O cientista mato-grossense Ramis Bucair deixa a vida para se dedicar a sua paixão por cavernas em outro mundo, ao lado de Deus. Ele morreu na manhã desta terça-feira (20) depois de ficar internado durante dez dias para tratamento de um tumor em um hospital particular de Cuiabá. O velório começa às 14h, na Capela Jardins e o enterro será às 18h, no cemitério da Piedade, no Centro de Cuiabá.
Com 78 anos de idade, ele passou a maior parte da vida estudando espeleologia. Em 1959 fundou o Museu de Pedras, que leva seu nome, composto por aproximadamente 4 mil peças, algumas delas muito raras.
Sempre bem humorado, Ramis deixa saudades não apenas aos que conviveram de perto com ele, mas também à ciência, que sentirá falta de sua dedicação às pesquisas. O cientista veio ao mundo no dia 13 de junho de 1933, na cidade de Poxoréu, filho do comerciante libanês José Bucair e da cuiabana Helena. Ele teve mais cinco irmãos.
A vontade de explorar veio da infância quando ainda menino catava pepitas de ouro no córrego da Prainha para conseguir dinheiro para poder sair com os amigos. Ele estudou o primário no Colégio São Gonçalo e completou o ginásio na Escola Estadual Liceu Cuiabano, tradicional na época.
A faculdade de Agrimensura foi feita em São Paulo, onde também se especializou em espeleologia. Ele sempre teve espírito aventureiro e as cerca de quatro mil peças que compõem o acervo do museu Ramis Bucair, ele recolheu nas inúmeras viagens que fez pelo estado para pesquisar, fotografar, topografar e colecionar.
Atualmente, os geógrafos ou geólogos usam um GPS, o que facilita bastante o trabalho dos pesquisadores, mas em sua época Ramis encarava as trilhas fechadas com a cara e a coragem. Só para se ter ideia, ele relatava com muito orgulho que sobrevivera a 22 malárias.
Durante as expedições feitas em território mato grossense para realizar levantamentos topográficos, Bucair chegou a catalogar 39 cavernas no trecho entre Rondonópolis e Aripuanã. Em suas descobertas, o cientista fotografava e recolhia amostras de pedras, além de estudar a topografia.
O museu Ramis Bucair é o único particular do gênero no Brasil e, só depois de fundar o museu, que o cientista resolveu formar sua família. Aos 26 anos ele casou-se com a cuiabana Elza Faria com quem teve quatro filhos: Ramis Júnior, também engenheiro, Rosbek, economista, Ramilza, administradora, e Rógina, pedagoga.
Quem se interessar em conhecer as façanhas de Ramis pode visitar o museu localizado na rua Galdino Pimentel, de segunda a sexta em horário comercial. O telefone de contato é (65) 3322-5054.