Olhar Direto

Sábado, 27 de abril de 2024

Opinião

Nas eleições, mais vale ser rabo de jacaré do que cabeça de lagartixa

Algumas informações dos resultados das urnas de domingo próximo passado divulgados pelo TRE-MT estratificadas, permitem várias leituras políticas.
 
Foi a primeira eleição estadual sobre égide da lei eleitoral reformulada que definiu novas metodologias para as formações de chapas, pois fim as coligações e definiu linhas de cortes mínimas para se eleger individualmente e por média de votos nas disputas proporcionais.
 
Faremos uma comparação entre os resultados das eleições 2018 com os de 2022 para observarmos o que mudou nas eleições para Deputados Estaduais em Mato Grosso.
 
Para começar, em 2018, 16 siglas elegeram representantes na AL-MT, esse número caiu para  nove partidos nas últimas eleições: UB, MDB, PSB, PSD,PT, PSDB, CDD, PTB e PP. 
 
Em 2018, a maior bancada eleita em Mato Groso era do MDB, que conseguiu 3 vagas na AL-MT. Na disputa atual, 3 partidos conquistaram, cada um, 4 cadeiras no legislativo, ou seja, metade das 24 vagas em disputa: UB, PSB e MDB. 
 
Teve diminuição também no número de vagas conquistados pelos partidos através do  cálculo da  média eleitoral, chamado popularmente de sobras ou sobrinhas eleitorais.
 
De 12 eleitos pela média ou sobra no pleito passado o número caiu pela metade, elegendo apenas 6 deputados esse ano: Wilson Santos PSD, Avalone PSDB, Cláudio Paisagista PTB, Juca do Guaraná MDB,  Júlio Campos UB e Dr. Eugênio PSB.
 
Uma curiosidade é que dois deputados reeleitos praticamente fizeram sozinhos os seus quocientes eleitorais  batendo a casa de 70 e poucos mil votos: Janaína Riva, a campeã de votos e Max Russi, o Vice líder. 
 
A grande supresa eleitoral, ficou por conta do PTB, que  alcançou a média eleitoral para eleger um deputado. A sigla estava entre os 5 pequenos partidos da disputa que nas contas e nas pesquisas  eleitorais não elegeria  nenhum deputado.
 
Esse fenômeno, se deve a perfomance extraordinária  do candidato estreante eleito Cláudio Paisagista  que sustentou praticamente sozinho a média necessária para se eleger, obtendo  mais de 26 mil votos. 
 
Mesma sorte não teve o PODEMOS que alcançou quase o mesmo quociente eleitoral de mais de 70 mil votos na sua chapa bem formada, mas não conseguiu garantir nenhuma vaga na AL-MT, porque nenhum candidato, individualmente, alcançou  os 20% obrigatórios mínimos do quociente eleitoral para se eleger, algo em torno de 14 mil votos. 
 
O mais votado dessa sigla, Inspetor Adriano, conseguiu  11.496 votos tendo faltado  em torno de 3 mil votos  para conquistar uma cadeira na Assembleia. Por mais seguras que sejam as contas na montagem de chapas, a realidade das urnas sempre  podem frustar ou surpreender as expectativas. 
 
Outra curiosidade foi a quantidade individual de votos dos eleitos, pois nenhum dos 24 deputados se elegeram com menos de 20 mil votos. 
 
Temos como exemplo, o Dep. João Batista do SINDSPEN que conseguiu eleger-se na média com apenas 11.374 votos em 2018, enquanto outros 19 candidatos concorrentes tiveram votação maior nominalmente que ele.
 
Nessa mesma disputa, 5 deputados se elegeram com menos de 14 mil votos. Com a definição de um piso mínimo em 2022 que representa os 20% para se eleger, nenhum candidato  conseguiu entrar no parlamento com essa média eleitoral.
 
O próprio João Batista, concorreu a reeleição desse ano, repetiu a mesma votação anterior e ficou na quarta suplência do PP.
 
O sarrafo eleitoral esse ano ficou bem mais alto que nas outras eleições e teve por isso pouco espaço para aventureiros e novatos. A política se profissionalizou muito nessas últimas eleições.
 
 A distância no desempenho eleitoral entre os eleitos e não eleitos nessa última disputa diminuiu significativamente e apenas 4 candidatos não eleitos tiveram votações superiores a do Juca do Guaraná Filho que teve 20.723 votos e assumiu a última vaga pela média de votos.
 
Pelo menos 3 deles, Gilberto Figueredo UB, Damiani da TV PSDB e Delegado Claudiney PL estariam eleitos se tivessem escolhido outras siglas mais viáveis eleitoralmente. 
 
Por isso a importância de saber fazer as conta certas sobre seu tamanho eleitoral e dos demais membros da chapa.
 
As novas regras, entre outros motivos, também favoreceram os candidatos á reeleição  de uma maneira geral, prova disso foi a baixíssima renovação na AL-MT em Mato Grosso, que despencou dos 75% de renovação nas eleições passadas para apenas 6 na nova legislatura: Jucá do Guaraná, Diego Guimarães, Cláudio Paisagista, Beto 2x1, Julio Campos e Fábio Tardin.
 
Se considerarmos que Alan Kardec e Ulisses não foram à reeleição estadual,  a taxa de renovação é mais baixa ainda.
 
Para encerrar, fizemos algumas incursões sobre os resultados globais dos partidos e suas chapas.  Foram 320 nomes registrados no TRE-MT e 1.728,267 votos validos.
 
Desses totais, 11% de todas as nominatas de todos partidos ou 36 candidatos mais votados de 80 a 15 mil votos, obtiveram 63,50% dos votos válidos das eleições ou exatos 1.097.267.  
 
Na ordem descrescente, outros 30 nomes de votações menores entre 15 a 5 mil votos, obtiveram 16,41% dos votos ou 283.620. 
 
Entre os demais 224 candidatos concorrentes menos votados, abaixo de mil votos, 70% das nominatas, tiveram 20,09% dos votos, ou 347.185. 
 
As chapas que elegeram candidatos tiveram muitas cabeças, puxadores de votos, mas o corpo e o rabo ficaram atrofiados. Faltou o trabalho político de montar as chapas de maneira mais robusta e equilibrada. Prevaleceu o improviso dos partidos e a falta de trabalho partidário.
 
E fica o ensinamento, quem apostou em ficar concorrendo em chapas pequenas e médias de partidos, não souberam avaliar seu próprio tamanho eleitoral, ou não souberam escolher suas siglas, viraram cabeça de lagartixa das chapas, sem nenhuma viabilidade eleitoral diante das novas regras e quem soube escolher o lugar certo nas chapas mais fortes, tiveram maiores chances e até maiores recursos de campanha, viraram rabo de jacaré um bicho muito mais difícil de ser predado.
 

Suelme Fernandes
Historiador
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