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Segunda-feira, 29 de abril de 2024

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Café filosófico: A melancolia é a doença do corpo e uma disposição da alma

Arquivo Pessoal

" A melancolia é a doença do corpo e uma disposição da alma"- afirmava Verlaine em meados do século XIX em pleno movimento decadente, ou para muitos, simbolista. Contudo, o que vem a ser a melancolia como símbolo e não meramente um conceito?

Para compreender melhor esse conceito literário, vamos diretamente ao autor em questão : Paul Verlaine.

A vida e obra do escritor são marcadas como símbolo da dissidência não só moral mas também social. Adepto da vida boêmia e impregnado pelo alcoolismo, Verlaine parte juntamente com Rimbaud - amante e poeta- em busca do desconhecido, do indizível e do inaudível; ele tenta com desespero unir dentro desta vida agitada o bem e o mal.

Além de possuir uma sensibilidade particular sobre o mundo, uma espécie de porosidade passiva, Verlaine deixa ser desenhado através de paisagens interiores que formam o cenário tão estranho de sua poesia.

Influenciado por outros poetas também considerados "malditos", como Mallarmé e Baudelaire com suas flores do mal de 1858, Verlaine publica em 1866 um conjunto de poemas denominado "Poèmes Saturniens".

Neste livro em especifico, o poeta invoca a melancolia através da natureza fria de Saturno, tentando expressar com símbolos a sensualidade, a ternura e principalmente o estado melancólico.

"Mon rêve familier" é um dos poemas que está nesta coletânea. A exemplo do que foi dito. Esse poema cria como cenário uma paisagem triste, onde há um amor perdido de uma mulher ideal, que para Schopenhauer nada mais é do que fatalidade.

Em resumo, recomendo a leitura da obra para entender melhor essa belíssima estética da literatura francesa e parafraseando Verlaine (...) eu freqüentemente tenho esse sonho estranho e penetrante de uma mulher que me ama e que eu a amo. Seu ohar é similar ao olhar das estatuas, e a sua voz, longe e calma, e grave, tenho a inflexão das vozes queridas que foram mortas.

*Jefferson Almeida é professor de línguas estrangeiras, estudante de letras da UFMT e membro do grupo de pesquisa “História do português brasileiro” da USP/UFMT. É amante de literatura, têm 24 anos e fala seis línguas.



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