Olhar Direto

Domingo, 28 de abril de 2024

Opinião

Médicos também adoecem

Mais do que homenagear, precisamos olhar com atenção para aqueles que são responsáveis diariamente pela saúde, manutenção da vida e bem-estar da população, neste dia 18 de outubro, Dia do Médico, vamos tratar do preocupante cenário apresentado pelo estudo inédito, conduzido pelo Research Center da Afya, que avaliou a saúde mental dos médicos brasileiros.

A pesquisa revela dados exclusivos acerca das percepções de hábitos de vida, estresse, adoecimento psicológico, relação com as instituições empregadoras e satisfação com a vida e o trabalho. Mas afinal, por que atualmente a classe médica tem sofrido tanto com esse tipo de problema?

Plantões exaustivos, carga horária intensa, pressões profissionais, situações de estresse extremo, privação do sono e o medo de falhar são algumas das causas de transtornos mentais entre os médicos. Todos esses fatores fazem surgir problemas como depressão, dependência química, ansiedade e síndrome de burnout entre os profissionais.

A pesquisa que deu origem ao estudo sobre o cenário da saúde mental do profissional de medicina foi realizada entre junho e julho deste ano e ouviu cerca de 3,5 mil participantes, de diversas especialidades. O estudo contou com a participação de médicos em diferentes momentos de sua carreira, desde os recém-formados até os mais experientes com décadas de atuação, compondo um amplo retrato da população médica brasileira, além de contemplar médicos generalistas, especialistas e em especialização.

O que é mais preocupante e alarmante na pesquisa é a saúde mental dos profissionais. Apenas 30,6% dos participantes nunca apresentaram sintomas de depressão. Para mais de um terço dos respondentes, os sintomas de depressão surgiram nos últimos 12 meses anteriores à pesquisa. Ainda mais prevalente são os sintomas ansiosos. Apenas 20,4% dos médicos nunca apresentaram sintomas. Quase 1 em cada 3 médicos apresenta sintomas de transtornos de ansiedade, mas não mantém acompanhamento com ajuda especializada.

Quando o foco é o esgotamento profissional, o cenário não é menos preocupante. Mais de 66% dos médicos tiveram sintomas de burnout, mas ainda não buscaram ajuda. O fator que foi relatado como maior motivo pelos participantes aos sintomas de burnout foi o número excessivo de horas de trabalho, seguido de salários insuficientes e falta de realização profissional.

De acordo com o estudo, a maioria dos médicos não possui um estilo de vida que leve a uma saúde melhor. A maior parte dos médicos participantes não tem um boa noite de sono, por exemplo, sendo que apenas 35% afirmaram dormir entre 6 e 8 horas de sono. Quando questionados acerca da prática de atividade física, a maioria, 70,7%, pode ser considerada sedentária tendo uma prática de atividade física irregular ou ausente em sua rotina.

O nível de estresse também foi avaliado na pesquisa e os participantes atribuem a carga de estresse ao descontentamento com o sistema de saúde e às condições de trabalho, seguidos da elevada demanda e poucas recompensas profissionais. Para 57% dos entrevistados, o nível de estresse impacta no desempenho no trabalho.

O estudo deixa claro que é preciso dar mais atenção à saúde daqueles que estão 24 horas prontos a salvar vidas e que apesar de carregarem o estigma de heróis também merecem atenção e cuidados.


Dr. Altino José de Souza é presidente do Sindicato dos Estabelecimentos de Serviços de Saúde do Estado de Mato Grosso (Sindessmat)
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