Mais de seis décadas depois de fundar e ser o primeiro presidente da Associação Cuiabana dos Estudantes Secundaristas (Aces), no verão de 1957, o ex-governador e deputado mato-grossense Carlos Gomes Bezerra (MDB) pode ‘pendurar os santinhos’. Ele vai receber alta médica do Hospital Santa Rosa, o mais equipado de Mato Grosso, nesta sexta-feira (16), após “dar um grande susto” nos parentes, amigos e correligionários.  
 
A reportagem do Olhar Direto apurou que a secretária nacional de Qualificação e Promoção do Turismo do Ministério do Turismo, ex-deputada Teté Bezerra (MDB), sua esposa; e o empresário Carlinhos Bezerra, seu filho; e advogado Paulo Gomes Bezerra, seu irmão; estão entre os que desejam que o caudilho peemedebista volte à vida privada, principalmente à concessão de consultoria jurídica. Eles admitem apenas que Bezerra continue no comando do MDB (antigo PMDB), já que exerce o seu 15º mandato de presidente estadual – o primeiro foi na década de 1960.
 
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O “susto” citado pelos familiares é o fato de Carlos Bezerra ter passado  mal no início da noite de Quarta-Feira de Cinzas (14), quando foi levado às pressas para o Hospital Santa Rosa, sendo internado na UTI coronariana. Após uma bateria de exames, os médicos diagnosticaram uma arritmia cardíaca que não estava sendo tratada. A doença é provocada quando os impulsos do coração não funcionam adequadamente, o que pode provocar insuficiência pulmonar.
 
O presidente do MDB  deixou a UTI ontem (15) e  foi transferido para o apartamento da mesma unidade hospitalar. A previsão inicial de alta medica para sábado (17) foi antecipada para esta sexta-feira (16).
 
Prestes a completar 77 anos, Bezerra possui mais de 50 anos de vida pública, iniciada no movimento estudante, como dirigente da Aces. Ele foi deputado estadual, duas vezes prefeito de Rondonópolis, quatro vezes deputado federal, senador da República e governador de Mato Grosso.
 
Como presidente regional do MDB, ele coordena as conversações do bloco de oposição, supostamente com 11 partidos até agora, para montar a chapa capaz de enfrentar o governador José Pedro Taques (PSDB), provável candidato à reeleição. Ele não considera o ex-prefeito Mauro Mendes (sem partido) como parte da oposição e, para o governo de Mato Grosso, o grupo trabalha os nomes do senador Wellington Fagundes (PR) e do conselheiro afastado Antônio Joaquim Neto, do Tribunal de Contas do Estado (TCE).

Amigo da família, o deputado estadual Guilherme Maluf (PSDB), um dos donos do Hospital Santa Rosa, conversou com a equipe médica que atendeu Bezerra. “O médico disse que ele necessita se cuidar e descansar. E isso não precisa de internação, mas cuidados permanentes como aparelho cardiovascular e a saúde em geral”, afirmou Maluf.

Teté Bezerra é contra Bezerra “ficar em casa sem fazer nada”, mas não vê com bons olhos que esteja em novas disputas eleitorais. A militância no MDB já é considerada ocupação suficiente, segundo Teté confidenciou a amigos, para Bezerra ter muito trabalho. No ano passado, afirmou à reportagem do Olhar Direto que estava “velho demais” para continuar na vida pública e que deveria encerrar a carreira em fevereiro de 2019.