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SEGUNDA FASE

Arquiteto usado como laranja afirma que ex-secretário pediu pela destruição de provas

16 Ago 2016 - 13:58

Da Redação - Arthur Santos da Silva / Da Reportagem Local - Paulo Victor Fanaia Teixeira

Foto: Paulo Victor Fanaia Teixeirea / Olhar Direto

Arquiteto usado como laranja afirma que ex-secretário pediu pela destruição de provas
A magistrada Selma Rosane Arruda, da Sétima Vara Criminal de Cuiabá, ouvirá nesta terça-feira (16) as testemunhas José da Costa Marques, André Souza Maggi, Samuel Maggi Locks, Paulo Nicodemos Gasparotto e Fernando Augusto Canavarros Infantino, em processo proveniente da operação Sodoma 2.


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Na fase 2 da Operação Sodoma, deflagrada no dia 11 de março de 2016, foi descoberta a lavagem de R$ 13 milhões na aquisição de um terreno na Avenida Beira Rio, próxima a casa de shows Musiva, que teria sido quitado com cheques provenientes de propina pagas por empresas (beneficiados com incentivos fiscais) ao Poder Executivo.

A compra foi feita, segundo o Ministério Público Estadual, pelo ex-secretário de Administração César Zilio, que teria usado o pai falecido e um arquiteto como “laranjas” na transação.

Foram denunciados pela Sodoma: O ex-governador, Silva da Cunha Barbosa; o ex-prefeito de Várzea Grande, Wallace dos Santos Guimarães; os ex-secretários de Estado, Marcel de Cursi, Pedro Jamil Nadaf, José Jesus Nunes Cordeiro, César Roberto Zílio e Pedro Elias Domingues; o filho do ex-governador, Rodrigo da Cunha Barbosa; o ex-deputado estadual José Geraldo Riva; Silvio Cezar Correa Araújo, Francisco Gomes de Andrade Lima Filho, Karla Cecília de Oliveira, Tiago Vieira de Souza, Fábio Drumond Formiga, Bruno Sampaio Saldanha, Antonio Roni de Liz e Evandro Gustavo Pontes da Silva.

Acompanhe:

13h50- A primeira testemunha a ser ouvida foi o colaborador premiado e arquiteto José da Costa Marques. As informações prestadas por ele às autoridades policiais contribuíram para a deflagração da Operação Sodoma 2. Ele atuou como "laranja" na transação de compra de um terreno próximo à casa de shows Musiva, em Cuiabá, após afirmar que pretendia construir um Shopping Popular com 700 salas no local. As informação constam no documento que decretou a prisão do ex-secretário de Administração de Mato Grosso, César Zílio.

A audiência se iniciou as 13h50. Ao MPE, hoje, informou que ficou responsável por encontrar uma área para implantação do referido projeto. César Zílio teria solicitado ficar em sigilo enquanto não fosse concluída a compra do terreno. Ele iria se desfazer de gado que possuía angariar o valor necessário para compra. “Eu achei normal”.

O arquiteto explicou que muitas vezes no seu ramo negócios clientes grandes mantenham sigilo enquanto não concluída a compra. “Tudo transcorreu normal, embora com alguns atrasos no pagamento”.

Certa feita diz ter visto na imprensa que um dos cheques da compra era alvo de investigação. Ele teria procurado César Zílio para lhe explicar a origem do cheque. Foi quando se deu conta que era alvo de uma transação ilegal.

Momento seguinte, confirmou a originalidade de alguns documentos apresentados pelo MPE e que figurou no primeiro contrato de aquisição como comprador, junto com o pai de César Zílio.

14h12- Em julho de 2012, surgiram outros dois contratos em que figuravam como comprador, além do próprio arquiteto, o pai de César Zílio, Antelmo e Williams Paulo Mischur. “Eu sequer conhecia este Williams Mischur”. Salientou. "Ele [Zilio] me pediu pra que eu destruísse o contrato e todos os documentos da compra. Mas eu achei errado e não destruí", afirma o arquiteto.

Sobre cheques da Consignum, empresa que pagou propina para benefícios no Executivo, também movimentados no processo da compra do terreno, o arquiteto confirma, mas não sabe quantos foram. O MPE crê que foram 37 cheques.

O arquiteto lembra que também chegou a receber dinheiro em espécie: R$ 3 milhões em uma caixa. “Eu não tinha motivo nenhum para suspeitar de nada", afirma José Marques.

14h30- Depois que procurou a policia o arquiteto nunca mais encontrou-se com César Zilio, somente no MPE. No órgão, Zilio afirmou que supunha que José Marques soubesse da ilegalidade da fonte dos recursos.

"Achei que estava fazendo uma operação normal", conclui o arquiteto.

O arquiteto diz não conhecer Rodrigo Barbosa, Marcel de Cursi, Pedro Elias, Chico Lima, José Riva nem Wallace Guimarães.

15h00- O arquiteto confirma que hoje o terreno em questão pertence a César Zilio. "Eu não sei afirmar se ele detém a posse ainda pois lá ele, com seu irmão, explorou um equacionamento e hoje ele está fechado".

César Zilio teria lhe procurado para propor a compra do terreno, pois não poderia envolver seu nome na compra, por ser secretário de Estado. "Ele disse que pegaria mal". Por ocasião da construção da casa de Zilio, José Marques confirma que também recebeu cheque da Consignum.

Ele afirma também que a obra da casa terminou no fim de 2012, quando já estava em andamento o processo de compra ilegal do terreno. Zilio dizia que os cheques da Consignum eram oriundos de venda de gado, revela o arquiteto.

Consta no nome do arquiteto a responsabilidade sobre alguns IPTU não pagos do terreno. "Mas o maior prejuízo é o moral, de estar aqui hoje".

Quando estourou a operação policial, José Marques procurou César Zilio para perguntar o que estava acontecendo. “Se os cheques eram oriundos de venda de gado, qual a razão da investigação?”, questionou. Zilio teria lhe dado uma segunda explicação para a origem do dinheiro: arrendamento de pasto.

16h05- A defesa de Silval Barbosa questionou o motivo pelo qual José da Costa Marques firmou acordo de delação premiada se ele, anteriormente, havia entregue todos os documentos e apresentado todos os fatos à policia.

Ele esclareceu que não tem conhecimento técnico para responder a questão, mas que sua defesa entendeu por bem firmar acordo após as contradições oferecidas por César Zilio durante a acareação.

16h10-
 Os últimos minutos foram marcados por uma intensa série de questionamentos feitos pela defesa de Silval. Eles querem entender como a defesa do arquiteto, pensando em delatar, saiu do MPE sem o acordo firmado. A conclusão destas questões, que não foram respondidas, serão reveladas na fase final do processo, prometeu Rabaneda, um dos advogados de Silval.

16h55- Após intervalo, a próxima testemunha é André Maggi.

Ao MPE, esclarece que era dono de 1/3 da área vendida, junto a Gustavo Bongiollo e Samuel Maggi Locks, seus sócios. Paulo Gasparotto era dono do outro terço da terra e o ultimo, um paulista identificado como Mário. Ele diz que foi procurado pelo corretor Ricardo de Oliveira França.Maggi afirma que segundo o contrato de compra e venda quem seria o dono do terreno era a empresa Matrix, de José da Costa Marques. Acrescenta que os pagamentos foram feitos corretamente. Mas nega saber se alguém estaria por trás desta venda.

André Maggi recebeu, em dinheiro, cerca de R$ 300 mil.

17h09-
 Assim que ficou sabendo da Operação, pela imprensa, procurou a delegacia para esclarecer os fatos que lhe tocam. André Maggi diz que reuniu-se com o arquiteto apenas uma vez.

17h20-
Questionado se pesquisou se a Matrix possuía lastro para realizar contrato deste porte, nega. "Para mim era indiferente por conta das cláusulas serem bem rígidas quanto ao não pagamento". Ele diz que nunca soube que no final da compra a escritura seria passada para outra pessoa, secretamente envolvida na compra.

17h25- É iniciada a terceira oitiva do dia, com Samuel Maggi Locks.

Samuel Maggi confirma a mesma versão dos fatos trazida por seu primo anteriormente. Também confirma a possibilidade de que haja dividas de IPTU do terreno. Ele diz que recebeu R$ 1,3 milhão de sua parte na venda. O valor foi pago em dinheiro e mediante cheques. "Levei vários cheques até a delegacia".

18h00- Quarta testemunha é o empresário Paulo Gasparotto. A sua parte do terreno, isto é, 1/3 de tudo está em seu nome e na da empresa de sua família, a Carisma Participações. Ele diz que conheceu José da Costa Marques durante a transação do negócio. As tratativas e os valores de compra foram negociados com a figura do corretor Ricardo França. A sua parte na venda foi de R$ 4 milhões.

O empresário confirma a narrativa sobre a venda apresentada pelos jovens Maggi. A testemunha afirma que o plano de José Marques na suposta compra era de construir um shopping no local. A testemunha revela que recebeu mais de R$ 1 milhão em espécie.

Ele também afirma que não sabia que a escritura seria passada à César Zilio. Também nunca desconfiou a origem dos cheques de terceiros movimentados na negociação. "Nunca tive contato nem com César Zilio, nem com seu pai, nem os conheço pessoalmente", afirma

18h50- A quinta testemunha é Fernando Canavarros Infantino. Ele foi chamado para explicar a acusação exclusivamente feita à César Zilio, referente a um cheque de R$ 27 mil assinado em nome de sua empresa.
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