O aumento das preocupações com o cenário europeu levou os investidores a se "refugiarem" no dólar e impulsionou a alta da moeda nesta sexta-feira (14). A moeda norte-americana fechou em alta de 1,51%, vendida a R$ 1,804, segundo dados do Banco Central, na maior cotação de fechamento desde a última sexta-feira.

Na semana, entretanto, a divisa americana fechou com queda de 2,54%. No mês, a alta acumulada é de 3,80%, e no ano, de 3,50%.

A subida da taxa de câmbio acompanhou a queda do euro para os menores níveis desde outubro de 2008, abaixo de US$ 1,24. A moeda comum sofreu no início da sessão com rumores posteriormente desmentidos de um rebaixamento da nota da dívida soberana da França pela agência Fitch.

Além dos problemas fiscais, preocupa os investidores a perspectiva de que as medidas de controle dos déficits orçamentários de países como Grécia, Portugal e Espanha possam prejudicar a retomada econômica da região, já lenta.

"No cenário interno, não vejo nada que justifique o dólar muito estressado (no Brasil). Mas no cenário externo, o mercado vai olhar muito para o quanto que os bancos europeus estão vulneráveis a essas dívidas de Grécia, Portugal, Irlanda, Espanha", disse Jorge Knauer, gerente de câmbio no banco Prosper, no Rio de Janeiro.

"Se o mercado perceber que os bancos vão sofrer com a mudança de preços nesses ativos, é possível que a gente tenha mais alguns dias de estresse na Europa. Nesse aspecto, eu vejo que dificilmente o dólar volta a cair com muita violência nas próximas três, quatro sessões", afirmou.

Volume
O volume de negócios voltou a crescer nesta sexta-feira após o fraco movimento da véspera. Pouco antes do fechamento dos negócios, a clearing (câmara de compensação) da BM&FBovespa registrava quase US$ 2,8 bilhões em operações, ante US$ 1,3 bilhão na quinta-feira e US$ 2,4 bilhões em média no mês.

O número pode ser um sinal de que os exportadores voltaram a aproveitar a alta do dólar para converter receitas. Um operador de câmbio de um banco nacional confirmou ter visto um movimento mais intenso no segmento comercial, mas ressalvou que ainda não era algo semelhante ao registrado na semana passada, quando o dólar chegou a quase R$ 1,90.

Na primeira semana de maio, a entrada de moeda estrangeira no Brasil superou a saída em US$ 3,711 bilhões por causa principalmente da atividade dos exportadores