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Sexta-feira, 03 de maio de 2024

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na tribuna

Senador critica uso da Força Nacional contra trabalhadores em Marãiwatsédé

Foto: Agência Senado

Senador critica uso da Força Nacional contra trabalhadores em Marãiwatsédé
O senador Cidinho Santos voltou a usar a tribuna do Senado para criticar a desintrusão de posseiros e produtores rurais na demarcação indígena de Marãiwatsédé, em Mato Grosso. O parlamentar atacou o uso da Força Nacional no cumprimento da ordem de desintrusão. Segundo Cidinho, "o governo federal tem que usar a Força Nacional para correr atrás de bandido e não de trabalhador”.


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“O que me parece é que temos os índios, que merecem toda a atenção do Governo Federal, e do outro lado, brancos, que mal fazem parte da pátria brasileira e que mesmo no Brasil do século XXI, tiveram seu direito de ir e vir cerceados pela força policial que, aliás, deveria agir com o mesmo afinco, a mesma rapidez prendendo bandido e marginal de organização criminosa que espalha o caos e o terror em São Paulo e Santa Catarina. E não, levar o medo aos pequenos produtores de uma região pobre do interior de Mato Grosso onde moram trabalhadores, gente ordeira, que está lá porque tem os títulos daquelas terras e que lhes foram dados pelo próprio Governo”, esbravejou Cidinho na tribuna.

Em discurso acalorado na Tribuna do Senado, o senador engrossou o tom e acusou o Governo Federal de agir de forma complacente junto à Força Nacional, ao permitir a ação da polícia de bloquear as rodovias federais de acesso à Gleba Suiá-Missú, próximo ao município de Alto Boa Vista, na tentativa de forçar os moradores da região a assinarem o termo de desocupação.

O senador frisou ainda que há meses vem alertando para o caos instalado na terra indígena Marãiwatsédé, onde fica a Gleba Suiá-Missú, sobre o risco de derramamento de sangue, mas, lamenta que ‘sozinho sua voz não terá eco’. Os produtores já começaram a ser notificados mas garantem que não deixarão a área com vida.

“Faço um apelo, mais uma vez, aos senadores e deputados federais, porque hoje é em Mato Grosso, mas, amanhã pode ser em qualquer outro ente federado. Somente aos xavantes foram demarcados 1,5 milhão de hectare de terra para uma população de 17 mil índios. Ou seja, é o equivalente a 25 mil hectares para cada família de xavante. Será que a solução é mais terra, sendo que isso é só para essa etnia?”, questionou o senador.

O parlamentar apresentou dados de uma reportagem da revista Veja publicada na edição de 03 de novembro, segundo a qual a qualidade de vida da população indígena no Brasil está muito mais atrelada à falta de investimento em infraestrutura e programas de Governo, que ao simples domínio ou posse de terras.

“O que vemos são índios com altos índices de depressão, consumo excessivo de álcool e drogas (crack), e os xavantes dessa região, especificamente, já possuem 30 mil hectares nessa mesma região. No que vamos melhorar a qualidade de vida desses 300 indígenas aumentando em mais 160 mil hectares?”, questiona.

Cidinho Santos explica que há entraves que ultrapassam a linha jurídica e política. “O Governo do Estado já tinha conseguido que 85% dos xavantes concordassem com a permuta proposta pelo governador Silval Barbosa em remanejar os índios para uma nova área a ser demarcada pela comunidade que fica no parque estadual do Araguaia, e tem 250 mil hectares (100 mil hectares a mais que a reserva Marãiwatsédé). Mas, ocorre que o senhor Paulo Maldos (da secretaria da Presidência) - ex-marido da presidente da Funai- e Nilton Tubino, estão trazendo a desunião e a desordem à Gleba Suiá-Missú. Se apresentam como emissários da presidente Dilma, mentindo, falando que existem na gleba somente 174 pessoas. Ou seja, nada fazem para que tudo transcorra em paz e de forma civilizada. Peço a intervenção das ministras chefe da Casa Civil, Gleisi Hoffman, e de Relações Institucionais, Ideli Salvatti, pois, interesses escusos, que atendem à Funai e à ONG’s, não podem causar tamanha desordem num estado democrático de direito. Isso é um absurdo!”, alarmou Cidinho.

O conflito

O território Marãiwatsédé está situado entre os municípios de Alto Boa Vista, Bom Jesus do Araguaia e São Félix do Araguaia, respectivamente a 1.064 km, 983 km e 1.159 km da Capital, Cuiabá. De acordo com a Justiça, as famílias notificadas têm até 30 dias para deixarem a localidade de forma voluntária. A extensão supera 165 mil hectares.

A ordem de retirada das famílias já foi dada pela Justiça Federal, a pedido da Funai. Ao todo, estima-se que 7 mil pessoas serão diretamente afetadas. Entre elas, estão 900 crianças, que estudam em das escolas, e estão sem saber se vão terminar o ano letivo, porque até o dia 06 de dezembro elas terão que deixar a área.

Segundo a Associação de Moradores da Suiá-Missú, há na gleba 796 propriedades, que não são – diferentemente do que se pode pensar – grileiros ou invasores de terras. Eles, de acordo com a associação, têm a escritura e o registro de suas propriedades, foram incentivados por programas do Governo a ocuparem a área há pelo menos 30 anos e onde hoje se produz arroz, trigo, entre outras culturas e onde há todo tipo de comércio. Com informações da assessoria de imprensa.
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