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Quinta-feira, 25 de abril de 2024

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Indignado com ação do MP

Em interceptação, Silval critica delação e diz Mato Grosso vive “regime de exceção”

Foto: Rogério Florentino Pereira/ Olhar Direto

Em interceptação, Silval critica delação e diz Mato Grosso vive “regime de exceção”
Com autorização da juíza Selma Rosane dos Santos Arruda, o Gaeco monitorou todas as ligações telefônicas do ex-governador Silval Barbosa (PMDB) no desenrolar da operação Ouro de Tolo, que culminou na prisão de Roseli Barbosa, em 20 de agosto. Os áudios mostram a inconformidade de Silval perante a prisão da mulher. Em vários momentos ele critica a delação do empresário Paulo Cesar Lemes, que colaborou com a investigação e chega a dizer que Mato Grosso vive um “regime de exceção”. Em outro momento diz indignado que não sabe onde o país vai parar.

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A ordem de interceptação telefônica foi expedida no dia 19, véspera da prisão de Roseli. Naquele dia, os homens do Gaeco descobriram que ela, que estava em São Paulo, havia marcado uma viagem para o dia seguinte. O destino era desconhecido pelos investigadores. Ao dar sequência nas interceptações telefônicas, foi verificado que o casal mudou de planos e Silval decidiu ir para São Paulo. No dia 20, Roseli foi presa no apartamento de luxo da família, no bairro Itaim Bibi, com Silval já no local.

A partir do momento da prisão, Silval recebeu várias ligações de apoio e trocou vários telefonemas com seus advogados e assessores para tratar de estratégias da defesa, posicionamento perante a imprensa e fez questão de ligar para o filho, o cantor sertanejo Ricardo Barbosa, para informá-lo da prisão, com o intuito de evitar que o rapaz soubesse do destino da mãe por outra fonte.

Em várias ligações, Silval se queixou da delação premiada do empresário Paulo Cesar Lemes, que fundamentou a prisão preventiva decretada pela juíza Selma Rosane Arruda. A um interlocutor que mora em São Paulo, Silval criticou a ação do Ministério Público Estadual.

“Quando eu falo pra você que Mato Grosso está num regime de exceção ninguém acredita. É uma ação lá, o cara já tinha feito depoimento, nem nunca teve com ela nada, ai o Ministério Público chama ele, ameaçou tomar tudo dele, pediu para ele fazer uma delação, ele inventou um monte de mentira pra prender ela”, pontua Silval.

A outro interlocutor, que ligou para prestar solidariedade, o ex-governador fala que “delação é uma loteria premiada que esses malandro usa” (sic). Ao receber mais um telefonema de apoio, Silval volta a dizer que a delação é “sacanagem” e completa afirmando que “não sabe onde esse país vai parar”.

Essa mesma investigação do Gaeco pegou ligações de Silval com um telefone do Tribunal de Justiça, que seria do desembargador Marcos Machado, onde, supostamente o ex-governador teria tentado usar de tráfico de influência para beneficiar a esposa (leia mais aqui). Também identificou ligações de Silval com o gabinete da Vice-Presidência da República, onde Silval também teria tentado agir para garantir a liberdade da esposa (leia mais aqui).

O Gaeco conclui no relatório das interceptações que as gravações expõem a teia de relacionamentos de Silval com políticos de influência, muitos deles que ligaram para o ex-governador apenas para lhe prestar solidariedade e alguns até aproveitaram para criticar a delação premiada, recurso que foi usado nas investigações da Ouro de Tolo.

“Desses relacionamentos e fácil entrada de Silval com alguns figurões da política brasileira, que aproximamos de conversas comprometedoras no dia 25/08/2015, após a negativa do habeas corpus impetrado pela defesa de Roseli Barbosa junto ao Tribunal de Justiça de Mato Grosso. Na oportunidade, Silval manteve contato com a Vice-Presidência da República, e em tese, buscou junto ao vice-presidente Michel Temes, a sua intermediação em prol do seu interesse em obter a liberdade de sua esposa”, afirma o relatório das interceptações, que se tornou público quando foi juntado aos autos na última terça-feira (19).

De acordo com o documento, as conversas de Silval com a chefe de gabinete de Miachel temer demonstram com clareza que Silval contatou a Vice-Presidência com o intuito de beneficiar Roseli no julgamento. “Senão fosse isso, por qual motivo Nara Vieira questionaria Silval se poderia falar esse assunto via telefone? E, por que Silval preferiu contatar de um telefone fixo para ligar ao fixo do gabinete de Michel Temer? E ainda, por que Nara Vieira contataria Silval quase às 23h (horário local, de Brasília) para questionar o nome completo de Roseli? Ao realizar tais questionamentos, não há dúvida que o propósito de Silval ao contatar o vice-presidente da República, não é outro senão a liberdade de sua esposa”, informa o Gaeco.
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