em depoimento ao Ministério Público Estadual, por estar magoado com os ex-governadores Blairo Maggi (PR) e Silval Barbosa (PMDB), por não tê-lo nomeado no Tribunal de Contas do Estado (TCE). Ele concedeu para o Programa ‘Opinião’, da TV Pantanal (Canal 22), afiliada da Rede TV!, em que coloca em xeque a lisura do Ministério Público Estadual e tenta inocentar atual senador Blairo Maggi (PR) na investigado na Operação Ararath, e garante que não se arrepende de nada do que ver pelos cargos púbicos que ocupou.

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“Para mim o [ex] governador Blairo jamais deu uma ordem da qual eu  considerasse ilegal. Posso afirmar que o governador Blairo Maggi não tem nenhum conhecimento sobre quase 100% as imputações que estão sendo feitas a ele”, afiançou ele. A reportagem do Olhar  Jurídico teve acesso ao conteúdo da entrevista, cedido pela direção da TV Pantanal.
 
Eder de Moraes gravou quase duas horas de entrevista, mas a emissora decidiu editar, por questões técnicas, e exibiu pouco mais de 20 minutos, divididos em quatro blocos, seguidos de comentários dos analistas Antero Paes de Barros, Aroldo Arruda Júnior, Louremberg Alves e do âncora  Igor Taques.
 
O ex-secretário lamentou que tenham sido ‘vazados’ vídeos de seu depoimento, no Ministério Público, em que aborda o pagamento das cartas de crédito e negociações com a Globo Fomento, de Gérsio Medonça Júnior, o conhecido Júnior Mendonça.
 
“Estavam praticamente colocando palavras na minha boca. Vou responder tudo em juízo”, assegurou ele, sobre o depoimento ao MPE, gravado em DVD, cujas cópias circulam na internet.
 
Éder de Moraes entende que as cartas de crédito recebidas por membros do MPE são no mínimo questionáveis. “A instituição tinha que deter os recursos em caixa para pagar os direitos trabalhistas dos procuradores e promotores”, observou ele, em tom de questionamento, sbre o fato de o Ministério Público ter o montante ‘guardado’.
  
Nas últimas entrevistas, sob a orientação de advogados Éder tem sido bem comedido nas entrevistas. Não se sabe se essa nova postura é exclusivamente para atender os seus advogados, ou se ele realizou alguns entendimentos ou negócios, com quem outrora ele acusava.
Trechos da entrevista, por assunto.
 
Retratação
 
“O que houve foi uma retratação pública, por conta do vídeo que circula na internet. Os assuntos que estão em voga: as cartas de crédito do Ministério Público Estadual. Fiz a retratação pública. E só em juízo as declarações terão validade”.
  
Vaga no TCE
“A única conversa que tratei do assunto com Blairo Maggi e Silval Barbosa, com presença do presidente do TCE e da Assembleia Legislativa, em vaga do Poder Executivo...  caberia indicação do governador e a vaga seria destinada ao Eder Moraes, após a minha saída da Sefaz. Assim como  foi com Valdir Teis e Valter Albano”.

Eder demonstra mágoa com Silval Barbosa, por não ser indicado conselheiro. “Naquele momento houve este acordo. Quando Maggi deixa o Executivo [março de 2010], o compromisso foi assumido por Silval e pelo presidente da Assembleia. Não foi cumprido isso comigo. Era para ter sido comigo eu e o deputado Sérgio, no Tribunal de Contas”.
 
Pagamentos de Encomind
 
“É bom que fique claro: em minha gestão, até a minha saída em março de 2010, a Sefaz desembolsou algo em torno de R$ 34 milhões para Encomind. Saí da Sefaz em 30 de março de 2010. Não é a Secretaria de Fazenda a  responsável pela dívida, que é originária  na Sinfra, com aval da PGE e AGE, que se formulam os cálculos, para pagamentos. Cabe à Sefaz fazer o gerenciamento de caixa. E isso foi possível, porque Mato Grosso  vinha numa arrecadação crescente”.
 
 “Está tudo no Portal da Transparência. O Ministério Púbico deveria ter o capricho de olhar no portal antes de me denunciar. Se chegou-se a pagar R$ 94 milhões para Encomind, não mais aconteceu na gestão Eder de Moraes. Acredito até que o secretário que me sucedeu tenha pago no que chegou para ele em cálculo, dentro de licitude”.
 
Caso Land Rovers
 
“Falam muita besteira. No caso das Land Rovers, em 2008, fui vítima de um golpe politico. Existia um terceiro [pré candidato] que desejava ser candidato a prefeito de Cuiabá   e começou um processo de ‘queimação’ generalizada. Ele– colocou levianamente que pagou-se R$ 1,4 milhão por cada carro. Mentira deslavada! Cada Land Rover custava R$ 240 mil – a diferença se dá por equipamentos de ponta, de alta tecnologia, além aquisição de segredo militar da Rússia. E outra parte era para instalação da empresa russa em Mato Grosso, para vender equipamentos bélicos para América Latina”
 
 Globo Fomento
 
“As transações com a Globo Fomento quem fez não foi o governo Estado de Mato Grosso... O que há são transações de pessoas físicas ou jurídicas, privadas, com a factoring do senhor Júnior Mendonça. Se ele declarava ou não [à Receita Federa]  é um crime dele, de natureza específica do detentor da instituição financeira. Porque [o Ministério Público] não vazou notas promissórias assinadas pelo prefeito de Cuiabá? Os recursos que tomaram junto à factoring, 90% foram para as campanhas políticas, principalmente para a Prefeitura de Cuiabá. Há irregularidade nisso? Não! Não podem acusar que houve desvio de dinheiro público nisso. O Estado pagou dívidas. Eu defendo o Estado pagador. Não defendo o Estado caloteiro”.
 
Único arrependimento
“Não me arrependo de absolutamente nada, como gestor público. Talez seria mais comedido, hoje, para não me expor tanto. A exposição me rendeu muita inveja. E a inveja é o grande mau da humanidade. É capaz de coisas que até Deus duvida. Minha família sofre muito com esses vídeos que estão sendo divulgados. Eu venho às lágrimas num momento em que estava preso há 81 dias. No final de semana seguinte era o Dia dos Pais. Eu me emocionei nesse momento. Usam isso como sátira, chacota”.
 
 Cada um com sua culpa
“No devido processo legal, o governador Silval Barbosa vai mostrar que não houve ilegalidade. Não houve crime. Lamentável que de forma muito capciosa o Ministério Público Federal e o Ministério Público Estadual estejam tirando  do bolo de uma investigação, alguns ‘filhotes’. Tudo o que está sendo apurado   meramente para acumular pena. Nossos advogados são muito bem preparados e vão   alegar litispendência [litispendência se caracteriza através do ajuizamento de duas ações que possuam as mesmas partes]... reunião de tudo num mesmo processo... As falhas do MPF são gritantes. São horríveis. Falam barbaridades. Verdadeiros absurdos. São muito craques para colocar [no texto] criminosos, maracutaias...  Acho que tem até textos prontos e só vão colando as denúncias. Agora, explorar o assunto no mercado financeiro, de forma técnica,  não têm preparo nenhum. Até gostaria que fossem pessoas qualificadas, diante de uma idiotice tão grande”.
 
Comando de bancos
“Por exemplo: diziam que Eder mandava nas operações do BIC Banco. Isso é uma insanidade. Isso é brincar com a inteligência e com o sistema financeiro nacional. Instituições  do porte do BIC  Banco, BMG, HSBC, Itaú, Banco do Brasil e Caixa, não aceitam ingerência. Há uma estrutura organizacional muito sólida nessas instituições, que não permitem isso. Existe avaliação de crédito; comitê de crédito; diretoria para votar e, ainda, a Presidência para deferir. Cada um dentro de sua autonomia. E há o COAF para apurar qualquer movimentação atípica. Não há com Eder nenhuma movimentação atípica. Confio na Justiça Federal e na Justiça Estadual...”
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