O ex-secretário da Casa Civil de Mato Grosso, Pedro Jamil Nadaf, foi solto no inicio da noite desta segunda-feira (05). Ele é réu nas ações penais da “Operação Sodoma” e obteve liberdade após completar cerca de 340 dias de prisão preventiva, que atualmente cumpria na sede do SOE (Serviços de Operações Penitenciárias Especializadas). Sua saída é resultado de sua nova postura de contribuir com a justiça.
Um pedido escrito havia sido formalizado e entregue à juíza da Sétima Vara Criminal, Selma Rosane Arruda, e aguardava parecer do Ministério Público Estadual (MPE). Para sua soltura, Nadaf deixou R$ 3,8 milhões nas contas da Justiça Estadual. Se inocentado for, recebe o valor de volta, se condenado, deixa à título de ressarcimento ao erário. O advogado do réu, Alexandre Abreu, falou com
Olhar Jurídico.
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"Agora é descansar, não é, depois de quase um ano preso. Foram dias de muito sofrimento para ele e para a família. Agora ele quer se recolher, passar uns dias em silêncio, com os familiares. Ele tem uma mãe de 90 anos que sofreu bastante com isso tudo", avaliou o advogado Alexandre Abreu.
Segundo a defesa de Nadaf, a estratégia agora em todas as ações penais será a de admitir o que cometeu de ilegalidades e entregar bens para ressarcimento do erário. "Vamos continuar lutando e podemos ter certeza que, no que for necessário, Nadaf admitirá com toda transparência o que cometeu", disse. Alexandre Abreu ainda adianta que defenderá pena mínima para os crimes que ele admitir, postura que faz parte do que ele chamou de "nova tese de defesa" que, ele avalia, "mudou bastante as coisas".
O ex-secretário, que é alvo de quatro operações, já havia conseguido revogar prisão em duas oportunidades (Sodoma I e Operação Seven). Restava apenas privação de liberdade decretada na “Sodoma II”, com a decisão, já não há operação que impeça sua liberdade, uma vez que na "Seven II" não há pedido de prisão à seu desfavor.
Em contrapartida, medidas cautelares foram impostas ao réu. Uma tornozeleira eletrônica será instalada em Nadaf, que ainda precisou entregar seu passaporte, para garantir que não deverá fugir durante o andamento da ação penal.
Por conta da “Sodoma”, o ex-secretário de Estado teve seus bens submetidos a leilão judicial no último dia 28. Mais de 700 cabeças de gado pertencentes a ele e avaliadas em R$ 1,1 milhão foram leiloadas. O rebanho foi sequestrado judicialmente por determinação da juíza Selma. Além disso, deixou propriedades que totalizam R$ 3,8 milhões. Segundo Alexandre Abreu, o valor supera o que, em tese, Nadaf teria desviado dos cofres públicos.
Entenda o Caso:
Na fase 2 da “Operação Sodoma”, deflagrada no dia 11 de março de 2016, foi descoberta a lavagem de R$ 13 milhões na aquisição de um terreno na Avenida Beira Rio, próxima a casa de shows Musiva, que teria sido quitado com cheques provenientes de propina pagas por empresas (beneficiados com incentivos fiscais) ao Poder Executivo.
A compra foi feita, segundo o Ministério Público Estadual, pelo ex-secretário de Administração César Zilio, que teria usado o pai falecido e um arquiteto como “laranjas” na transação.
Foram denunciados pela Sodoma: O ex-governador, Silva da Cunha Barbosa; o ex-prefeito de Várzea Grande, Wallace dos Santos Guimarães; os ex-secretários de Estado, Marcel de Cursi, Pedro Jamil Nadaf, José Jesus Nunes Cordeiro, César Roberto Zílio e Pedro Elias Domingues; o filho do ex-governador, Rodrigo da Cunha Barbosa; o ex-deputado estadual José Geraldo Riva; Silvio Cezar Correa Araújo, Francisco Gomes de Andrade Lima Filho, Karla Cecília de Oliveira, Tiago Vieira de Souza, Fábio Drumond Formiga, Bruno Sampaio Saldanha, Antonio Roni de Liz e Evandro Gustavo Pontes da Silva.
(1).JPG "Pedro Nadaf")
