Olhar Direto

Sexta-feira, 17 de maio de 2024

Notícias | Cidades

MOBILIDIDADE

Escolha entre BRT e VLT passa por influência política; veja as diferenças

Foto: Reprodução

Modelo do BRT foi implantado em Bogota

Modelo do BRT foi implantado em Bogota

A discussão sobre a mobilidade urbana na Grande Cuiabá, tendo em vista a melhoria do trânsito para a Copa do Mundo de 2014, trouxe à tona uma discussão sobre qual melhor modelo de transporte a ser implantando na capital mato-grossense. O governo do Estado já teria garantido R$ 480 milhões para a construção do BRT (Bus Rapid Transit), porém, além do atraso na entrega do projeto, o plano foi entregue pela metade ao governador Silval Barbosa (PMDB).


Diante da demora da empresa responsável pelo projeto do BRT, uma nova proposta surgiu com força. A implantação do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) que tem o respaldo do presidente da Assembleia Legislativa, deputado estadual José Riva (PP), que desde o ano passado vem defendendo este modelo de transporte.

Apesar dos contratempos e dos atrasos, os diretores da Agecopa ainda se posicionam favoráveis à construção do BRT e insistem ser este o melhor modelo no momento.

No entanto, colocando a questão política de lado, este é o momento do governo levar em consideração os aspectos técnicos. A escolha entre ônibus e trilho precisa ser analisada com cautela, pois irá influenciar diretamente no papel do transporte da cidade e do entorno urbano, além de provocar grande impacto na vida e na evolução da cidade.

O governo precisa analisar que tipo de cidade quer no futuro e levar em consideração características físicas, ambientais, econômicas, atratividade de usuários, além dos impactos no trânsito. Sob a intervenção de Riva, a empresa Raiz, de São Paulo, já se propos a realizar o estudo de viabilidade do VLT, gratuitamente, para o governo.

A reportagem do Olhar Direto pesquisou as diferenças entre os dois modelos de transportes e baseada no estudo realizado pelo engenheiro Peter Alouche, da Associação dos Engenheiros e Arquitetos de Metrô, elencou os prós e contras do VLT e BRT.

O VLT é um sistema de transporte com capacidade de 15 mil a 35 mil passageiros/hora/sentido. É, portanto, uma alternativa adequada para transporte de média capacidade e ainda é mais adaptável ao meio urbano paisagístico.

O veículo é mais seguro, rápido, confortável e tem movimentos suaves. Devido à agilidade, atrai muitos motoristas, que acabam deixando os carros em casa para ir com o VLT para o trabalho. Este modelo de transporte também é compatível com as áreas dos pedestres e tem mais facilidade para passar por Centros Históricos.

Outra vantagem é a mobilidade do traçado que pode subir rampas e realizar curvas fechadas, além disso, acaba se tornando um modelo econômico, já que o ciclo de vida é de mais de 30 anos. Pensando ainda na questão ambiental, o Veículo Leve sobre Trilho não polui o ar, pois é feito por tração elétrica e não emite gás poluente.

O VLT também pode ser mais vantajoso para Cuiabá por não necessitar realizar desapropriação. Com isso, o governo poderá economizar milhões, levando em conta os imóveis que deverão ser expropriados para a construção do BRT. Este é um dos principais argumentos do deputado Riva, que defende a implantação do VLT, desde o ano passado.

O VLT também tem algumas desvantagens referentes ao custo do material rodante e a operação e manutenção do veículo necessitam de uma infraestrutura organizacional complexa.

O BRT é um modelo que consiste na construção de duas faixas exclusivas para ônibus, permitindo ultrapassagem e o pavimento é rígido para evitar rachaduras. Os veículos são articulados com capacidade maior que os ônibus comuns, transportando em média de 25 passageiros/hora/sentido. É flexível para circular fora do corredor e a velocidade comercial máxima de 30km/h.

Dentre as desvantagens está a emissão de partículas e compostos orgânicos, além de degradar o entorno e prejudicar o comércio ao longo do corredor. Não dá segurança aos usuários e ainda existe riscos de acidentes em cruzamentos. Em Cuiabá, o BRT previsto para ser construído em dois trechos, causará a desapropriação de vários prédios, principalmente na região central.

Além dos aspectos técnicos, é preciso analisar os exemplos. O BRT em Bogotá, capital da Colombia, não foi bem sucedido e acabou tornando-se um caos na cidade, com acidentes, filas de espera nas estações e ônibus superlotados. Além disso, o modelo está ficando ultrapasado, pois cidades que optaram por este sistema já passam por readequações e mudanças nos modelos de trânsito.

Por outro lado, o VLT não foi bem implementados em cidades brasileiras como Rio de Janeiro e Campinas, onde está desativado, e sua operação e manutenção necessitam de uma infraestrutura organizacional relativamente complexa. Porém, o modelo é sucesso na Europa.

O governador Silval Barbosa (PMDB) autorizou a elaboração do projeto de viabilidade do VLT, mas alegou que teme o preço alto da passagem. No entanto, numa comparação simples, a passagem do ônibus em Cuiabá é de R$ 2,50, enquanto em São Paulo é possível atravessar a cidade de metrô pelo custo de R$ 2,80. Portanto, o preço da passagem não deve ser tão mais absurda do que a atual e o deputado Riva garante ser possível aplicar um preço mais barato que o BRT.

Outro ponto a ser analisado, é o fato da obra do BRT ser bancada pelo governo com um investimento de R$ 480 milhões, liberado pela Caixa Econômica Federal, que disponibilizou engenheiros para ajudar na conclusão do projeto executivo, já que até o momento só existe o projeto básico.

No caso do VLT, a empresa AZVI, da Espanha, especializada em construção de ferrovias até a operação do sistema, já sinalizou positivamente para bancar a obra e assinar um termo e concessão com o Estado, cabendo ao governo regulamentar o transporte. Com isso, o Estado economizaria quase meio milhão de reais.
Entre no nosso canal do WhatsApp e receba notícias em tempo real, clique aqui

Assine nossa conta no YouTube, clique aqui
 

Comentários no Facebook

xLuck.bet - Emoção é o nosso jogo!
Sitevip Internet