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OPERAÇÃO IMPERADOR

Delator diz entregou caixa com cerca de R$ 300 mil em espécie a ex-deputado José Riva

26 Out 2016 - 10:25

Da Redação - Paulo Victor Fanaia Teixeira

Foto: Rogério Florentino Pereira/OD

José Geraldo Riva

José Geraldo Riva

“Trouxe o que estava combinado com o Edemar?”, teria questionado o então deputado José Geraldo Riva ao mais novo delator premiado da Sétima Vara Criminal, o empresário Elias Abrão Nassarden Júnior, réu na ação penal oriunda da “Operação Imperador”. Ele confessou ter participado de um esquema de fraudes avaliado em R$ 61 milhões e confirmou que entregou a Riva uma caixa com cerca de R$ 300 mil em espécie dentro do gabinete do político, na Assembleia Legislativa de Mato Grosso (ALMT).


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A informação consta do acordo de delação celebrado com o Ministério Público Estadual (MPE) e obtido por Olhar Jurídico. Ele foi anunciado pela magistrada Selma Rosane Arruda, durante audiência realizada na tarde desta terça-feira (25). Por conta disto a esposa de José Riva, Janete Riva, poderá ser novamente interrogada.

No final de 2006, Edemar teria comentado ao delator que viajaria para Santa Catarina por volta de 20 de dezembro e que o encarregou de realizar o “retorno”, isto é, a entrega de dinheiro ilícito para o suposto grupo liderado por José Riva. A quantia: entre R$ 200 mil e R$ 300 mil.

A pessoa de Edemar citada na delação é o ex-secretário de Finanças da “Casa Cidadã”, Edemar Adams.

Elias garante que antes de receber maiores instruções, sequer sabia quem receberia a quantia, mas que Edemar lhe garantira que era para ficar tranquilo e aguardar. Cerca de três dias depois, o delator recebeu a ligação.

“Elias, tudo bom? Geraldo Riva. Você tem agendada uma reunião com a gente, vai comparecer?”, o delator teria respondido afirmativamente. No mesmo dia, no início da noite, foi até a sala da Secretaria Geral da AL para procurar o deputado. “Trouxe o que estava combinado com o Edemar?”, perguntou Riva. O declarante teria respondido “Tá aqui” e entregado “uma caixa contendo o dinheiro em espécie”. Segundo Elias, estava foi a única oportunidade em que tratou do esquema com Riva.

De acordo com a delação, Edemar nunca mencionou detalhes da destinação do dinheiro que “retornava” para a Assembleia, apenas dizia que era para “custeio da máquina”.

Elias Abrão Nassarden Júnior é empresário proprietário da papelaria Livropel Comércio e Representações e Serviços Ltda. Acrescenta ainda que as outras empresas investigadas na “Operação Imperador” são de sua propriedade, mas estão no nome de seus parentes. São elas: a Hexa Comércio e Serviços de Informática Ltda., Amplo Comércio de Serviços e Representações Ltda., Servag Representações e Serviços Ltda. e a Real Comércio e Serviços Ltda. - ME.

A delação foi firmada no dia 25 de outubro. Assinam os promotores do Grupo de Operação Especial em Combate ao Crime Organizado (Gaeco) Samuel Frungilo e Carlos Roberto Zarour.

Operação Imperador:

Conforme os autos, um esquema de desvio de dinheiro público liderado por José Riva, foi desvendado pelo Gaeco. O ex-deputado foi denunciado por ter desviado mais de R$ 60 milhões dos cofres públicos com falsas aquisições envolvendo cinco empresas do ramo de papelaria, todas de “fachada”.

Foram denunciados, além de José Riva e Janete Riva, servidores públicos e empresários. São eles: Djalma Ermenegildo, Edson José Menezes, Manoel Theodoro dos Santos, Djan da Luz Clivatti, Elias Abrão Nassarden Junior, Jean Carlo Leite Nassarden, Leonardo Maia Pinheiro, Elias Abrão Nassarden, Tarcila Maria da Silva Guedes, Clarice Pereira Leite Nassarden, Celi Izabel de Jesus, Luzimar Ribeiro Borges e Jeanny Laura Leite Nassarden.

Consta na denúncia, que a organização criminosa fraudou, entre 2003 e 2009, a execução de contratos licitatórios na modalidade carta convite, pregão presencial e concorrência pública, visando à aquisição simulada de material de expediente, de consumo e artigos de informática.

Durante as investigações, foi constatado que os materiais adquiridos não foram entregues, embora servidores tenham atestado as notas de recebimento e a Assembleia Legislativa tenha efetuado os pagamentos.

As cinco empresas envolvidas no esquema são: Livropel Comércio e Representações e Serviços Ltda, Hexa Comércio e Serviços de Informática Ltda, Amplo Comércio de Serviços e Representações Ltda, Real Comércio e Serviços Ltda-ME e Servag Representações e Serviços Ltda.

Os autos contra José Riva e Djalma Ermenegildo foram desmembrados do processo principal. Os motivos foram as prisões preventivas decretadas contra ambos, ainda em 2015.
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