Olhar Direto

Sábado, 27 de abril de 2024

Opinião

Um manifesto em defesa dos músicos

Aproveito este espaço para fazer um manifesto, bem opinião mesmo. Nestes últimos dias tenho conversado com alguns músicos sensacionais que farão parte de um importante projeto e o discurso é o mesmo: não consigo viver só da música, tenho que trabalhar em outras áreas para não desistir de fazer o que eu amo. Tocar e cantar.

Isso me deixou muito triste e de certa maneira, indignada. Ainda no século em que vivemos, onde vivenciamos muitas mudanças sociais e culturais, a situação desse profissional artista é muito desvalorizada. O que persiste é um velho pré-conceito de que quem é músico é porque não tem profissão.

O duro é ver que muitas pessoas agem reforçando essas ideias. É comum encontrarmos os músicos ali em um cantinho, quase esquecido como uma decoração da mesa. Mas a questão é que o trabalho desse profissional está dando um brilho ao ambiente, levantando astral. Afinal, é muito bom ouvir uma música, não é mesmo?! É outra vibe, como dizem os jovens.

Muito se deve ao próprio tratamento que damos, uma vez que o que mantém o cotidiano e alegria do dia a dia são os cantores que estão nas ruas, bares e casas noturnas. É um absurdo saber que um profissional que toca ou canta durante 3 horas seguidas chega a ganhar R$ 300 na região. Imagina cantar ou tocar por três horas!

Uma tentativa para valorizar estes profissionais foi o couvert artístico, uma alternativa criada para que os músicos levassem público aonde fossem tocar, porque quanto mais gente, mais ele ganha, e como consequência o proprietário também. Mas, vendo que os músicos passaram a receber mais, o egoísmo bateu à porta, e o couvert deixou de existir como tal na maioria dos estabelecimentos. Graças à ganância de muitos empreendedores, o benefício merecido passou a ser mais uma forma de ganhar dinheiro, mas, infelizmente, só para o dono

Acredito que o primeiro passo seja uma mudança em nós, em cada um. Reconheça, valorize e divulgue os cantores, seja pelo simples ato de saber o nome ou pagando devidamente. Não é porque ele está com um instrumento e gosta de cantar que pode parar uma ou duas horas do dia para servir de entretenimento de graça. Ali tem um trabalho tão importante quanto o seu, e deve ser tratado como um profissional.

A segunda mudança deve vir dos proprietários dos bares e restaurantes. Impedir que o outro profissional que trabalha pelo bem do seu negócio cresça é uma ingenuidade. A construção se faz em conjunto. Quantas pessoas vão a um local porque gostaram da música? Investir nesse profissional, e acima de tudo pessoa, é reconhecer que não há crescimento se todos os envolvidos trabalharem por uma causa.


Sonia Mazetto, Produtora Cultural e Regente do Coral Mato Grosso.
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