Está marcada para as 13h30 desta terça-feira (09) a primeira audiência da ação penal oriunda da “Operação Sodoma 3”. Nesta ocasião deverão ser inquiridas as testemunhas arroladas pelo Ministério Público Estadual (MPE). Este mês, ao todo, 52 testemunhas de acusação e defesa, além dos próprios réus, serão ouvidos pela juíza Selma Rosane Arruda, da Sétima Vara Criminal.
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Nesta terça-feira serão ouvidos, na qualidade de testemunha de acusação, o delator e empresário dono da Tractor Parts, João Batista Rosa além das figuras de Frederico Muller Coutinho e Filinto Muller, também colaboradores.
Os fatos levantados pela operação apontam que o ex-governador Silval Barbosa, no posto de líder da organização criminosa, moldou o Poder Executivo para que agentes públicos praticassem crimes de concussão, fraude a licitação, corrupção passiva, fraude processual, lavagem de dinheiro e extorsão.
Além do ex-governador e Pedro Nadaf, foram denunciados pela Sodoma: o ex-prefeito de Várzea Grande, Wallace dos Santos Guimarães; os ex-secretários de Estado, Marcel de Cursi, José Jesus Nunes Cordeiro, César Roberto Zílio e Pedro Elias Domingues; o filho do ex-governador, Rodrigo da Cunha Barbosa; o ex-deputado estadual José Geraldo Riva; Silvio Cezar Correa Araújo, Francisco Gomes de Andrade Lima Filho, Karla Cecília de Oliveira, Tiago Vieira de Souza, Fábio Drumond Formiga, Bruno Sampaio Saldanha, Antonio Roni de Liz e Evandro Gustavo Pontes da Silva.
Acompanhe aqui:
14h32: Antes do início da audiência, Rodrigo Barbosa pede dispensa, que é acatada pela juíza Selma. Também são dispensados Silval Barbosa, César Zilio, Pedro Elias e Jose Jesus de Nunes Cordeiro. A audiência começa com o empresário Filinto Müller.Ele afirma que tinha relação familiar antiga com Chico Lima, que lhe procurou certa feita para que fizessem operação mercantil envolvendo cheques da Tractor Parts.
(Rodrigo Barbosa antes do início da audiência. Foto: Paulo Victor Fanaia Teixeira)
Conforme o depoimento, Chico Lima teria procurado ele e Federico Müller para ajudar na movimentação dos cheques. Cada cheque que chegava, eles sacariam ou transferiram para Chico Lima.
Filinto nega que tenha existido qualquer atuação de fomento: “Foi lavagem de dinheiro pura e simples." Ao total, foram sacados três cheques de cerca de R$ 83 mil. Os cheques foram enviados de um banco para um Bicbanco – o mesmo envolvido em esquemas da Operação Ararath.
Tão logo os cheques eram liquidados, Chico Lima lhes davam contas para que os valores fossem enviados. "Era pagamento de propina, em momento algum ele (Chico Lima) falou pra gente, ele mentiu pra gente".
14h45: "Guarda esse cheque pra mim, assim que liquidar você me paga. Eu disse ok", conta Filinto. Segundo ele, Chico Lima teria passado várias contas com ele, incluindo contas de cartões e dívidas da filha. Para fazer esse serviço, Filinto revela que recebeu 3% dos valores para fazer essas transições.
Posteriormente, em uma conversa ele descobriu que essas operações eram feitas à mando do governador Silval. "Você vai ganhando confiança e eles vão se abrindo mais, mas no começo eles não falam muito", disse. "Ele disse que fazia operação para o grupo deles...Silval...Pedro...", completou.
15h01: “Eu sabia que estava cometendo um crime a partir do momento que descobri que era dinheiro para o grupo dele”, afirma Filinto Müller ao narrar que passou a apagar dados de computador e rasgar documentos. “Eu não queria passar por este constrangimento”.
De acordo com Filinto, Chico Lima falava em apenas duas pessoas: Silval Barbosa e Pedro Nadaf. Acrescenta também que chegava a se envolver apenas com estas duas pessoas, além de Rodrigo Barbosa, que diz o conhecer “de rua”. Os demais ele desconhece pessoalmente. “O Silvio César Côrrea Araújo, por exemplo, eu não conhecida ele. O Chico Lima chegava, entregava a conta e transferia”, conta.
“A gente ficava preocupado, só que aquela velha história: aquela ambição que com o tempo se torna ganância. Eu fui ganancioso e continuei fazendo aquilo. Não precisava ter me envolvido com Chico Lima e com políticos”, lamenta.
15h15: Ele crê que tenha transferido R$ 50 mil para Silvio César Côrrea Araújo à mando de Chico Lima. “Quando você o tamanho da coisa, você percebe que fazia parte. Do fundo do meu coração eu falo, eu fiz parte disso. Eu não sabia o tamanho da engrenagem, mas sabia que Silval, Chico e Pedro faziam parte e que era algo grande”.
Por outro lado, ele diz não saber quem mais participava do esquema. Ele também diz não saber sobre qualquer participação de Chico Lima no escândalo da compra de terrenos.
16h09: Agora quem depõe é o empresário Frederico Müller. Ele confirma as informações de Filinto sobre o recebimento de cinco ou seis cheques de Chico Lima. Acrescenta ainda que os últimos dois cheques serviram para pagamentos de aluguel e compra de eletrodomésticos por Chico Lima.
Da mesma forma que seu ex-sócio, confirma que nunca teve contato com outros réus como Silval, Riva e Wallace. “Sinceramente meu entendimento não chegava neste nível (de que participava de uma engrenagem criminosa), mas sentia que havia algo estranho”, respondeu quando questionado sobre o fato pela defesa de Chico Lima.
A testemunha crê que Filinto, seu primo, também não tinha consciência de onde estava envolvido e que estava apenas querendo obter lucro.
16h27: A oitiva com João Batista Rosa, dono da Tractor Parts e principal delator, é redesignada para o dia 17/08.
