Olhar Conceito

Segunda-feira, 29 de abril de 2024

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Qual é o valor da amizade para você? Será que realmente podemos entender este sentimento?

Arquivo Pessoal

Nietzsche aconselhava-nos em sua clássica obra “Assim falou Zaratustra”: “Meus irmãos, eu não vos aconselho o amor ao próximo; aconselho-vos o amor ao mais afastado.” Diante desta máxima, indago-me acerca da condição do amar ao próximo, pois desde o período pós-guerra mundial as pessoas tornaram-se mais egocêntricas e principalmente capitalistas mergulhadas em um pensamento neoliberal que jugam ser pós-moderno.

Primeiramente, levanto a questão sobre o que vem a ser moderno, será que todos os apetrechos tecnológicos também modernizaram o conceito de amizade? A resposta parece obvia, mas é preocupante, pois perdemos o respeito pelo outro.

Quando Nietzsche declara o amor ao mais afastado, ele se baseia nos conceitos etimológicos onde o mais longe é aquele que está no SOLUS, ou seja, SOLITAS, na solidão, e que o conceito de amizade é derivado de amor, aquele seria expressar o amor ao próximo sem temer julgamentos, seria também o mesmo conceito de família e de amor, pois FAMILIA e os FAMULI são todos aqueles que se adentram ao grupo doméstico e AMOR, deriva-se de uma “família” indo-europeia que seria o étimo para a construção da palavra MÃE.

Já o respeito que é aquilo que visamos em quaisquer momentos da nossa existência nada mais é do que o particípio passado de RESPICERE, “olhar outra vez” denotando a necessidade explicita de olhar (SPECERE) pela segunda vez.

Quando nos deparamos com sentimentos recíprocos (?) como o amor e amizade, não deixemos que o sentimento do absurdo da existência humana individual se confrontea uma realidade monstruosa, pois a amizade nasce não de uma essência abstrata do homem, mas de sua realidade existencialista , de sua solidão, de sua dificuldade de comunicar com outreme de sua impotência perante a sociedade.

Viva a solidão da literatura americana, siga os preceitos Kafkianos, ouça o jazz das ruas de Saint-Germain, faça culto deste absurdo, quem sabe só assim, você poderá entender que amar o próximo não é válido, pois este estará vestido com a sua máscara. Ame e respeito o longínquo, pois este sim está desprovido de qualquer enlace que o prenda a sua outra face, a face que, às vezes, nem você conhece.

*Jefferson Almeida é professor de línguas estrangeiras, estudante de letras da UFMT e membro do grupo de pesquisa “História do português brasileiro” da USP/UFMT. É amante de literatura, têm 24 anos e fala seis línguas.



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