Olhar Direto

Sábado, 27 de abril de 2024

Opinião

A visita de Lula a Portugal

O encontro de hoje em Lisboa de Lula da Silva com Marcelo Rebelo de Sousa, presidente de Portugal, tem dois aspectos. O primeiro é o aspecto diplomático. O presidente de Portugal (em Portugal o Chefe de Estado não é o Chefe do Governo) vai receber o que ainda é, oficialmente, o presidente eleito do Brasil. 
 
Ora, Portugal tem grande interesse nas relações com o Brasil, não só porque o Brasil já é uma grande potência econômica, mas também porque a política externa, fora da União Europeia, de Portugal assenta na CPLP - Comunidade dos países de língua portuguesa (as suas ex-colónias). O segundo aspecto é mais de caráter pessoal. O Presidente Marcelo é um homem extraordinariamente inteligente com um notável curriculum político e jornalístico. 
 
Vem frequentemente ao Rio de Janeiro, onde tem família e conhece muito bem a política brasileira. Sabe certamente do desastre que se anuncia para a economia do Brasil e sabe muito bem o que foram os governos do PT em termos de corrupção e desastre econômico. 
 
Então os interesses portugueses, de qualquer Governo português, são de aumentar a sua influência no Governo do Brasil, de aproximar as suas políticas externas e, assim, cavalgar a sua "influência" diplomática no "país irmão". Enquanto Presidente da República não podia deixar de parabenizar Lula pela "vitória". 
 
Já o Chefe do Governo Português António Costa apoiou a candidatura de Lula da Silva porque os socialistas fazem parte da Internacional Socialista, organização internacional, social-democrata, que tem o PT como parceiro no Brasil. Apoiou o colega candidato. Mas apoia com convicção. O Partido Socialista Português e o PT têm as mesmas convicções, até na corrupção. 
É claro que Portugal é muito pequeno para se comparar ao Brasil, mas ocupar o aparelho de estado para a apropriação privada de bens públicos, está no DNA dos dois partidos. 
 
Por outro lado, o Acordo entre a União Europeia e o Mercosul foi muito impulsionado por Portugal. Se, com um hipotético Governo de Lula, conseguir assinar o acordo, será uma grande vitória para o Primeiro-Ministro António Costa que ambiciona um cargo na União Europeia depois de completar, dentro de dois anos, dois mandatos como chefe do Governo Português. 
 
A hipocrisia é de tal ordem que recentemente António Costa afirmava sentir "saudade das relações de proximidade com o Brasil". Nada mais falso e ridículo. Portugal e Brasil, nem durante as respetivas ditaduras, tiveram relações de proximidade. 
 
Ao que dizem nos meios diplomáticos a "Presidenta" Dilma reuniu-se com Marcelo Rebelo de Sousa e começou por tentar falar espanhol! Santa relação de proximidade com tanta ignorância. No Itamarati ninguém disse à "Presidenta" que em Portugal se fala Português?
 

Artur Lami - ex-diretor-geral das Atividades Econômicas do Ministério da Economia de Portugal e consultor da Comissão de Relações Internacionais, Desenvolvimento e Aperfeiçoamento Institucional da Assembleia Legislativa de Mato Grosso*
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