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Domingo, 28 de abril de 2024

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Projeto em parceria com Embrapa ajuda produtores e protege meio ambiente em Alta Floresta

Sair da lista dos municípios que mais desmatam a Amazônia para se transformar em uma referência de uso sustentável da terra. Esta é a trajetória que vem sendo trilhada pelo município de Alta Floresta, a 812 km de Cuiabá, na região Norte de Mato Grosso. Parte da responsabilidade vem do projeto Olhos D’Água da Amazônia, conduzido pelas secretarias de Meio Ambiente e de Agricultura do município, com recursos do Fundo da Amazônia, e em parceria com dezenas de instituições públicas, privadas e do terceiro setor, entre elas a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária.

O projeto teve início em 2010 e busca promover a proteção de nascentes, a preservação de áreas de floresta nativa, a recuperação de Áreas de Preservação Permanente (APPs), além de possibilitar a regularização fundiária de propriedades rurais e a melhoria da renda dos produtores com a adoção de tecnologias no campo.

Por meio do projeto, está sendo viabilizado a baixo custo o Cadastro Ambiental Rural (CAR), o georreferenciamento das propriedades (GEO) e a Licença Ambiental Única (LAU). Até o momento, já foram levantados 1.100 perímetros rurais para georreferenciamento, além da elaboração de cerca de 2.020 projetos de CARs, que atenderam 2.690 propriedades rurais.

Em 20 Unidades de Referência Tecnológica, produtores receberam materiais para cercar as nascentes e Áreas de Proteção Permanente, além de mudas e sementes para serem utilizadas no reflorestamento utilizando-se sistemas agroflorestais. Nestas mesmas propriedades, foram disponibilizados recursos para a recuperação e o piqueteamento de quatro hectares de pastagem que são utilizados para a pecuária leiteira.

Todo o trabalho é acompanhado por técnicos da prefeitura, da Empaer e do Instituto Centro de Vida (ICV) que estão sendo capacitados de maneira contínua em processos de transferência de tecnologia desenvolvidos pela Embrapa Agrossilvipastoril em todo estado de Mato Grosso.

“Foi a melhor estratégia que a gente teve de execução de trabalho em campo. Ter um órgão conceituado como a Embrapa dizendo quais são os melhores caminhos, e a gente fazendo isto com a nossa equipe técnica junto aos agricultores, pode parecer simples. Mas uma tecnologia para ser implantada na propriedade, às vezes encontra resistência do produtor”, afirma o coordenador executivo do projeto, José Alessandro Rodrigues.

O apoio da Embrapa no projeto Olhos D’Água da Amazônia ocorre principalmente no trabalho de manejo de pastagem e nos sistemas agroflorestais. Na segunda fase do projeto, que se iniciará em 2013, a participação deverá ser expandida para outras cadeias produtivas como a da pecuária de corte, por exemplo, por meio do programa de Boas Práticas Agropecuárias (BPA).

“É fundamental que a Embrapa continue nos apoiando, até porque deu certo a parceria até agora. Teremos muito mais resultados se continuarmos juntos nesta parceria. Todo trabalho no campo envolve pesquisa, envolve conhecimento técnico. Então nada melhor do que a Embrapa estar junto até chegar em um ponto em que o agricultor tenha autonomia total sobre a propriedade dele, sobre como irá implantar a tecnologia”, ressalta José Alessandro Rodrigues.

Para o chefe-adjunto de Transferência de Tecnologia da Embrapa Agrossilvipastoril, Lineu Domit, o trabalho desenvolvido em Alta Floresta será um exemplo para toda a região Amazônica, de que é possível produzir de maneira sustentável.

“Acredito que em três a quatro anos, Alta Floresta seja uma das principais referências em tecnologias e mudanças de uma situação. Veremos em Alta Floresta a sustentabilidade em sua essência, com completo equilíbrio entre o aspecto econômico, ambiental e social”, prevê Domit.



Maior produtividade



Para que o projeto Olhos D’Água da Amazônia atingisse seu objetivo principal, que era o de proteger o meio ambiente no município de Alta Floresta, por meio da recuperação de mais de três mil nascentes degradadas e da recuperação das APPs, buscou-se aliar o lado ecológico com a geração de renda para o produtor.

Para isso, investiu-se na recuperação de pastagens, de modo a aumentar a taxa de lotação das fazendas, gerando maior produtividade em menor espaço. Inicialmente foram reformados quatro hectares de pastagens nas 20 Unidades de Referência Tecnológica. Só esta ação já fez com que as propriedades mais do que dobrassem o número de animais por hectare. Em alguns casos, as vacas que antes ocupavam 20 ha ficam hoje nos quatro hectares, que também foram piqueteados de modo a melhorar o manejo.

“A produção de leite em algumas propriedades aumentou em até 50%. Em outras, até mais do que isto. Houve um aumento significativo na produção de leite e uma melhora na qualidade das pastagens”, explica José Alessandro Rodrigues.

Segundo o coordenador executivo do projeto, produtores que antes ficavam desconfiados com as ações desenvolvidas, hoje já reformaram mais pastagens por conta própria, seguindo as técnicas recomendadas pela Embrapa.

Para Lineu Domit, a inclusão de um incentivo tecnológico que proporciona maior produtividade e renda foi fundamental para que os produtores aceitassem a ideia de recuperar as APPS e implantassem áreas com sistemas agroflorestais em suas propriedades.

“Se em uma área menor o produtor tem uma renda maior, ele consegue participar ativamente do projeto e contribuir com a questão ambiental, que é a meta do projeto. No fundo isto mostra que é possível esta integração. A pesquisa tem o conhecimento, se cria um processo de transferência de tecnologia, você cria e capacita uma rede de técnicos. Esta rede de técnicos cria e assiste uma rede de produtores e este resultado vai até o campo”, analisa o chefe de Transferência de Tecnologia da Embrapa Agrossilvipastoril.
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