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Sexta-feira, 03 de maio de 2024

Notícias | Agronegócio

Pecuaristas mineiros enfrentam ano de preços baixos e custos altos

A reação nos preços do boi gordo nesta semana não mudou a situação dos pecuaristas mineiros, que estão entregando os últimos bois confinados. O ano foi de preços baixos e custos altos, desde a venda de bezerro ao confinamento de boi gordo. Em 2011, o produtor do Triângulo Mineiro vendeu vaca a R$ 98,00 a arroba e, hoje, não consegue mais do que R$ 85,00.

No município de Prata, no Triângulo Mineiro, a média de venda de animais desmamados nos leilões desse ano foi de 400 a 500, metade do volume comercializado em 2011. Nas negociações, o preço por bezerro caiu cerca de R$ 100,00.

– O produtor está deixando de participar dos leilões e cedido muito gado para os catireiros. Em relação ao mercado, o preço retraiu, comparando com o ano passado, e está muito concentrado nas mãos dos grandes confinamentos. O produtor em si está ganhando pouco dinheiro – explica o pecuarista Edison Ney.

O catireiro a que Ney se refere é o atravessador que vai nas pequenas propriedades para comprar gado e revender. No mês de outubro, o movimento com leilões aumenta um pouco porque é véspera da vacinação contra a febre aftosa e o mercado para. A berrada de melhor qualidade manteve o preço médio de R$ 700,00, mas os custos tiraram a margem de lucro.

– Se você imaginar que o bezerro hoje tem o mesmo valor do ano passado e os custos tiveram acréscimo de 15% a 20%, dá pra ver que o produtor vem perdendo margem de produtividade, muito próximo de empatando e, às vezes, perdendo um pouquinho – afirma Adelino José Pereira Neto, que atua como pecuarista.

O também pecuarista Glauco Marcone faz coro às reclamações do colega.

– Todo mundo, pecuaristas e confinadores, esperava mais do boi gordo nesse ano. A indústria frigorífica eleva a margem de lucro e a nossa só cai, e ainda tem o mercado de insumos com preços altos, a reposição muito alta e o preço do boi gordo que não ajudou em nenhum momento – diz.

A fazenda de Marcone está embarcando os últimos animais dos 1.080 que foram confinados esse ano. O pecuarista travou o mesmo preço de junho, com entrega em outubro.

– O que consertou o nosso negócio foi a questão do boi futuro, que conseguimos vender a R$ 98,00. O excedente está sendo vendido a R$ 94,00, que é um péssimo negócio. Está péssimo, quem deixou de travar esperando um boi de R$ 100,00 ou R$ 102,00 esse ano, não foi feliz.

Marcone, que ainda faz os cálculos para fechar o balanço do ano, não desanima. Ele pretende dobrar o volume de animais confinados para o ano que vem. Se a margem de lucro é pequena, ele quer apostas na quantidade.

– Com um volume você tem melhor poder de negociação e consegue insumos mais baratos. Depois, quando você entra para o mercado, tem que ter volume. Os mesmos dois funcionários que tratam de mil bois, tratam de dois mil.
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