Olhar Direto

Sábado, 27 de abril de 2024

Opinião

A morte da moralidade

Entro no hotel, "Bom dia", "Um quarto", "Com o cartão de crédito", "Obrigado", Pronto, já havia me hospedado neste hotel antes e conheço os banheiros. Sou extremamente perigoso e pretendo cometer o meu primeiro assassinato. Abro a porta e jogo a mala no chão. Não tem nada nela além de uma corda amarela. Pego a minha caneta tinteiro e sinto o cheiro da tinta pela última vez, talvez o último dos meus prazeres, escrevo uma carta.

Por muito tempo planejei fazer isso, foi uma fantasia diária tão repetida que conheço todos os meus movimentos de cor. Faço um nó na corda, gosto de laços e cuidei para que a corda fizesse oito voltas nela mesma. Dentro do banheiro existe uma válvula alta e é bastante forte, prendo a corda lá e coloco o laço no meu pescoço. Eu não poderia fazer isso em casa, não poderia dar este tipo de desgosto à família.

Quem morre hoje é apenas um corpo, aquele que usei desde o nascimento, mas que sempre compreendi não ser eu; nunca consegui entender se realmente estava vivo. Talvez o espelho não seja o local correto para encontrar o ser humano; Talvez existam raízes mais profundas e sentidos mais amplos; Emoções significantes e um preenchimento não visível, mas sem o qual não se poderia viver.

Quando a alma e a moralidade são corrompidas, o que restará do ser humano além de um amontoado de carne? O tovarish professor de ciências ateias na faculdade de Moscou não teria a resposta, pois ele recusou a humanidade e vive de acordo com a função social que o partido o designou.

Mas uma criança pura poderia ter um pensamento filosófico bastante simples: o indivíduo é um elo de uma enorme corrente que navega há milhares de anos e está amarrada aos pilares da cultura, dos valores, do amor, na percepção de um poder mais elevado que o ser humano; Ela sabe que a matéria é efêmera, mas que os seus atos devem servir para entregar um mundo melhor para as futuras gerações, ela compreende a grandiosidade daquilo que lhe foi entregue pelos seus avós.

Quem mata e quem morre quando a família não mais existir? Quando se luta para cumprir objetivos insignificantes; Quando lhe ensinam que o caminho da felicidade é recusar verdades há muito tempo sabidas; Quando a mulher não souber mais qual o papel dela e o homem se encontrar completamente abandonado; Quando os filhos não tiverem mais pais, mas reprodutores; Quando não existir mais sacrifícios e apenas facilidades...

Quando o vazio tomar conta da vida e apenas existirmos como exoesqueletos; Quando os direitos naturais acabarem; Quando o homem recusar a humanidade e se comportar com um robô programado; Quando a pluralidade matar o singular; Quando a segurança vencer a liberdade; Quando os prazeres fáceis esmagarem aquilo que sustenta o indivíduo; Quando todos os princípios forem corrompidos por se adequarem a situações do momento; Quando a integridade for apenas uma palavra e a verdade for relativa; Então o laço amarelo enfeitará o pescoço de todos.


Lousdembergue Rondon é jornalista. 
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